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IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4]

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Resgate
Mr. Black
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Mensagem por Mr. Black Dom Abr 19, 2009 12:09 pm

Quando "O Destino de Izolda" foi publicado, uma personagem havia sido criada especialmente para uma jovem que, quis o destino, se tornasse minha esposa quase 2 anos depois, se eu não estiver enganado. Ela é a nossa amada administradora do fórum, conhecida pela maioria apenas como "Vampira". A personagem, na história, era a Rainha do reino de Flanória, lar dos Fênix do mundo de Áurius, ela foi a mestra de Black Buster Blaze quando ele se libertou da escravidão e também esteve presente da saga "Izolda Forbidden Memoirs" publicada depois. O nome da personagem era Bhatra Vampétia. Nome estranho? Nem tanto. Na verdade o nome é um anagrama da fusão dos nomes Vampira e Tebhata, que é o nome real da minha esposa. (Sim, contei tudo! kkkkk) Ela gostou tanto da personagem que me deu e me dá muitas idéias para a fic desde então. Posso dizer que, de certa forma, essa personagem foi uma espécie de "cupido" para a nossa aproximação e é, por isso, uma personagem muito querida para mim.

Depois de tantos tempo, eu muitas vezes pensei em reformular Izolda, assim como ela pensa em fazer com Naire, mas não posso fazer isso por vários motivos. Alguns deles é por respeito a companheiros do fórum que criaram personagens especialmente para a fic, e outro motivo é de ordem pessoal e tem haver com a estrutura montada para a saga, a guerra de Áurius tem para mim um propósito que é a busca de um desenvolvimento sustentável para um mundo. De um lado temos uma raça supertecnológica, mas com um capitalismo extremamente selvagem e agressivo, e de outro temos uma raça antiga e que preserva seu estilo inteiramente voltado para a natureza, ambos os lados tem prós e contras e cada um tem o seu "certo" dentro de sua educação e filosofia de vida. E no fim, guerra é apenas guerra, o que causa grande dor e sofrimento. Uma guerra que modifica comportamentos, que transforma pessoas, e que faz com que se pense a direção em que um mundo, seja qual for, está caminhando.

Só que, nós que escrevemos mudamos. Mudamos por causa dos rumos de nossas vidas (Que aliás, no meu caso mudou muita coisa no período, questão de emprego e família que alguns membros sabem.) E no que a gente muda, muita coisa que planejamos muda também e passamos ver as coisas de outra forma. Daí surge o problema: como continuar? Você tem uma idéia, tem o rumo e tem os personagens, mas as coisas mudaram... O que fazer? A única certeza é que, quem gosta de escrever, desenhar, jogar bola, dançar, não vai deixar de fazer essas coisas e vai fazê-las sempre que puder. Comigo é a mesma coisa. Nisso não tenho como mudar, porque adoro isso e sei que os companheiros que escrevem fics são assim também. Este foi o desafio e o motivo pelo qual a série anda devagar. Ainda houve o problema com o meu HD e perdi grande parte do trabalho, mas a notícia boa é que acho que vou conseguir recuperar os dados que perdi, ou pelo menos grande parte dele com os testes que andei fazendo o que vai me permitir tentar voltar ao que pensei originalmente, só que um pouco mais tarde.

Então, sem mais delongas, vou apresentar a partir de semana que vem a história da nova personagem da fic, agora de forma definitiva, que vai servir como elo de ligação que faltava para fazer a trama voltar a se movimentar. Então, tá marcado aí: a partir do dia 26 de abril

IZOLDA, OLHOS DE JADE



*Ministério da saúde adverte: essa publicação só acontecerá se a internet no dia não cair.


Última edição por Mr. Black em Dom Jun 14, 2009 3:27 pm, editado 9 vez(es)
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Mensagem por Resgate Dom Abr 19, 2009 2:56 pm

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers
Finalmente grande Black!!! Tava mais do que na hora do seu aguardado retorno!!
Vou ficar contando as horas até poder ler novamente seus textos mermão!!
Agora sim fiquei feliz!
Valeu mesmo e um abração mano!
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Mensagem por Vampira Dom Abr 19, 2009 4:15 pm

*soltando fogos de artifício* UHUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!! cheers lol!

FInalmente *_* minha personagem linda... a qual cada dia venho adorando mais vai aparecer... assim como outras que ainda vão "estrear" no momento Very Happy Very Happy Very Happy Very Happy

E sim... u.u Essa é a menina dos nossos olhos!!!!



PS: nada como uma pressão em casa u.u Laughing Laughing

Te amo meu lindo!!!!

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Mensagem por Resgate Dom Abr 19, 2009 4:25 pm

é isso ae!!!
Tem que botar prá lavar louça, limpar casa, passar roupa e só um pão duro antes de dormir até ele voltar a escrever!!!
É assim que se faz!!!
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Mensagem por Vampira Dom Abr 19, 2009 4:31 pm

hahahahaha Isso mesmo u.u

Até ele tomar vergonha na cara u.u Laughing Laughing
Aonde já se viu? Mad Laughing

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Mensagem por Mr. Black Sex Abr 24, 2009 7:44 pm

Resgate escreveu:AAAAAAAAAAAAAAAAAAAEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers cheers
Finalmente grande Black!!! Tava mais do que na hora do seu aguardado retorno!!
Vou ficar contando as horas até poder ler novamente seus textos mermão!!
Agora sim fiquei feliz!
Valeu mesmo e um abração mano!
Agora, temos que fazer um movimento é para a nossa querida VAMPIRA voltar a escrever. Eu estou cumprindo minha parte, agora tô passando a lanterna do campeonato pra ela. kkkkkkk Laughing Laughing Laughing
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Mensagem por Vampira Sex Abr 24, 2009 8:30 pm

Er... vc quer mesmo eu escrevendo? isso é facil... publicando é q é o problema! Agora... vc levou UM ano para escrever e publicar isso
ainda to no meu direito Laughing

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Mensagem por Resgate Sex Abr 24, 2009 8:54 pm

agora o casal troca... Black, pega o chicote e faz a vampira ajoelhar prá falar com vc...



Ela vai ter que ajoelhar mesmo já que vc vai estar debaixo da cama né? hahahahaha


Piadas à parte v~e se vcs param de enrolação e começam a escrever E publicar viu?
Senão...
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Hã... eu vou ficar de mau... pronto falei... Twisted Evil
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Mensagem por Mr. Black Dom Abr 26, 2009 10:14 am

Resgate escreveu:agora o casal troca... Black, pega o chicote e faz a vampira ajoelhar prá falar com vc...



Ela vai ter que ajoelhar mesmo já que vc vai estar debaixo da cama né? hahahahaha


Piadas à parte v~e se vcs param de enrolação e começam a escrever E publicar viu?
Senão...
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Senão...
Hã... eu vou ficar de mau... pronto falei... Twisted Evil
Promessa é dívida.
Não se preocupe, o capítulo vem logo a seguir.

E antes da publicação.
Resgate, meu agradecimento especial pra ti, meu amigo! Valeu por sempre estar apoiando a pasta de fic e os companheiros que escrevem deste fórum.

Abração. Very Happy Very Happy Very Happy
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Mensagem por Resgate Dom Abr 26, 2009 10:23 am

Tô no aguardo Black... e Vc sabe o quanto eu acho legal ver os textos de gente talentosa como vc e a Vampira...
Agora deixa de enrolação e posta logo a história! Laughing
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Mensagem por Mr. Black Dom Abr 26, 2009 10:37 am

IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Izoldadofogocpia

A Lenda da Izolda do Fogo
Episódio 1 – Fruta proibida



O vento tocava a poeira do vale de Bhudur. O pó subia e se misturava com a poeira produzida pelas dezenas de cavalos de um exército de homens que, perfilados, aguardavam a revista. Era uma época de crise, uma guerra de proporções mundiais era anunciada aos quatro cantos do planeta, todos ali estavam prontos para uma grande batalha, uma batalha que seria sucedida por muitas outras e sem previsão para um fim. Os homens estavam sérios, sabiam da gravidade da situação e sabiam que os tempos dali em diante seriam duros para todos.

