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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação

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Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:34 pm

Bem, como alguns devem ter percebido, ando com alguns problemas para continuar a fic. No entanto, eu achei um substituto provisório para fazer um trabalho que eu apenas comecei a conceber. Quem acompanha a fic, deve se lembrar que a protagonista, Safira, encontrou um livro chamado “O cântico das Imortais”. Bem, agora o que vocês vão ler é uma parte deste livro. Eu ainda planejo lançar outras, contando inclusive as partes “ocultas” de nossa história, como o episódio da Queda das Imortais, o “surgimento” de Meister entre outros.

Esse é o primeiro tomo que conta com 8 capitulos e conta a saga de como a Rainha dos Vampiros Treselle chega ao trono de Vahlior. E foi brilhantemente escrita pelo nosso querido Blackheart! Eu só vou ter o “trabalho” de postar!

Então é isso, aqui começa o Tomo 1: O crepúsculo de Vahlior.

Espero que gostem.


O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Vampira
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Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:35 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1


Os versos do passado ressoam nas terras de Nairë a canção mais antiga que a queda das imortais. Segundo a lenda, no princípio só havia o espelho e as estrelas. Era um espelho calmo que refletia o céu brilhante e pontilhado de luz. Ali vivia o sagrado masculino e o feminino... Tão próximos e tão misteriosos um para o outro que certo dia, em que a noção de tempo ainda não havia, eles aproximaram-se tanto um do outro que se beijaram. Então, aquilo que era um espelho calmo se tornou difuso, e a noite, que era carregada de estrelas, foi coberta de nuvens e cortada por violentos raios. O amor do deus e da deusa gerou centenas de filhos mágicos de sonhos e pesadelos. Estes primeiros seres de cada raça de fadas, gênios e demônios espelharam-se pela terra deixando sua marca no mundo.

Foi assim que surgiram os vampiros, criaturas da noite, que vivem sem a preocupação com os efeitos do tempo, que são capazes absorver os sonhos, os pesadelos, a alma e vida de quem desejarem, entidades capazes de dar a quem os segue um olhar além da realidade ou cerrar os olhos de quem desejarem para sempre. Em Nairë os vampiros são seres sedentos por emoções, sonhos e sangue, mas apesar de serem livres e de natureza traiçoeira existe um limite para a sede, e este limite que nenhum vampiro ousa transpassar é determinado por apenas uma pessoa: o chefe supremo dos vampiros, o descendente direto do primeiro ser da raça, o Sangue-puro. Portanto, a responsabilidade de que a raça se torne proscrita no mundo, ou mais uma raça destinada a coexistir com as demais depende da responsabilidade deste rei.


O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 1


“E a partir de já alguns foi dado o poder de juiz executor, sobre todas as leis mágicas. São eles que nos protegerão, são eles que nos executarão. Não há júri e não a defesa. Apenas as leis que devem ser seguidas a risca, sem desviar uma única linha.

Assim está escrito e assinado pela aliança das sete raças de Nairë que existe para garantir a existência dos seres mágicos poderosos ou não. Fica aqui o pacto indivisível entre o grupo dos sete, formado pelos Vampiros, Fadas, Imortais, Ondinas, Felinos, Magos e Humanos. Cada raça com seus Guardiões da Lei. Cada um de uma determinada raça. E no futuro a responsabilidade deverá recair sobre Filhos e herdeiros dos patronos das leis, filhos das trevas e da luz que comandam e decidem o que é certo e errado. Decidem se as leis estão sendo seguidas ou não.

Aos, seres vivos, a partir deste instante, resta apenas torcer para não cometer tais erros e não ter a mão de um juiz executor sobre suas cabeças.”



Lua cheia laranja; uma nuvem passeia calmamente por ela nos céus. A vista era facilmente observada de uma grande janela que estava aberta, no interior do castelo se via um grande salão de pedras escuras e móveis decorados na cor púrpura. Em uma grande mesa apenas três criaturas da noite estavam ali sentadas, sendo que a mais velha delas ocupava a posição do centro.

_ Pacto idiota o que fez, meu pai. – diz um vampiro esbelto de cabelos negros com grandes mechas de um azul tão claro que na noite pareciam brancas.

_ Não questione a importância e a responsabilidade de meus atos, Trojan! – rebateu o velho vampiro de cabelos grisalhos com mechas vermelhas. – Quando eu morrer será sua responsabilidade se tornar juiz executor e manter nossa honra no pacto.

_ Honra? Você diz, honra? – riu o jovem com escárnio. – Somos vampiros, estamos no topo da cadeia alimentar deste lugar, podemos tomar tudo! Pra quê fazer alianças com fracos.