_ Apresentar armas! – gritou o capitão.

Os cavaleiros postaram suas lanças enristes e aguardaram a chegada do rei Brafma do reino de Tabulla que vinha em seu corcel cor de vinho.

_ Homens, estamos aqui a pedido dos confidentes do rei de Bhudur. O reino foi traído por aqueles que se disseram nossos amigos, os tais visitantes vindos do outro mundo. – o rei continuava sua caminhada. – Contamos aqui com a presença de dois amigos do reino de Kimsley e Vedha. O ranger Falcon e seu amigo, o mago Morlun. Eles vieram a pedido do grande Morvan Kimsley para verificar o que estava havendo. O que ouvirão agora é o relato do fato que tanto me chocou e agora dividirei com todos vocês.

_ Companheiros, infelizmente as notícias não são boas. – iniciou o relato para os homens o ranger. – Eu, com todo o conhecimento que tenho, posso dizer que o rei Khamar e a rainha Amara não existem mais.

_ Como assim? – protestaram alguns homens – Mas todos viram eles ontem na janela de seu castelo acenando para as pessoas, como não existem mais?

_ Amigos, sou um mago necromante! – toma a palavra Morlun. – Posso afirmar com certeza que nossos amigos foram substituídos. Estive com eles e tenho certeza que não são o rei Khamar e a rainha Amara que conhecemos. Ao que parece os invasores tem uma técnica especial de marionetes. Eles falam, agem como rei e rainha, mas não são eles. Não tem os conhecimentos passados que eles tinham e nem noção da própria história. Eu acredito que eles foram mortos ou estão capturados.

_ Como poderemos salvar nossos monarcas? – pergunta um dos soldados guerreiros.

_ Não sabemos ainda. – responde o rei Brafma. – O que sabemos é que temos que evitar que estes invasores que se intitulam nossos amigos usem da influência de nossos aliados monarcas para se instalar de forma maliciosa e perigosa entre nós. Temos que combater este risco já e com toda a força que temos! Estão prontos para lutar junto com o exército de Tabulla, filhos de Bhudur?

_ Estamos! Lutaremos por nosso rei! – gritaram univocamente os homens erguendo suas lanças.

_ Partiremos agora mesmo e marcharemos pela campina leste, vamos nos instalar na região montanhosa próxima a estrada principal que leva ao castelo de Bhudur. Aconselho a todos a se prepararem para uma luta difícil. Os inimigos possuem armas estranhas e para a proteção de cada um mantenham seus escudos altos e a guarda fechada.

_ Marchem! – ordenou o rei.

Os cavaleiros seguiram adiante e o rei, um pouco mais atrás, acompanhou Morlun e Falcon.

_ Falcon, você conhece algo sobre nossos inimigos?

_ Nada. Apenas que eles têm uma tecnologia que nunca vimos antes, isso pode ser perigoso porque não estamos acostumados a enfrentar um adversário deste nível.

_ Então... – o rei coça a barba e olha para frente. – Vamos enviar um mensageiro ao reino de Flanória, se os fênix viessem seriam de grande ajuda numa batalha às cegas para nós como esta.

_ Acho uma boa idéia, mas a raça dos fênix é um tanto arredia quando o assunto é a humanidade, apesar de fazerem parte do pacto do Santo Martírio elas preferem não se envolver diretamente.

_ Ainda assim é importante que ouçam nosso chamado e vejam o que podem fazer por nós. – o rei apontou sua espada em direção aos soldados e grita. – Uhurion!

Neste instante um guerreiro forte e alto como um carvalho que usava uma armadura verde água dá meia volta com o cavalo e vai ter com o rei.

_ Sim, meu rei!

_ Você foi criado em uma vila ao pé do monte Kannon onde se localiza o reino de Flanória, não é?

_ Sim senhor, meu rei!

_ Conhece a raça dos fênix.

_ Sim senhor. Eu inclusive cresci e recebi minha educação sendo pajem da própria imperatriz Bhatra Vampétia.

O rei olha para Morlun e Falcon.

_ Uhurion é um guerreiro muito forte e sabe como conversar com os fênix. Com certeza é a pessoa ideal para enviar a nossa mensagem para eles e pedir ajuda. Ele é um guerreiro forte, honrado e muito fiel à coroa. É um companheiro capaz de dar a vida pelos outros sem pestanejar. Sei que ele só não voltará com a mensagem se acontecer algum desastre e ele acabar morto.

O grande homem desce do cavalo. Uhurion era um homem de cerca de trinta anos de idade, cabelos cor de caramelo, olhos castanhos. Sua altura ultrapassava facilmente os dois metros e o corpo robusto e forte impunhava respeito. Se não fosse sua pele queimada pelo sol e a cor de seus cabelos, pelo porte físico lembraria os invasores do outro mundo.

O rei entregou a ele a carta escrita pelo próprio pulso ali mesmo, ele lacrou a mesma com cera, identificou o lacre com desenho de seu anel e a entregou a epístola ao seu guerreiro. Este faz a saudação aos amigos e parte em disparada em seu cavalo para o reino de Tabulla, seu lar. Chegando lá troca seu cavalo para um corcel-tempestade, uma espécie de cavalo com patas felpudas que corre a uma velocidade tão grande que o atrito de seus cascos com a terra geram pequenos relâmpagos. De posse de tão veloz animal, que em solo alcançava facilmente os duzentos quilômetros por hora, em poucas horas Uhurion está aos pés do monte Kânon, na fronteira de seu reino com o reino de Flanória. Lá deixa seu fiel corcel e inicia uma longa e perigosa jornada a pé. Apenas os animais de Flanória podem seguir a partir dali, é uma regra que existe há muito tempo e nenhum humano da vila ousa desobedecer.

O monte Kânon é na verdade um grande Vulcão que sempre está em atividade, é uma das montanhas mais altas do planeta e o seu cume está a mais de dezesseis mil metros de altitude. A subida é difícil. A trilha é cheia de neve devida as baixas temperaturas e longas pontes estreitas de pedras foram construídas para os viajantes onde rios de lava descem. Água para beber, apenas os filetes de gelo derretido pelo choque térmico do calor do vulcão e das baixas temperaturas da altura do lugar. Poucos humanos se arriscam ir a Flanória por causa do extremo esforço físico que exige. É como se fosse uma prova de fidelidade para a raça dos fênix, orgulhosos, eles exigem que apenas quem é digno seja capaz de visitá-los. Uhurion lembra da primeira vez que subiu com os pais o monte Kânon, ele tinha apenas oito anos de idade na época. A caminhada levou três dias subido e cortando desfiladeiros. Hoje, como adulto, precisa fazer isso com no máximo a metade do tempo. Ele não pensa em parar e nem dormir, mesmo sabendo que cruzar o monte a noite é perigoso.

A noite chega. Chacais das sombras observam o guerreiro. Traiçoeiros como são preferem atacar crianças ou vítimas de aparência mais frágil. O guerreiro anda com seus passos firmes enquanto os animais grunhem mostrando sua fome, mas não o atacam. Alguns destes cães descem até o guerreiro e caminham ao lado dele a ponto de chegarem até a cheirar suas botas. Mas Uhurion segue firme como nem se importasse, chacais das sombras não é nada perto de um guerreiro como ele. Os animais traiçoeiros sentem isso, que a morte está mais perto delas do que dele e depois de muito uivarem e grunhirem furiosos o deixam em paz. A caminhada continua na alvorada. Ele não pára até o sol atingir o meio do céu. E seu esforço é recompensado. Banhado de ouro e rios de lava está a cidade capital dos Fênix, Flanória.

_ Seja bem vindo peregrino! – Saúda uma moça de vestido cor de ouro que brincava com borboletas produzidas com as chamas.

_ Olá milady Kallima!

_ Você me conhece? Não me lembro de você!

_ Era mais jovem quando saí daqui, tinha apenas dezesseis anos. Estudei com você, você minha professora de alquimia. Eu sou Uhurion.

A jovem arregala os olhos.

_ Uhurion! Nossa! Como está diferente! Da última vez era um moleque magro e espetado feito um bambu!

_ Hu, hu, hu, hu! O tempo funciona de maneira diferente quando se é um humano. Para vocês que são seculares é difícil se lembrarem da gente por causa deste efeito.

_ Eu me lembro de você sim, só está diferente! – a fênix estica a mão oferecendo ao viajante. – Venha, deve estar com fome! Vai ficar aqui comigo para aprender mais coisas sobre a arte da alquimia?

_ Infelizmente não, estou procurando Milady Bhatra. Meu assunto requer urgência!

_ Ela está no platô, na parte mais alta de nossas escadarias onde está o cume do vulcão. Ela tem ficado lá muitas vezes e durante o dia todo. Venha, se alimente um pouco, depois o levarei lá.

_ Eu me alimento quando voltar, preciso me encontrar realmente com ela urgentemente!

_ Tudo bem então, você conhece o caminho?

_ Sim, não se preocupe, eu irei até lá!

Uhurion saudou a fênix Kallima e foi até as escadarias que sobem até o platô. Não era um lugar perto, era mais três quilômetros e meio de caminhada. O platô era um lugar sagrado e deserto para as fênix, ao chegar no local estava exausto por causa do calor, mas ainda assim cumpriu as formalidades de etiqueta que aprendera. Tirou seus sapatos, ajoelhou-se nas pedras quentes e dobrou-se de rosto para o chão. A rainha olhou para ele e depois voltou a olhar para o vulcão novamente como se ele nem estivesse ali.

_ Peço permissão para dirigir a palavra à grandiosa Bhatra Vampétia, soberana dos Fênix. Eu aguardarei quando estiver disposta a me atender.

A rainha novamente olhou para ele e depois voltou a olhar para o vulcão como se nada tivesse acontecendo e assim ficou. Ele ajoelhado com as mãos no solo e ela ali, com olhos perdidos. Os joelhos do homem fritavam na pedra, assim como suas mãos... A dor era grande, o tempo passava e nada dela voltar seu olhar ou qualquer coisa. Se passaram cerca de duas horas até que ela novamente olha para o homem e finalmente pergunta:

_ Quem é você?

_ Sou Uhurion do reino de Tabulla. Fui seu pajem aqui em Flanória quando tinha dez anos.

_ Levante-se.

Ele obedece. O lado do seu rosto estava com queimaduras do lado esquerdo da face devido a manter o rosto no solo, suas mãos e seus joelhos também estavam queimados. Uhurion começou a suar assim que se levantou por causa de uma repentina febre devido ao esforço, mas ele tinha que se manter firme, tinha uma missão do rei e precisava cumpri-la.

_ O que quer de mim, Uhurion?

_ Trago uma mensagem do meu rei, precisamos de ajuda em Bhudur, ao que parece aquele reino está em estado de guerra devido a presença inconveniente dos visitantes do outro mundo.

_ E o que eu tenho haver com isso?

_ A tecnologia dos visitantes é diferente de tudo o que já conhecemos. Ela é diferente a tal ponto que substituíram o rei Kamar e a rainha Amara com um processo de necromancia que nem o grande mago Morlun conhece como é feito. O rei pede que se possível seja enviado um de seus guerreiros para nos ajudar, pois não sabemos o que iremos enfrentar.

_ Pedido indeferido. – respondeu a rainha de forma seca. – Temos um pacto com os visitantes de não importuná-los durante quatro anos. A raça fênix sempre cumpre seus tratados. Pode ir embora e avise ao seu rei que o recado dele foi dado.

Uhurion cambalente e triste e começa a caminhar indo embora. Mas de súbito ele volta-se para a imperatriz e diz:

_ Você está diferente. Não é a rainha que conheci... Dizem que os fênix não mudam, que os anos passam e vocês são os mesmos, mas de nós dois quem não mudou fui eu. Apesar de velho e grande, ainda sou aquele mesmo pajem que cuidava de suas coisas e era educado por você.

Bhatra morde o lábio inferior e abaixa a cabeça.

_ Eu... Ainda sou a mesma! Desculpe-me se fui rude.

_ A raça humana é volúvel, nosso comportamento muda com facilidade, mas vocês só mudam se algo de grave acontece. O que você viu minha rainha? O que te aborrece?

_ Eu vi o futuro, vi nosso povo sofrendo em uma longa guerra que se estenderá por anos... Não sei o que fazer! Sou uma rainha sem um rei, me sinto desamparada neste momento e só. Sempre fui altiva e forte, mas neste momento tenho medo, tenho solidão, tenho frio... E não posso revelar isso a ninguém, pois, como rainha, eu preciso ser a mais forte, a mais decidida, a mais perfeita!

_ Precisa contar suas mágoas a alguém, minha rainha. Não pode carregar este fardo sozinha!

Bhatra sorri e caminha em direção ao grande guerreiro. Olha para os olhos dele e toca sua face.

_ Você cresceu. Não é mais o menino que vivia aqui comigo. É grande, é forte!... – neste instante ela percebe que o homem está com febre, está queimado, ferido e cansado. – Perdão, realmente não sou a rainha que conheceu por te tratar assim.

Bhatra faz com que Uhurion se sente ao lado do platô e o abraça. O abraço da fênix para ele é como se fosse o transporte para um lugar de clima ameno. Sua dor de cabeça passa e as queimaduras vão desaparecendo.

_ Tão frágeis e tão interessantes e belos. Vocês da raça humana são lindos. Alguns cruéis, alguns covardes, alguns assassinos, alguns médicos, alguns corajosos, alguns bondosos... Tudo em vocês é tão rápido! Tudo em vocês é arrebatador!

_ Eu sempre gostei muito de você, minha rainha! Sempre tive orgulho de ser seu pajem.

A rainha olha para os olhos de Uhurion e o abraça como uma criança com frio.

_ Por favor! Tire este medo de mim! Me ajude a achar um motivo para encarar o que vejo no futuro... Uma guerra tão violenta que nem os imortais sobreviverão! Vi tanta gente morta. Amigos que durante séculos estavam ao meu lado... Vão desaparecer!

_ Eu... Não sei se tenho este poder! – disse o grande guerreiro abraçando a rainha com força. – O que sei é que entre nós humanos, o que impele cada um seguir sempre em frente, mesmo sabendo que tudo pode dar errado e a morte sendo certa é o amor que temos pelas pessoas que nos são especiais.

_ Você seria capaz de me amar? Tornar-me especial?

_ Você sempre foi especial pra mim!

E neste instante, a poderosa rainha dos fênix beija o guerreiro humano com todas as suas forças e o ama envolvido em uma leve chama azul.