_ Silêncio! – bradou o velho rei. – Trojan, você é o primeiro na sucessão do trono, mas lembre-se que como rei eu ainda posso nomear outros membros da família!

O vampiro olha para a esquerda e vê sua irmã Treselle, em silêncio, de cabeça baixa, num sinal claro de desaprovação aos atos do irmão. Ele a olha com um furor assassino tão grande que o próprio pai ergue-se de seu trono batendo forte o punho na mesa.

_ Trojan, não tolerarei desavenças dentro da família ainda mais se tratando de minhas decisões. Punho sobre o copo, agora! Você também, Treselle!

_ Ah não! – o irmão engole seco. – Você não está pensando em me obrigar a...

_ Cale-se! – gritou o velho vampiro possesso. – Já estou cheio de sua insubordinação, seu destempero e sua total falta de respeito a minha direção! Cortem seus punhos, já!

Sem pestanejar, a princesa vampiresa corta seu pulso e o sangue enche o cálice de vidro. Contrariado, o irmão faz o mesmo. O pai toma os dois cálices na mão e os ergue em direção ao céu onde podia se ver a lua alaranjada e triste como um círculo de sangue choco. Ele brada os nomes do deus e da deusa e coloca os copos invertidos sobre a mesa. O de Treselle em direção a Trojan e o de Trojan em direção a Treselle. O velho vampiro com uma pequena faca perfura o dedo indicador, faz desenhos incompreensíveis ao lado de cada copo com o próprio sangue, entoa um mantra conhecido apenas por vampiros de sangue puro. Quando as mãos do velho se juntam, a mágica acontece. O sangue ganha vida assumindo uma cor negra como borra de café e serpenteia como um pequeno rio entrando por si mesmo nos cálices dos irmãos. O sangue no copo muda de cor passando de vermelho para negro.

_ Agora bebam! – disse o velho. – Bebam até a última gota.

Furioso, Trojan bebe o sangue de Treselle numa só bocada enquanto a irmã degustava o sangue do irmão como um vinho precioso.

_ Sei que já sabem o que este meu cântico significa, não é? Esta é a maldição dos três dias, um irmão não deve tirar a vida do outro, caso contrário em três dias o meu selo que vocês consumiram irá funcionar e todo o sangue de seus corpos irá se tornar sal resultado no fim instantâneo de vocês. Alguém aqui ainda deseja se matar? – Trojan abaixa a cabeça engolindo seco enquanto Treselle continua com seu ar despreocupado. – Não? Então espero que isso encerre de vez os problemas de nossa família, é assim que este clã deve ser: forte, severo e cruel quando necessário, mas sempre honrado com seus compromissos. Agora vão, deixe-me descansar!

Obedecendo a ordem do patriarca, os dois irmãos se levantam e saem do salão. Assim que eles deixam o recinto o velho vampiro se levanta, respira fundo e caminha solitariamente pelos corredores do castelo passando pelos janelões e tendo como única companhia a lua. A lua laranja continuava com seu brilho escuro e sinistro como um prenúncio de uma cantiga fúnebre. O velho rei imaginava se tinha tomado a decisão correta para preservar o pacto de honra que fez, mas o aperto em seu peito continuava.

Ele abriu a porta de seus aposentos e viu parado como uma estátua de mármore o seu filho com os olhos vermelhos como brasa e os caninos brancos num sorriso satânico.

_ O que faz aqui, Trojan? A nossa reunião acabou!

_ Ainda não, eu vim aqui para tomar a sua coroa e me tornar rei.

_ Ainda com essa idéia idiota na cabeça? Acha mesmo que irá se tornar rei? Tolo! Você acaba é de perdê-lo, Treselle será a nova rainha na sucessão.

_ Realmente o que fez foi brilhante! Realmente ainda não sei como vou solucionar esta nova variante que colocou na minha legitimação de poder, sei que não posso matar minha irmãzinha, mas nada me impede de matar você!

_ Idiota, sou muito mais poderoso que você e sua irmã juntos! Não preciso de nenhuma ajuda ou de pacto algum para colocar você no seu devido lugar, moleque!

_ Eu sei que é, por isso que não vim sozinho.

E em meio a uma gargalhada satânica dois olhos grandes e felinos surgem nas sombras e as garras das trevas recaem sobre o rei. O jovem vampiro não tem dúvidas e salta também sobre o pai.

O banquete está servido.


* * * * *


Na estrada da Floresta Leshy uma carruagem segue lentamente devido a enorme quantidade de entulho e barro, uma chuva forte com pingos grossos insistia em cair a horas surgida como por encanto. Quatro batedores acompanhavam o veículo. Dentro dele um velho mago, um sacerdote e uma jovem sacerdotisa rezavam.

_ Pelos deuses, esta chuva não é natural! – diz assustada a sacerdotisa.

_ Com certeza não é, o tempo estava firme a até pouco tempo e não havia sinal de chuva a dias, ainda mais nesta época do ano. Sinto algo maligno nos rodeando faz horas! – diz o velho mago com as mãos unidas. – Capitão Ramirez! Alejandro Villa-Lobos Ramirez!

Um dos cavaleiros escuta o nome e diminui o passo se colocando ao lado da janela.

_ Não se preocupe, magnífico Reitor! Chegaremos ao mosteiro em uma hora!

_ Temo por nossa viagem! Há algo maligno em torno de nós!

_ Como paladino da Ordem da Luz, já percebi. Não se preocupe, tem minha palavra que chegarão a salvo!

_ Obrigado filho!

E naquele exato momento os cavalos param assustados e começam a relinchar sem parar.

_ Ôoa! – grita um paladino.

_ Solano, o que vê?

_ Capitão tem muita neblina e chuva, a visibilidade é pouca, mas vejo algo de diferente no solo.

_ No solo? – O capitão desmonta e aproxima-se dos companheiros.

Os guardiões saltam de seus cavalos e sacam as espadas enquanto a poucos metros um estranho fenômeno acontece: o solo começa a se levantar como um tapete forçado de baixo para cima, em instantes formou ali um estranho ovo. A chuva e a neblina envolvem o fenômeno gerando descargas elétricas. O capitão não tem dúvidas:

_ Maldição, isso é a evocação de um demônio!

E o ovo se parte revelando um grande felino com dentes de sabre, o animal urra no meio da tempestade revelando suas cores cinza e ouro com dois chifres cor de prata. A fera ergue-se nas patas traseiras e sua altura facilmente atingia os seis metros.

O capitão olhou para a carruagem e os dois cocheiros, que também eram soldados, estavam apavorados. Também pudera, não eram paladinos, portanto, não estavam acostumados a enfrentarem adversários de nível sobrenatural.

_ Solano, Ortiz, Ortega!

_ Sim Capitão.

_ Protejam a carruagem! Não sabemos se este demônio veio sozinho ou se é um chamariz para nos distrair. Eu cuido do demônio. – dizendo isso, o capitão saca sua espada.

_ Capitão, é loucura!

_ Não é não. Estamos cercados por esta tempestade faz tempo, este é um monstro do povo gato sem dúvida alguma. Cerquem a carruagem e observem as árvores.

E os três outros paladinos obedeceram. Não tardou cada um deles observar algumas sombras no meio da neblina e no alto das árvores.

_ Maldição, o Capitão está certo! Se nos afastarmos da carruagem eles vão atacar. No momento eles estão apenas observado nossos movimentos. – diz Ortiz que imediatamente leva a mão no alto da carruagem e puxa do teto uma lança. – Capitão, aqui!

O paladino atira a lança em direção ao comandante que a agarra pelo cabo no momento em que a mesma passava por ele sem sequer voltar-se para trás mantendo os olhos fixos no demônio.

Dois olhos felinos observaram a cena, assombrados:

_ Eles são profissionais, esse cara que vai lutar é bom!

_ São guerreiros da ordem da Luz, são magos e lutadores ao mesmo tempo, melhor termos cautela. – disse miando um outro gato pouco acima.

E o capitão Alejandro gira a lança sobre a cabeça e se coloca em posição de defesa. O demônio ataca. Numa perfeita coordenação o capitão desfere duas estocadas no céu da boca do monstro que baba e cospe sentindo o golpe e o incômodo. Alejandro mede a lança e a deixa deslizar horizontalmente lançando seu peso sobre ela, a criatura é novamente atingida, desta vez no pescoço. O demônio recua, depois salta sobre o inimigo cometendo o erro fatal na luta contra um esgrimista daquele naipe, deixou o peito à mostra para ser perfurado pela lança. Alejandro inteligentemente amortece a queda do mostro com a arma, que acaba atravessado o monstro de lado a lado. O demônio baba e urra. Então, o paladino se aproxima com sua espada e a toca evocando sua arte máxima:

_ Espada das chamas solares, OBLITERAR! – e crava a espada fumegante no coração da besta que é imediatamente incinerada e explode com um odor de enxofre. Alexandro olha para as árvores e estende a mão. – Não se acanhem, podem vir todos, a missão de um Cavaleiro da Luz é extinguir demônios como vocês. Eu estou esperando.

As folhas das árvores balançam... Todos os felinos fugiram.