Próximo Episódio: dia 03 de maio de 2009
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Mensagem por Vampira Dom Abr 26, 2009 10:51 am

UHUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUuu!!! Já li, mas já comento!!!! FINALMENTEEEE!!!!! *__*

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Mensagem por Resgate Dom Abr 26, 2009 3:14 pm

Pena que não fui o primeiro! Mas como a primeira foi a Vampira eu deixo passar...
E caceta Black! me pometa não nos deixar mais tanto tempo em um texto seu poxa!
Adorei esse primeiro capítulo!
O começo com o pessoal descobrindo sobre os impostores, a viagem do Uhurion até a terra das Fênix e esse final arrebatador entre ele e a Bhatra!!
Td muito bem descrito! A cena que fala das queimaduras no rosto do guerreiro ficou desenhada perfeitamente para mim!
Dizer que o texto está espetacular é chover no molhado, mas que se dane! Que chovam muitos elogios como esse durante essa nova série!!!
Meus parabéns mermão! Não sabe como vc fez falta no mundo dos escritores!
Aquele abração de urso e até dia 03!!!
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Mensagem por Vampira Dom Abr 26, 2009 3:29 pm

Hahaha Resgate, a verdade é q euzinha já li a série toda... kkkk tá certo q ele faz ajustes sempre antes de postar... mas seria bobeira eu falar q já não sei como vai terminar... no entanto... essa história eu tava com tanta ansiedade para ler... não tem ideia!!! Acho q vai se surpreender até o final Razz

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Mensagem por Mr. Black Dom Abr 26, 2009 3:36 pm

Resgate escreveu:Pena que não fui o primeiro! Mas como a primeira foi a Vampira eu deixo passar...
E caceta Black! me pometa não nos deixar mais tanto tempo em um texto seu poxa!
Adorei esse primeiro capítulo!
O começo com o pessoal descobrindo sobre os impostores, a viagem do Uhurion até a terra das Fênix e esse final arrebatador entre ele e a Bhatra!!
Posso adiantar que, como essa história conta sobre a vida de uma personagem, você vai poder acompanhar desde o nascimento dela até o presente (presente da fic, heheheh!). Espero que a história fique boa, tem muita coisa que vai se encaixar de uma história e outra por ela. Torço só para não ter errado a mão.
Td muito bem descrito! A cena que fala das queimaduras no rosto do guerreiro ficou desenhada perfeitamente para mim!
Dizer que o texto está espetacular é chover no molhado, mas que se dane! Que chovam muitos elogios como esse durante essa nova série!!!
Meus parabéns mermão! Não sabe como vc fez falta no mundo dos escritores!
Aquele abração de urso e até dia 03!!!
Tá faltando a minha contribuição como leitor, né? Sei que tenho uma penca de fics para voltar a comentar... Rolling Eyes Tô parecendo um político de tão enrolado...

Valeuzão pelos comentários.

Abração de urso, companheiro! Very Happy Very Happy Very Happy
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IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Empty Re: IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4]

Mensagem por Mr. Black Dom Abr 26, 2009 3:38 pm

Vampira escreveu:Hahaha Resgate, a verdade é q euzinha já li a série toda... kkkk tá certo q ele faz ajustes sempre antes de postar... mas seria bobeira eu falar q já não sei como vai terminar... no entanto... essa história eu tava com tanta ansiedade para ler... não tem ideia!!! Acho q vai se surpreender até o final Razz
Você, mais do que ninguém, tenho obrigação de agradar. Afinal, sei que muitos projetos que anda fazendo para chamar mais pessoas para o fórum estão passando por essa personagem e torço para que mais pessoas que gostam de ler e escrever venham para cá se divertir.

Beijão.

Te amo!
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IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Empty Re: IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4]

Mensagem por Resgate Dom Abr 26, 2009 6:40 pm

Mr. Black escreveu:
Tá faltando a minha contribuição como leitor, né?
Não falei disso não... é da contribuição de escritor mesmo... sempre adoro seus textos e tava com uma baita saudade dos mesmos.
Nunca mais fique tanto tempo sem postar novas histórias para nosso deleite Wink
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IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Empty Re: IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4]

Mensagem por lelecoaa Dom Abr 26, 2009 7:41 pm

Grande retorno, Mr.Black!
Gostei dos novos personagens, cenários e sentimentos bem descritos.
Vê se num para! :p
lelecoaa
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IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Empty Re: IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4]

Mensagem por Mr. Black Qua Abr 29, 2009 8:50 pm

lelecoaa escreveu:Grande retorno, Mr.Black!
Gostei dos novos personagens, cenários e sentimentos bem descritos.
Vê se num para! :p
Pelo menos pelas próximas 8 semanas isso tá garantido, já que são 9 o número de capítulos dessa fase. kkkkk
Abração, e valeu pelo comentário e pelo apoio, Lelecoaa! Very Happy
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Mensagem por Mr. Black Dom maio 03, 2009 11:10 am

"

Domingo, dia de postar um novo capítulo da série, certo? Certo. Foi o que combinei, então promessa é dívida. Só que, relendo o capítulo 2 da fic, percebi que ele não fechava muito bem e que funcionaria muito melhor se também fosse postado junto o capítulo 3. Minha esposa foi contra, já que, com isso, o texto fica grande demais e dificulta para o leitor. Eu sei que realmente é verdade, já reparei que quanto maior é o capítulo da fic menos leitores se arriscam a ler por causa da questão do tempo que se gasta, aliás, eu mesmo sempre citei várias vezes no fórum passado que escrever fics é diferente de escrever capítulos de livro, pois o público de internet, até pela forma de leitura, exige mais dinamismo no que se escreve.

A Vampira me sugeriu postar o capítulo na quarta-feira, por exemplo... Eu não acho uma boa idéia, já que tenho usado pouco a internet durante a semana e, não tenho garantia alguma de que poderei postar nesta data. Assim sendo, ferindo todas as regras básicas para a publicação de uma fic, vou postar hoje dois capítulos seguidos. Sei que provavelmente não vai dar certo, mas, vou ficar mais contente comigo mesmo sabendo que o texto fechou do jeito que acho mais interessante desta vez.

Abraços a todos.

"
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Mensagem por Mr. Black Dom maio 03, 2009 11:19 am

IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Izoldadofogocpia

A Lenda da Izolda do Fogo
Episódio 2 – Amor só de Mãe



Bhatra Vampétia nunca havia se sentido tão feliz. Era a primeira vez que havia amado em sua vida o que foi uma experiência nova e muito gratificante para ela. Geralmente o amor entre os fênix a nível carnal é quase inexistente já que a raça vive em um ciclo eterno de morte e renascimento onde as experiências passadas são acumuladas. Uma fênix como ela já havia feito o círculo da vida e da morte oito vezes naquele mundo, só quando se torna adulta as memórias de sua outra existência podem ser acessadas e é possível relembrar coisas importantes através de horas de meditação e transe. Ela se lembrou dos amores de quando era uma fênix pequena e vermelha, mas agora era uma fênix azul na plenitude de seus poderes e já chegando próximo ao fim de seus ciclos de retorno, assim sendo, sentimentos carnais já eram coisas aparentemente menores até aquele dia, onde as poucas horas que passaram juntos a fizeram tornar-se uma adolescente carinhosa e amorosa.

A eternidade é algo relativo, assim como o tempo. Poucas horas de amor valem por uma vida, mas ao mesmo tempo tudo parece tão curto que deixa um vazio no coração como se aquilo tivesse acabado rápido demais, pois no dia seguinte seu amado teve que partir. Desta vez ele levava uma boa notícia para os companheiros de batalha, pois a rainha pedira ao próprio irmão mais novo, o poderoso fênix *Gripöchrito que fosse o representante da raça dos fênix no episódio que se desenrolava em Bhudur.

Três semanas se passaram desde a visita de Uhurion e Bhatra se sentia diferente, era como se algo novo vibrasse dentro do ser dela, mesmo com seus poderes de fênix não conseguia identificar o que era, mas era algo forte que chegava com tamanha força que rompia seus momentos de meditação. Ela foi logo procurar Kallima, a fênix dourada.