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Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:36 pm

* * * * *


Castelo real de Vahliör, a cidadela dos Vampiros. Os grandes portões do salão se abrem e Treselle entra furiosa por elas seguida por seus principais arautos que somavam oito.

_ Trojan, seu maldito! Onde está você?

_ Bem aqui! – diz sentado no trono e rindo com seus caninos a mostra. – Pelo visto já encontrou o cadáver de nosso pai, não é? – ela serra os punhos com desprezo, os seus caninos crescem e seus olhos tomam a cor vermelha ameaçadora. – Hu! Minha irmãzinha quer lutar comigo? Não pode me matar, o pacto de ontem te impede disso.

_ Não preciso te matar, só preciso te despedaçar e largá-lo nas masmorras deste castelo por toda a eternidade! – e imediatamente seu corpo se enche de sombras e os tentáculos de ébano voam através das paredes até o irmão que não se move. No exato instante que ia ser atingido, a sombra simplesmente pára. Treselle havia sido atingido pelas costas por uma lança. Ela olha para trás e vê seus arautos passando um a um por ela e indo em direção ao irmão. – Traição! – grita de ódio.

_ Sou um vampiro, esperava o quê? _ ri o pseudo-rei.

_ Por quê? Por que me traíram?

_ Simples maninha. – diz caminhando em direção a vampiresa. – Poder! Vampiro é sinônimo de realeza e de poder, é ter o controle da noite, das trevas e da morte. Por que ficar obedecendo a pactos inúteis com fracos? Por que honrar compromissos com animais que servem apenas para servir de alimento a nós? Por que preservá-los? A resposta é simples, não há motivos para isso, se a tudo abaixo do céu me pertence, então tenho o direito de usufruir absolutamente tudo até me fartar e da maneira como desejar.

Trojan estala o dedo e todos os guardas do local caem sobre Treselle com suas lanças e a perfuram sem piedade. Ela grita desesperadamente, mas nada pôde fazer a não ser sentir o seu corpo ser transpassado como uma picanha a ser temperada. Suas costas, seus braços, pernas, pescoço, cabeça... Tudo é tingido de vermelho. Os ossos se partem, a carne se deforma. Trojan apenas observa e ri. Depois estala novamente o dedo e os abutres se afastam. Ela ainda consegue erguer uma das mãos e sussurrar:

_ Eu vou te matar! Eu vou te matar! Eu vou te matar!

_ Huáhahaha! – gargalha. Em seguida ajoelha-se diante da irmã e começa a lamber-lhe o rosto. – Seu sangue é delicioso... Uma pena que não posso consumir com ele até sua morte. Mas existe algo de irônico preparado para você. – ele olha para os subordinados. – Guardas, levem minha linda irmã até o alto do pico Aquerontes e a amarrem lá. Vamos deixar que o sol do meio dia, e os abutres da noite consumam com ela até que não reste nada!

Os guardas recolhem os restos da princesa e a arrastam para fora da sala do trono. Neste instante um imenso felino surge na janela.

_ Você tem estilo, Trojan! Realmente tem pinta de rei.

_ Eu sou um rei, um rei tão grande quanto você, Tífon.

_ Temos um problema, o Reitor ainda está vivo.

_ Como é? – diz irritado. – Como puderam escapar de vocês? E quanto ao demônio?

_ Um demônio sempre tem problemas quando dá-se de frente com a luz.

_ Cavaleiro da Luz. – diz demonstrando irritação. – Então é hora da cidadela dos magos sentir o poder de um verdadeiro exército caindo sobre eles. Um exército de vampiros e gatos.

Tífon olha para o parceiro e ri.



CONTINUA...

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Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:38 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1


O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 2


Hécate, cidade dos magos, local onde se encontra o maior mosteiro de Nairë e onde os jovens aprendizes se tornam mestres da magia. Esta é uma cidade diferente, pois é uma das poucas metrópoles que não se pode chegar através de linhas férreas. Hécate, geograficamente, fica na fronteira de Naire e a partir dali começam as cordilheiras que pertencem aos vampiros. Esta cidade é o fim do reino, o fim de própria Nairë, não é a toa que é chamada por isso de “cidade do esquecimento” já que são poucos aqueles que se deslocam até lá.

Vindo de um mosteiro da cidade de Steel Villey, o reitor Francesco Viccenza é um velho e respeitado mago, ele estava presente no dia do pacto das sete raças e isso o torna famoso e visado entre os próprios magos, mas pouco explicava o porquê do ataque do povo gato.

_ Algo estranho aconteceu no equilíbrio recentemente. – diz o velho reitor. – precisamos saber o que aconteceu.

_ Primeiro deve descansar, senhor reitor. – diz Alejandro. – A viagem foi exaustiva e perigosa.