_ Há algo comigo, não consigo identificar o que é. Dê repente sinto a presença muito forte de um outro espírito e não consigo me concentrar, é algo que rompe minha meditação e modifica minha chama!

Kallima tocou a cabeça da rainha e depois a barriga. Ela olhou assustada e confirmou:

_ Her... O espírito está dentro de você minha rainha... Você está grávida!

_ Grávida? Como assim?

_ Está grávida... É uma gravidez fora dos padrões fênix... Um efeito colateral por ficar tempo demais na forma humana. Ao que parece você engravidou e agora carrega no seu ventre uma criança.

_ Mas... Mas eu não posso estar grávida!

_ Mas está. Você marcou bobeira, se tivesse voltado a sua forma de fênix após a relação o sêmem teria sido destruído com o calor e isso não teria acontecido, mas além de você não ter feito isso você ainda se manteve na forma humana até hoje.

_ O que faço?

_ Torne-se fênix, só assim poderá voltar a se concentrar como antes, do contrário sua meditação sempre terá a interferência do outro espírito.

_ De jeito nenhum! – bradou a rainha Bhatra. – Se eu fizer isso vou matar o bebê!

_ Rainha, este é um bebê híbrido, vai trazer sérios problemas a você porque não é uma fênix completa e nem um humano completo. O que o conselho dos anciãos vai dizer? Você é uma rainha, não pode ter um filho assim! Como representante real a coroa só pode ser passada para alguém de raça pura, uma fênix original. Essa criança é uma mensageira da má sorte, se for um bebê do sexo masculino poderá dividir o reino e causar uma guerra, e se for uma menina, vai causar um desequilíbrio no mundo caso se case com um fênix por ser fraca demais, ou pior, com uma outra raça por ser forte demais... Isso não seria raro.

_ O que devo fazer? – a rainha leva as mãos desesperadas na cabeça tentando pensar em algo. – Não vou educar um filho para dividir o nosso reino e nem causar males a nossa raça.

_ E acha que um fênix primogênito aceitará de bom grado que outro assuma a coroa do reino? Acha que alguém com sangue orgulhoso como o nosso aceitará o destino de viver na vergonha de ser a sombra de uma fênix original? A solução é clara, eu já disse: incinera isso! É fácil, só você se converter em fênix. – diz Kallima se levantando. – Vou manter segredo até se decidir, mas seja rápida! Bebês humanos crescem em poucos meses e quando completar nove meses a criança nascerá!

Naquela noite a rainha não dormiu, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a criança que carregava no ventre. Uma criança humana... Tão frágil que bastava aumentar a temperatura do próprio corpo para destruir aquela pequena vida que crescia inocentemente. Ela não queria fazer isso, o pequeno ser era fruto do amor entre ela e Uhurion, o homem que a aqueceu de uma forma que ela nunca poderia esquecer. Uhurion era alguém gentil, alguém que a protegia não pela força, mas pelo carinho. Ela não podia menosprezar este sentimento, não sem antes consultá-lo, olhar nos olhos castanhos dele e ver o que ele sentia com relação a tudo isso. Naquele momento ela sentiu um frio como se um mau presságio estivesse vindo... Era o dom natural de uma fênix de prever o futuro, uma maldição no caso de coisas desagradáveis.

O sol nasce e eis que surge Gripöchrito sendo amparado por três soldados humanos. Bhatra vê o irmão e estremece.

_ Isso é impossível, você é um fênix!

_ Her! – sorri o jovem irmão de Bhatra de forma jocosa com o corpo coberto de ferimentos. – Descobri ao menos alguns segredos dos nossos amigos do outro mundo. Tenho certeza que você vai adorar!

Gripöchrito é levado para a o quarto e assim que se deita começa ser tratado por Kallima. Bhatra assustada apenas senta-se ao lado dele e o acaricia. Uma outra fênix levou os humanos que o acompanhava para descansarem e se alimentarem, pois todos estavam exaustos.

_ Quem fez isso com você, meu irmão? – perguntou a rainha aflita.

_ Deixe-me explicar porque isso é importante: os visitantes não são amigos, são perigosos e tem poder para matar até uma potência.

Bhatra arregala os olhos.

_ Suas visões estavam certas, irmãzinha! Eles são poderosos. O exército deles possui armas de destruição em massa e transportes blindados, uma infantaria não poderia atacá-los sem perder muitas vidas. Em um caso assim caberia a potências, fênix, dragões e anjos lutarem contra essas coisas. Mas o problema é que eles também possuem antídoto para isso. Os Superiores tem seres muito poderosos que eles chamam de Supercomandos em seu time, guerreiros que podem lutar em pé de igualdade comigo... E alguns deles são até mais fortes que eu.

_ Supercomandos?

_ Nosso exército enfrentou dois deles. Um indivíduo chamado de comandante Beggale e um ouvidor-mor com o nome de Dollar. Eu consegui vencer Beggale, mas não tive como vencer o tal do Dollar. Eu quase morri. Quem conseguiu espanta-lo foi o Falcon que o cortou no estômago... Perdemos muita gente lá, muita mesmo!... – Gripöchrito baixou o rosto com pesar ao lembrar-se da batalha.

_ Meu Deus... E a tropa está bem?

_ Não... Não sobrou quase ninguém, depois da terrível batalha todos tiveram que se espalhar e esconder! Mas... Ainda assim quero lutar contra estes inimigos e acabar com eles, eu aprendi muito minha irmã, uma das coisas foi o respeito para com a raça dos humanos que antes não entendia bem. Eles não são imortais, são fracos, mas estão sempre dispostos a sacrificar a vida para ajudar os outros... Acho que encontrei um propósito para lutar.

Neste instante Gripöchrito tira do bolso um pedaço de pano e entrega a irmã. Ela abre e vê um coração desenhado no retângulo de pano. Neste instante os olhos de Bhatra se enchem de lágrimas como já prevendo o que viria depois.

_ O que é isso? – disse a rainha com os lábios trêmulos não querendo que a verdade fosse realmente aquela.

_ Lembra-se de Uhurion, aquele jovem garoto que era seu pajem? Quando eu fui abatido ele e os outros começaram a lutar contra o Dollar mesmo sem chance alguma. Antes de se juntar aos amigos ele cortou com a espada a própria capa e fez com o próprio sangue do corpo já ferido este coração. Então ele olhou pra mim e falou: “Quando encontrar com a Rainha Bhatra transmita a ela essa mensagem: ‘Amo você!’”.

A rainha cai de joelhos diante da cama do irmão, abraça o pequeno pedaço de pano e começa a chorar. Kallima entende tudo.

_ Então... É ele, não é? É ele o humano que você amou, não é mesmo?

_ Sim, eu entendo bem agora o que ele me disse quando nos encontramos: “O que impele cada um seguir sempre em frente, mesmo sabendo que tudo pode dar errado e a morte sendo certa é o amor que temos pelas pessoas que nos são especiais.” Obrigada meu amor, agora sei o que devo fazer!

Mais um dia passa e a rainha olha firme para o horizonte.

_ Mana, o que vai fazer? Agora que sei de tudo, quero te ajudar! – diz Gripöchrito.

_ O conselho não aceitará meu bebê, ou melhor, minha menina. Já sei que será uma menina. – Bhatra sorri e toca a barriga. – Lamento decepcionar a todos, mas ela virá ao mundo. Vou me recolher por nove meses vivendo na forma humana e terei a criança. Não me importa se ela é híbrida, o que importa é que é aquela que me impele a seguir sempre em frente. É a pessoa que amo e que me é especial! É o meu motivo a mais para dar a ela um futuro e um mundo de paz. – em seguida ela olha para o irmão e sorri. – Quando eu voltar, vou estar pronta para destruir tantos invasores que o inferno ficará lotado!