A comitiva sobe as escadarias do mosteiro chegando ao pátio principal, em torno do largo se erguiam vários prédios onde existia a biblioteca e as salas de aula de magia, ao centro havia o oratório e era para lá que o grupo se dirigia.

_ Reitor, seja bem vindo!

_ Dom Cornélio. – o velho mago abraça o administrador do mosteiro e se dirige com ele e o grupo para o interior do oratório. – Estou feliz por estar aqui.

_ Ficamos preocupados, sentimos um distúrbio forte de ontem para hoje, parece que uma catástrofe aconteceu. Nossos magos estão consultando o oráculo, breve obteremos alguma resposta.

_ Fomos atacados por um demônio do povo gato durante a viagem, se não estivesse acompanhado pelos Cavaleiros da Ordem da Luz não sei o que teria acontecido. Jade é a sacerdotisa que me acompanhava, ela é melhor que eu em detalhes.

_ Não há muito que explicar. – diz ela. – Foi um ataque inesperado e deliberado. Ainda não entendo o porquê atacaram o magnífico reitor.

_ Descansem todos. – Dom Cornério retoma. – Amanhã pela manhã trataremos disso.

Alejandro cumprimenta a todos e vai até os fundos do oratório, ele passa por uma porta e chega até um posto onde os Cavaleiros da Ordem da Luz estavam.

_ Major Monastário.

_ Capitão Alejandro, como foi a viagem?

Alejandro reporta rapidamente ao seu comandante todos os fatos ocorridos, o superior coça a cabeça e diz:

_ Temos um problema, um atentado contra o magnífico reitor.

_ Exato. Estou preocupado, o povo gato ataca à noite, melhor redobrar a atenção.

_ Seguirei o seu conselho, você e os outros devem descansar, amanhã trataremos das manobras de defesa.

_ Sim senhor.

Alejandro vai para os seus aposentos e debruça-se na cama. Em pouco tempo o sono chega e, como mago, começa a ter visões embaçadas... Ele vê uma mulher de cabelos negros acorrentada, chorando, banhada em sangue. Ela estende as mãos em direção a ele como se pedisse ajuda, repentinamente vários felinos negros voam sobre ele... Alejandro acorda assustado e ofegante, seu corpo estava empapado de suor.

_ Pesadelo... Ou será visão?

Quando ele deita a cabeça sobre o travesseiro a janela do aposento se rompe e um imenso morcego com dentes a mostra e olhos vermelhos surge.

_ Maldição!

A fera ataca. Por puro reflexo o Cavaleiro da Ordem da Luz trava o pescoço do animal com o punho esquerdo e com o direito evoca uma bola de fogo que explode no peito do ser que voa para o canto do quarto. Ele não tem dúvidas, saca sua espada de prata que imediatamente fica envolta em chamas, com um corte rápido a cabeça do morcego voa. Não há tempo para comemorar, era um ataque e os outros com certeza estavam em dificuldades.

No pátio do mosteiro, gritos e pessoas correndo como loucas. Dos céus morcegos gigantes davam rasantes e tomavam os desprotegidos levando-os para o ar, instantes depois apenas pedaços de gente caiam do alto. No solo, felinos negros saltavam sobre as pessoas e as devorava como um predador a suas vítimas. Era um pandemônio.

Os Cavaleiros da Ordem da Luz tentavam de todas as formas abafar o ataque, usando magia e suas técnicas de luta obtinham sucesso temporário, mas jamais eles haviam enfrentado um exército tão grande e ainda com a vantagem da noite do lado, era uma luta desigual e pouco a pouco os valentes guerreiros tombavam mortos e recuavam cada vez mais.

_ Isso é um massacre! – berrou o major Monastário.

_ Eles estão atrás do reitor! – gritou Alejandro. – Precisa levá-lo a um lugar seguro!

_ E você?

_ Vou tentar atrasá-los o máximo que puder! Salve o reitor!

O major acenou com a cabeça para o amigo e ordenou o fechamento dos portões do oratório, do lado de fora, Alejandro e uma meia dúzia de guerreiros que não temiam a morte continuaram lutando contra os vampiros e felinos.

Com um urro um felino explode com uma bola de fogo, Alejandro ainda teve tempo de girar a espada de decepar a cabeça de outro vampiro. A sua esquerda o relâmpago de um companheiro fulminava outro vampiro, mas em seguida um felino atravessa seu pescoço com os dentes e ele tomba morto. Alejandro gira a espada e perfura mais um felino, num salto corta a asa de um vampiro e usa suas chamas para manter os inimigos afastados. Ele olha para a esquerda, para a direita e não vê mais os seus companheiros, naquela altura da noite todos os guerreiros já estavam mortos, menos ele. Os vampiros pousam dos céus, morcegos e morcegos que viravam homens... Eles se juntavam a mais e mais gatos com suas garras afiadas e dentes a mostra.

O cavaleiro com a espada a frente e olhando para os lados vai recuando, recuando enquanto ao lado o exército inimigo o cercava. Alejandro corre rapidamente até um cômodo e tranca a porta.

_ Maldição... Que noite longa!

A espada de prata brilha com as chamas do mago guerreiro e ele finalmente repara onde está. Era a adega do mosteiro, era ali onde os tonéis de bebida destilada ficavam guardados, a maioria estava vazio. Ele sorri. Barris vazios produzem gás.

_ Hora do contra-ataque!

No momento em que os vampiros derrubam a porta são recebidos com um tonel nas fuças e uma bola de fogo. Explosão! Os morcegos em chamas voam desesperados. Outro tonel voa e outra bola de fogo. Mais e mais explosões acontecem. O duplo exército recua e na porta surge Alejandro segurando outro tonel.

_ Posso perder a minha vida, mas uma coisa eu prometo. Vou enviar tantos demônios de volta ao inferno que o diabo terá que organizar uma fila de dobrar o quarteirão. – ele atira mais um barriu e manda fogo. Outra explosão. O cavaleiro grita. – Venham, malditos!

Naquele instante no horizonte o céu muda de cor, era a aurora que se aproximava. Imediatamente os vampiros e os gatos recuam. Alejandro cai esgotado, estava a salvo.


* * * * *


Em Vahliör, milady Treselle é arrastada como um pedaço de carne pelos corredores por um de seus carrascos deixando atrás de si um rastro de sangue. Quando o indivíduo vira à esquerda dá de cara com Maundrell, um dos anciãos do reino e o mais fiel a Treselle, ele olha para o carrasco e pergunta:

_ Onde vai com a princesa?

_ Tenho ordens do rei para levá-la ao pico do monte Aquerontes e deixá-la para os abutres terminarem o serviço.

_ Entendo, então vai seguir as ordens daquele impostor, não é?

_ Eu sigo o rei mais forte.

_ Treselle é a mais forte. – diz rindo. – Pode levá-la, mas esteja certo de que ela esteja bem presa, pois se os abutres não acabarem realmente com ela eu tenho pena de você. No seu lugar colocaria vigilantes para garantir que ela não sobreviverá.

Dizendo isso ele vira-se e sai sem olhar para trás, em seu íntimo queria ajudar sua mestra naquele instante, mas fazer isso seria demasiado arriscado, sua única chance era reunir ajuda e para isso tinha que ir até a cidade de Hécate, dos membros do pacto das sete raças o grupo dos magos era o que estava mais próximo naquele instante. Ele se cobre com imensos capotes para se proteger da luz do sol e parte para a cidade montando um imenso lobo de duas cabeças e asas de morcego. Em poucas horas chega ao mosteiro de Hécate, ele desmonta e segue a pé até encontrar o cenário de uma catástrofe. Percebendo que corria risco, se esconde em algum local escuro e procura escutar as informações dos passantes.

_ Malditos Vampiros! – dizia um. – Para quê serve o pacto que o mestre Francesco fez se eles na primeira oportunidade nos fazem isso? Deveríamos era reunir um exército e incendiar Vahliör assim que o sol surgisse na manhã de amanhã e dar um fim a todos eles.

_ O reitor ainda está vivo, ele dará a decisão final sobre o que faremos, ainda porque, no momento, só temos um Cavaleiro da Ordem da Luz que sobreviveu ao massacre, o capitão Alejandro Villa Lobos Ramirez.

_ Alejandro deu sozinho o maior pau nos felinos e nos vampiros, ele é sem dúvida o Cavaleiro da Luz mais forte da atualidade. Com ele do nosso lado temos uma chance. Ele precisa é de descansar, a luta da última noite foi árdua.

_ Melhor é deixá-lo dormir na ala leste do mosteiro, o local está quase abandonado e o que ele precisa mesmo é de silêncio.

Maundrell sorri, acabava de achar alguém que poderia ajudar a sua mestra. Ele se esgueira nas sombras até chegar a ala leste do mosteiro e encontra em uma cama o capitão em sono profundo.

_ Capitão Alejandro. Acorde! Preciso de sua ajuda!

O Capitão abre os olhos e se assusta por identificar logo a presença de um vampiro.

_ Não se assuste, não sou seu inimigo! Vim para pedir a sua ajuda!

_ Pedir minha ajuda? Vocês e o povo gato mataram muita gente essa noite!...