_ Hu, hu! Essa é a irmã que conheço! – riu Gripöchrito. – Não se esqueça que também quero lutar, aliás, estou pensando em sair pelo mundo só para isso.

_ Jura? Isso pra mim é perfeito! Vou cuidar dela afastada daqui, mas quando a criança completar dez anos já estará apta a começar a treinar e vai precisar de um mentor.

_ Vai deixar sua filha comigo? Tudo bem! Mas não se espante se eu não pegar leve com ela. Sei que a criança é meio humana, mas também é uma fênix e quero explorar isso!

_ Se o bebê tiver talento quero levá-lo para fazer o ritual do fogo. Se papai aprovar, a criança será aceita como uma fênix o corpo humano dela se fortalecerá e não irá mais envelhecer como uma humana.

_ Isso se ela tiver talento! Hu, hu! – riu Gripöchrito. – Vai mesmo queimar seu bebê?

_ Sei pouco sobre os humanos, mas quando amadurecer ela irá decidir. Pelo que sei isso acontece entre os dezoito e vinte anos. – sorri a rainha. – Por enquanto vou precisar da cobertura sua, vou me ausentar até o nascimento da pequenina e enquanto isso eu preciso que assuma o trono.

_ Sem problemas. O que é um ano para nós fênix? Hu, hu!

_ Obrigada meu irmão!

E assim foi. A rainha Bhatra Vampétia saiu do reino de Flanória e foi para a cidade sagrada de Lazzarino caminhando com os beduínos pelo deserto durante a gravidez. O tempo passou e a rainha acabou encontrando-se com o sultão Harun do pequeno sultanato de Magdala, ambos ficaram muito amigos e lá ela permaneceu em segurança até o nascimento da criança.

Em Áurius o ano é contado com 360 dias, a translação completa entre o planeta e o sol. A rotação do planeta faz com que os dias tenham 36 horas. Entretanto, assim como na Terra, existem seis horas de diferença no ano. Os magos instituíram desde o ano do Santo Martírio que haveria no calendário martiriano os “anos bissextos” que naquele mundo ocorrem de seis em seis anos. Em Áurius o dia a mais é contado no último dia do mês do Verão da Lua Azul. Esta data é importante porque marca a natividade do maior herói da história do planeta: Yahvew Iorshua, ou Santo Martírio como é também conhecido.

Exatamente nesta data considerada sagrada e rara é que nasceu a filha de Bhatra Vampétia, que também não sabia que naquele mesmo dia sua amiga Vedha também dava a luz a uma criança a centenas de quilômetros dali de distância. Em Áurius existe uma tradição que diz que quando uma criança nasce na data da natividade do Santo Martírio, as crianças do sexo masculino recebem o nome do herói, porém grafado como “Javell”, e quando a criança que nasce é do sexo feminino elas recebem o nome da esposa do herói, “Izolda”.

E ali, no deserto, no pequeno palácio do sultanato de Magdala, nasceu a princesa Izolda de Bhatra, a híbrida destinada a lutar para encontrar seu espaço em um mundo complicado e cheio de guerras.


* * *


Três meses depois do nascimento da pequena, a rainha Bhatra chegou à fronteira de seu reino com o bebê enrolado em um cobertor nos braços, logo ela é interceptada por Kallima e seu irmão Gripöchrito que previram sua chegada.

_ Irmã! – tomou a palavra o jovem fênix. – O conselho dos anciãos está criando caso. Eles já previram no futuro a chegada de uma intrusa no reino, uma fênix bastarda. Estão ameaçando sua posição de rainha se você levar sua filha até Flanória.

_ Malditos! – cerrou os dentes a rainha. – Não vou deixar minha filha, não mesmo! Nem que tenha que enfrentar cada um dos anciãos pessoalmente!

_ Milady Bhatra, escute! – era Kallima que entrava na conversa. – Não é prudente criar um clima de racha agora, os reinos de Kimsley e Vedha estão em guerra contra os invasores do outro mundo e enviaram um convite para você participar de uma reunião urgente. Apenas eu e seu irmão estamos sabendo deste encontro. O melhor a fazer é deixar a criança sob os cuidados de nossos subordinados que estão sob a proteção de sua coroa, pelo menos por enquanto.

Mesmo contrariada a Rainha concorda com a opinião de Kallima, o grupo segue até uma edificação onde viviam as salamandras, gênios de fogo que podiam assumir a forma humana. As salamandras eram subordinadas da raça dos fênix desde tempos imemoriais. A diferença é que além de não serem imortais e viverem apenas cerca de 200 anos a força de suas chamas não atingiam mais que 500° C. As Salamandras também não tinham poderes psíquicos avançados como os da raça dos fênix e sua magia atingia apenas a categoria fogo. Lá a criança foi entregue e começou a ser tratada como uma verdadeira rainha.


*Lê-se Gripócrito
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IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Empty Re: IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4]

Mensagem por Mr. Black Dom maio 03, 2009 11:29 am

Porém, ao contrário do que esperavam as fênix e as salamandras, o ritmo de crescimento da menina seguia a velocidade de um ser humano e com um ano e meio a pequena Izolda de Bhatra já andava e com pouco mais de dois já falava. Filha de uma rainha a criança cresceu coberta de mimos e tinha todos os seus desejos satisfeitos. Como a mãe só a visitava de três em três meses ela não via que os poderes de fênix da menina cresciam de forma exponencial ao seu desenvolvimento motor e logo a criança se tornou uma pequena tirana descobrindo por si só suas habilidades naturais e usando seus poderes para infernizar a vida das pobres salamandras. Aos oito anos de idade a menina era tratada como uma criança “superdotada”, pois para as salamandras, o comportamento deveria ser como uma criança de cinco.

_ Izolda, precisa se alimentar de vegetais. – implorou a babá salamandra.

_ Não. Quero comer chocolate. Chocolate com chantili.

_ Você não tem idade para comer só besteiras, precisa comer vegetais. – disse de forma firme a babá salamandra.

_ Eu não vou comer vegetais, vou comer chocolate com chantili. – diz a menina fazendo pirraça e cruzando os braços.

_ Você está muito mal criada, menina! – diz a babá furiosa colocando o prato de salada na mesa. – Você não é uma fênix completa, é uma humana também! Precisa de vitaminas que só tem em vegetais, agora coma!

_ Como é chocolate com chantili! – e a criança bate palmas duas vezes e o prato de vegetais se torna chocolate com chantili – Oba!!! – diz enfiando a mão no doce e sujando o rosto todo ao se lambuzar.

_ Menina! – berrou a babá que na crise de raiva os seus olhos de salamandra começam a lacrimejar. – Por favor, não seja má, coma só um pouquinho de vegetais, vai te fazer bem, eu lhe imploro!

_ Não.

_ Olha, eu trago o Pyro para brincar com você, ele está aí fora e brincava muito com você, não seria legal você e ele se divertirem? É só comer um pouquinho só de vegetais!

_ Pyro é muito chato. É um catarrento e um idiota.

_ Izolda, você é uma chata!

_ E você já me encheu!

E a menina bate palmas duas vezes e a salamandra explode em uma bola de fogo. A babá se levanta chorando, com o corpo tostado feito carvão quebrado e sai gritando e correndo da copa.


IZOLDA - Olhos de Jade [Episódio Final - pág 4] Izoldadofogocpia

A Lenda da Izolda do Fogo
Episódio 3 – Lágrimas de Menina



_ Sacerdotisa-mor! Sacerdotisa-mor! – chegou gritando a babá salamandra com suas chamas quase apagadas e o corpo trincado como carvão seco.

_ Minha nossa, o que aconteceu? – Perguntou a velha sacerdotisa salamandra com quase duzentos anos de idade.

_ Foi a Izolda! – disse chorando. – Ela me explodiu! Ela é um monstro terrível!

_ O que é isso, minha filha! Precisa ter paciência com a filha da poderosa rainha dos fênix, ela é só uma pequena criança inofensiva. Só está nervosa e precisa brincar um pouco. Vai ver, assim que ela se divertir e esquecer das coisas ruins vai ficar tudo bem.

_ Mas... Mas... – choramingou a babá.

_ E você é uma salamandra. Em poucos dias o seu corpo recupera as condições de antigamente. Faça o que eu disse, tente fazer a menina acalmar!

Descontente, a babá saiu da copa e foi até o jardim onde Pyro brincava. Pyro era o melhor amigo de Izolda, quando ela tinha entre 5 e 6 anos de idade. Naquela época a pequena fênix e o filhote de salamandra brincavam como irmãos.

_ Pyro! Por favor, venha cá, preciso de um favor seu.

O menino chegou alegremente soltando vaga-lumes de fogo enquanto corria.

_ Pyro, a sua amiguinha Izolda não quer comer vegetais, isso não é bom pra ela. Tente convencê-la a comer ao menos um pouquinho!

_ Tá bom, tia!

E inocente, a criança chegou até a princesinha que ao olhar o infeliz apenas lambeu os dedos cheios de doce e o fuzilou com os olhos.

_ O que faz aqui?

_ Vamos brincar? – diz o menino-de-fogo sorrindo.

_ Não.

_ Por que não?

_ Porque você é um chato, agora se arranca daqui senão eu vou explodir você! – diz Izolda em tom ameaçador.

_ Ih, você tá brava, heim! Nervosa assim fica igual a uma maritaca do pescoço pelado!

_ Se me chamar assim de novo vai se arrepender, seu cara de grilo!

_ Maritaca do pescoço pelad...

Antes que terminasse a frase, Izolda bate palmas e o menino se transforma... Em um grilo.

_ AAHHH!!! – berrou a babá que chegou no exato momento em que ela o transformava. – Como pôde fazer isso? Você não tem o direito de transformar o menino em um inseto!

_ Ele estava enchendo o saco e eu só quero comer em paz! – berrou a menina.

_ Por que fez isso com ele? – berrou a babá com mais força.

_ Não grite comigo! – gritou a menina em tom desafiador.

_ Por que fez isso com ele? – tornou a berrar a babá.

_ Quer saber? Pra isso! – E ela pisa em cima do inseto.


* * *


O grito desesperado de uma criança ecoou pelas ruas e escadarias de Flanória fazendo com que todos os fênix do lugar voltassem os olhos para o castelo da rainha com irritação. Em instantes a poderosa majestade Bhatra Vampétia rompeu nos portões e caminhou em direção ao local do alvoroço acompanhado de uma comitiva de anciãos.

_ Mas que diabos está acontecendo aqui? – bradou a rainha aborrecida.

_ Sua filha é um demônio! – choramingou a sacerdotisa-mor. – Por favor, alguém precisa dar um jeito nela!

_ Ela é só uma criança, de demônio não tem nada! – protestou a rainha mãe. – Eu sou uma fênix, tenho poder para prever o futuro e não vejo nada de ruim que esta criança irá causar!

_ Então é melhor conferir esta bola de cristal sua, porque ela vai destruir a vila das salamandras se ela continuar lá sem supervisão alguma!

Os anciãos olharam furiosamente para a rainha que, meio sem jeito, ficou batendo os dedinhos da mão de forma inocente.

_ Erh... O que minha menininha fez?

As salamandras com cara de poucos amigos chegaram com a carroça onde havia um menino salamandra enrolado com tantas gazes que mais parecia uma múmia e que chorava a plenos pulmões. Era o pequeno Pyro que voltou a forma humana com todos os ossos do corpo quebrados depois de ter sido literalmente esmagado como um inseto.

_ Gente! – tentou justificar a rainha. – Acidentes acontecem, não é? A minha pequenina Izolda errou uma vez, quem não erra?

_ Hoje ela me explodiu! – diz a babá carbonizada com as chamas fraquinhas e cara de poucos amigos.

_ Ontem ela me explodiu! – diz um velho carbonizado com chamas fraquinhas e cara de poucos amigos.

_ Anteontem ela me explodiu! – diz um monge salamandra carbonizado com chamas fraquinhas e cara de poucos amigos.

_ Antes de anteontem ela explodiu a gente! – gritou em coro o coral de cem vozes das salamandras que cantavam no templo do fogo todas as tardes com as chamas fraquinhas e cara de poucos amigos.

_ E ela ainda obrigou a gente a cantar de novo vestindo roupinhas de boneca que ela mesma transmutou no nosso corpo. Eu fiquei igual a uma Serafina! – chorou um deles sendo consolado pelas outras salamandras.

_ Nós idolatramos as fênix, por que vocês fazem isso com a gente? – chorou a sacerdotisa-mor.

Os anciãos fuzilaram a rainha com um olhar pra lá de severo. Esta engoliu seco, ajeitou a coroa, empinou o nariz e sentenciou:

_ Atendendo ao clamor do meu povo, vou providenciar para Izolda um professor. Ele a educará e a ensinará a não abusar de seus poderes.

_ Estamos de olho na senhora. – afirmaram em coro os anciãos que aos poucos viraram as costas e se foram.


* * *


Dois dias depois Izolda estava deitada de biquíni tomando água de côco ao lado de um rio de lava. Quando um homem de meia idade cabelos cor de fogo e um capote até a altura da boca chega acompanhado de sua mãe chega.

_ Izolda! – gritou a mãe. – Venha cá, meu amor!

_ Estou tomando banho de sol, volte mais tarde quando agendar uma visita. – e a menina voltou a beber sua água de côco.

_ Izolda! – gritou a mãe em tom ameaçador.

_ Ih, que velha chata! – e a menina levanta e, para a surpresa da mãe, caminha sob a larva escaldante sem afundar ou se queimar.

Só então Bhatra Vampétia se tocou que realmente os poderes da menina se desenvolveram sozinhos e as salamandras já não tinham condições de supervisioná-la. A rainha sorriu e abraçou a filha.

_ Que bom filhinha, já tem aprendido truques novos! Mamãe está feliz com isso!

A menina nem se dignou a responder.

_ Olha, mamãe trouxe aqui o professor Digledong, ele vai supervisionar o seu desenvolvimento e lhe ensinar um pouco de regras e disciplina.

_ E o que eu ganho com isso?

_ Ora filhinha, as pessoas precisam de um pouco de regras e disciplina para conviver bem com as outras pessoas. Elas precisam respeitar os outros tanto moral quanto fisicamente, por isso é importante você ser educada. Você por exemplo machucou seu amiguinho e isso é errado.

_ Errado por quê? Sou mais forte do que ele, filha de uma rainha e sou uma fênix, logo posso fazer o que eu quiser!

_ Não minha linda, não é bem assim. – disse a rainha acariciando a cabeça da menina. - Só porque somos mais fortes que alguém não quer dizer que seja certo maltratar as outras pessoas.

_ Mas mãe, a cobra é mais forte que o sapo, logo ela engole o sapo, o sapo é mais forte que a mosca, logo ela engole a mosca, a mosca é mais forte que a fruta, logo ela devora a fruta.

_ É minha filha, mas... Veja bem, um sapo não devora outro sapo. Eles são da mesma espécie e...