_ Eu sei... Mas acredite, não era a intenção de todos nós. – diz em tom de lamentação. – Nosso rei foi traído e morto pelo próprio filho que usurpou o trono de Vahliör, ele quebrou o pacto e se não for detido vai assassinar muito mais pessoas de todas as raças. Ele e o rei dos felinos estão juntos. Tífon e Trojan formaram uma aliança assassina que só poderá ser parada quando um novo regente assumir de forma legítima a cidade de Vahliör.

_ Então, nem todos os vampiros quebraram o pacto. – diz pensativo Alejandro. – O que podemos fazer?

_ Temos pouco tempo, milady Treselle está a beira da morte, ela está sendo levada ao pico do monte Aquerontes para ser deixada lá até a morte. Um vampiro não resiste a luz do sol por muito tempo ainda mais no estado atual em que se encontra depois do último confronto com o irmão. Só ela pode se tornar a rainha legítima e restaurar o pacto rompido.

Alejandro respira fundo, toma sua espada, se calça e se põe de pé.

_ Vamos acabar logo com isso. Já estou farto deste problema.

Maundrell e Alejandro cavalgam em direção ao pico Aquerontes, ele em seu lobo demoníaco e Alejandro em seu cavalo que não perdia em nada em velocidade no solo. Já no fim da tarde avistaram o pico.

_ Sou um conselheiro real, infelizmente não posso me ausentar por muito tempo ou acabará levantando suspeitas. – diz o vampiro. – Treselle deve estar fraca, a beira da morte a uma hora dessas, ela precisa se alimentar.

_ Como conseguirei alimento para um vampiro em um local como aquele?

_ Convenci ao carrasco a deixar um vigia. – sorri Maundrell. – Só lembre-se de uma coisa, caso o vigia for um vampiro não deixe que Treselle consuma o sangue dele até matá-lo, isso no futuro poderá causar problemas a ela.

_ Conheço a história, a alma do desencarnado fica preso a alma do possessor.

_ Exato.

Os dois se despedem, Alejandro deixa seu animal na beira de uma cascata e inicia a longa e perigosa subida do pico levando consigo sua espada e uma pequena besta. Para piorar estava a noite, a visibilidade era pouca e a subida era ainda mais traiçoeira para um ser humano. Durante toda a noite ele escalou a montanha sem descanso. O sol nasceu e ele viu que estava chegando próximo ao topo, continuou a longa jornada até chegar ao cume já na metade da tarde.

_ Mesmo para um Vampiro ou Gato a subida é traiçoeira, não creio que levando uma pessoa como carga eles devam ter conseguido chegar ao cume muito depressa... Creio que ainda a tempo de salvá-la.

E assim foi, ao chegar ao cume viu um homem-gato deitado entre as pedras, em uma sombra, era ele o vigia. E em uma estaca estava amarrada a vampiresa de frente para o sol soltando ainda leves gemidos de dor, sua aparência era de uma pobre velha totalmente ferida. Naquele momento o vigia sentiu a presença de alguém e saiu das pedras. Alejandro partiu para cima dele e os dois se chocam. Num giro rápido o espadachim corta a mão do inimigo e em outro as duas pernas. O gato urra de dor. Estava feito, o inimigo estava imobilizado. Alejandro aproxima-se de Treselle e corta as cordas que a mantinham pendida, ele a toma nos braços e a carrega em direção ao felino, mas ela instintivamente morde-lhe o pescoço. Ele sente a dor, mas não importa, continua caminhando até chegar próximo ao gato.

A medida que ela vai sugando o sangue o seu corpo vai se restaurando até que ela abre os olhos como recuperando a consciência. Imediatamente ela o larga e olha para o cavalheiro cheio de ternura.

_ Me desculpe.

Ele toca o ombro ferido e diz:

_ Não se preocupe, seu banquete está diante de você, sirva-se. Está com muita fome, não é?

Ela faz que sim. Em seguida toma o gato e crava-lhe os caninos. Durante uma hora ela bebe todo o sangue do inimigo até que não sobra mais nada. O corpo dela já estava melhor, a aparência bela voltou ao seu rosto e o seu corpo já estava novamente completo, no entanto sua pele ainda estava extremamente branca e levemente enrugada, a vampiresa não tinha retomado toda a sua juventude, o sangue ainda não havia sido suficiente.

_ Ainda está fraca?

_ Muito. _ ela diz.

_ Vamos sair daqui, no caminho encontrarei algo para você comer.

Alejandro cobre a vampiresa com sua capa para evitar que ela fique exposta ao sol e a amarra em suas costas.

_ Pretende me carregar até Vahliör?

_ Se for necessário para restabelecer a ordem, sim.

_ O que mais pretende fazer por mim?