_ E está errada mamãe. Outro dia eu vi a mãe peixe botar milhões de peixinhos no poço, depois quando ela estava com fome ela foi lá e comeu seus filhotes. Isso só acontece porque a mãe é maior e mais forte que os seus filhotes, pois se eles fossem grandes devorariam a mãe. Tenho que ser a mais forte de todas, porque assim não serei devorada quando você estiver com fome.

Bhatra Vampétia ficou de cabelo em pé.

_ Quem te ensinou essas coisas? – disse com olhar assombrado.

_ A vida! Está a nossa volta é só parar para ver.

_ Com licença, majestade! – intrometeu-se o professor. – O que ocorre é que sua filha não estudou nada da questão de sociedade, tudo o que ela viu ou que aprendeu foi por conta própria, deixe-me experimentar.

_ Claro professor. – disse a rainha ainda desconcertada.

_ Minha querida, na natureza existem seres que vivem para seguir um ciclo natural e outros que só conseguem fazer parte deste ciclo e se desenvolver se estiver em sociedade. A raça dos fênix vive seguindo o contexto social então precisamos uns dos outros para vivermos, compreende? Por isso uma mãe fênix jamais irá devorar o seu filhote.

_ Mas porque fazem isso? Porque vivem em sociedade?

_ Porque algumas raças de animais perceberam que podem viver melhor se estiverem unidos e isso foi evoluindo até chegar à situação que estamos hoje. Estar em sociedade é estar protegido pelas mesmas leis, ser aceito na mesma relação de convivência e fazer parte de um grupo ou raça. Ou seja, isso só tem vantagens, pequenina.

_ Entendo... E porque as salamandras não vivem junto com as fênix?

_ As salamandras são de um grupo ou raça diferente, as leis e as relações de convivência deles são um pouco diferentes das nossas, por isso vivem separados.

_ Eles são piores do que a raça dos fênix?

_ Digamos que o nível deles é um pouco diferente do nosso. Imagine os pássaros, pense que as salamandras são pombas e fênix são águias, ambos são pássaros, mas cada um tem o seu jeito de fazer as coisas. Por isso você não pode abusar das salamandras porque ao contrário das águias, pombos não têm garras, então o que você fez é errado. Só porque é uma ave de rapina não quer dizer que deva ficar abusando daquelas que comem frutas, compreende?

_ Então... – a menina pára e baixa a cabeça. – Por que não estou com as águias?

_ Você é híbrida, não pode ficar com as fênix, isso é um pouco complicado para explicar... – disse o professor. – Deixe-me pensar em um exemplo...

_ É por isso que não posso ficar com você, mamãe? – os olhos da menina começaram a ficar rasos de água. – Porque não sou da mesma raça e não posso ser protegida pelas suas leis e nem ter relações de convivência com vocês? Afinal, há que grupo eu pertenço? Diga-me mamãe? Se as salamandras e as fênix não me aceitam, quem eu sou?

Bhatra estava de costas com a cabeça baixa. Não queria que a filha visse que ela também chorava baixinho. De repente ela vira-se e diz:

_ Você é minha filha, minha fênix e meu orgulho! Eu vou te levar pra casa! Você vai vir comigo para a cidade de Flanória! Arrume suas coisas que amanhã mesmo virei buscar você! – e a pequena Izolda correu para os braços da mãe e a abraçou com toda a força que tinha. – Eu te amo, minha menina! Você é tudo para mim! – as duas ficaram agarradinhas até o fim da tarde, a criança estava muito feliz, pois finalmente sentia que o gostoso calor de sua mãe ficaria com ela para sempre.

Porém, ao chegar a cidade das fênix, o professor Digledong foi logo ter com os anciãos e relatou o fato, a rainha Bhatra com este ato estava desafiando o conselho dos anciãos e colocando a estrutura política de Flanória em delicada situação no período de guerra. Ainda naquela noite a comitiva foi até o palácio da rainha para pressioná-la.

_ Salve rainha Bhatra Vampétia! Eu, Status-Vega, o primeiro ancião, venho até a majestade para implorar que não desafie o conselho que dá sustentabilidade ao seu reino por caprichos pessoais.

_ Caprichos? Trata-se de minha filha! – irritou-se a rainha.

_ Uma híbrida, uma criatura incompleta maior que o ser humano e menor que nós fênix, um engano da natureza que não deveria ter vindo ao mundo. Algo que por sua teimosia se tornou um estorvo e agora uma complicação para o seu reino em um período de guerra.

_ Não vou tolerar isso! Não vou tolerar que afastem minha filha de mim! – ergueu-se a rainha em tom desafiador.

_ Neste caso deve abdicar do trono de seu pai, tornar-se uma vergonha para a dinastia de sua família como a primeira entre milênios a deixar o seu trabalho para cuidar de uma criança indesejada. Seu dever como rainha é buscar um rei forte dentro de nossa raça e dar ao nosso povo mais um milênio de prosperidade com um herdeiro com sangue real e puro. Se deixar o trono vazio por causa de sua inconstância vai ser a responsável pelo desmoronamento de toda a sociedade, você é a mais velha de sua família, a obrigação para com nossa raça é sua.

_ Mas é minha filha, ela precisa de mim!

_ Sua filha ficará bem, você a visita sempre que pode e para nós é o suficiente, não somos sem sentimentos e respeitamos este momento seu. Como está você não falha como mãe e nem como rainha, mas se tentar mudar isso falhará com a parte mais importante que é o seu povo de sangue. Não é hora de hesitar, estamos em guerra, é hora de você ser a rainha forte que sempre foi e cuidar de sua obrigação para com muitos.

A imperatriz Bhatra baixou a cabeça e aceitou a queixa do conselho. As coisas deveriam ficar como estavam. No entanto, no dia seguinte, uma criança passou o dia de malas prontas, olhando para a janela fixamente desde as primeiras horas da manhã até o crepúsculo. Quando as luas estavam altas no céu ela finalmente deixou as lágrimas rolarem.

_ Mamãe não vem me buscar, ela mentiu pra mim.


Continua na próxima semana
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Mensagem por Resgate Dom maio 03, 2009 3:03 pm

Opa!! Primeirão!!
Demais!!! Uma pena o lance de limite de caracteres ter forçado uma quebra no capítulo 2, ,mas ficou bom pelo capítulo 3 ter vindo na sequencia!
E, Puxa! Como a Isolda era uma capeta!!! Coitadas das salamandras!!!
E vai demorar prá esse mundo ter camisinha? Logo na primeira vez!! Que coisa heim?
E eu já estava imaginando que o Uhurion ia dançar... Uma pena, mas sei que foi planejado exatamente para que a Bhatra agisse como agiu...
E que escolhas difícieis heim? A filha ou o trono... Eu que não queria estar na pele dela!!
meus parabéns Black! Mais diuas edições fantásticas!!!
Um abração de urso e até mais!!!!
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Mensagem por Vampira Qui maio 07, 2009 11:09 am

Dois ótimos capitulos! Very Happy

Uma é a morte de Uhrion, deu pena... deu vontade varias vezes de te fazer tirar essa parte >.<

Mas sei o quanto é nescessária.

A decisão de Bhatra Vampétia é dura..
tem horas q não sei de que lado ficar...
da pestinha da Izolda de Bhatra ou da mãe...

A história vai caminhando MUITO bem... e apartir do próximo então ela vai começar a dar as guinadas!

ADORO!!!


Se der (vc sabe como a semana tá complicada) tentarei comentar como antigamente!

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Mensagem por lelecoaa Qui maio 07, 2009 1:51 pm

Dois ótimos capítulos!!^
Gostei dos momentos cómedia, mas vc descreveu muito bem as partes tristes.
Tadinha da Izolda e da sua mãe.
Parabéns!!!
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