_ Você é a única que pode acabar com o problema atual, não é? Farei o que for preciso.

Ela enlaça as pernas com força em torno do cavaleiro e pousa a cabeça em seus ombros.

_ Confio em você, me leve para casa.

E os dois iniciam a perigosa descida.


CONTINUA...

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty Capitulo 3

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:39 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1


O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 3

As pedras rolam pelo grande penhasco, o sol quente da tarde ardia durante a descida de Alejandro e sua protegida, ele olha sobre o ombro e vê como está a princesa resgatada. Treselle estava coberta com a capa do cavaleiro e bem amarrada em suas costas, o semblante da vampiresa era de dor e desconforto. Estava quente demais, iluminado demais para os seres de sua raça. Alejandro sabia disso, os seres noturnos adoecem e morrem na presença do sol e com ela não seria diferente se ele não se apressasse. Em nome da segurança da moça, ele se arrastou pelo penhasco até uma ravina e lá a escondeu do sol durante algumas horas, tempo suficiente para que o sol mudasse de posição a ponto de ter condições de reiniciar a descida.

Ele olha para os céus e relembra o que ocorreu até ali. O ataque do demônio felino na floresta, o ataque dos felinos e vampiros durante a noite e o seu encontro com o vampiro Maundrell que explicou o golpe de estado em Vahliör e a importância de Treselle para que a ordem fosse restabelecida. A descida continuou lenta e perigosa ainda por várias horas até que finalmente a parte mais íngreme da montanha havia chegado ao fim. Já era à noitinha quando o cavaleiro corria carregando a vampiresa pelas descidas do vale do monte Aquerontes. Repentinamente ela dá-lhe uma violenta mordida na orelha que a faz sangrar levemente e ela começa a lamber as gotinhas.

_ Está com fome, não é? Poderia ao menos ter pedido para parar!

_ Desculpe, achei que não ia perceber. – respondeu dando uma risadinha.

_ A pele dos seres humanos é sensível a dor, ao contrário de mortos-vivos como a senhorita.

_ Minha pele é bem sensível. – disse demonstrando certa irritação a princesa. – Tão sensível quanto a pele humana. E não somos mortos vivos, somos apenas uma raça diferente.

_ Eu poderia dissertar a você sobre o contrário, mas no momento não tenho tempo para isso. – retruca Alexandro não se deixando intimidar. Ele pára, desamarra os laços em torno do corpo e coloca a vampiresa carinhosamente em baixo de uma árvore. Era um local bonito onde um pequeno regato fazia uma cascata. – Vou preparar um pouco de fogo, pois não como comida fria e em seguida vou procurar algo para você se alimentar e eu também.

_ Posso te tornar um de nós, assim este inconveniente terminaria.

_ Prefiro perder a vida que minha humanidade.

Treselle franziu o rosto, fez beicinho e se cobriu com a capa de Alejandro virando-se para um canto. Ele nem se importou, foi logo atrás do alimento levando sua espada e uma pequena besta. Como bom guerreiro não tardou em abater um coelho e um grande gamo que conseguiu carregar ainda vivo até a vampiresa. Ela então se fartou com o sangue do gamo até que não sobrasse mais nada em suas veias enquanto Alexandro preparou seu churrasco com a presa menor. Depois de beber tanto sangue a princesa dos vampiros recuperou sua forma completa, já conseguia se pôr de pé sozinha e seus olhos avermelhados brilhavam como dois rubis na noite. O corpo frágil tornou-se jovem e belo, no entanto, sua pele continuava branca como um cadáver.. Cor característica dos vampiros. Ela se dirigiu para a pequena cascata que havia e começou a se banhar sob a luz da grande lua alaranjada que era a que brilhava mais naquela época do mês. Com suas mãos ela terminou de rasgar os farrapos que usava e com os retalhos começou a se lavar tranquilamente sempre olhando curiosa para o humano esperando que ele desse uma espiada. Porém o tempo passava e ele demonstrava mais interesse no coelho assado do que nela. Com ar de menina má, ela chama:

_ Alejandro. – e ele olha. – Essa é para você!

E começa a cantar uma melodia lânguida e lenta e ao mesmo tempo começa a dançar lentamente rebolando e se exibindo. Ele, sentado no chão, olha para a vampiresa com um pedaço de coxa de coelho na boca, sorri e começa a observá-la com o olhar inocente de um espectador em uma platéia de teatro. Assim que a música acaba ele ri e bate palmas voltando a comer seu coelho tranquilamente. Treselle bate o pé na água irritada e grita.

_ Mas afinal de contas, o que há com você?

_ Como assim?

_ Não me acha bonita?

_ Acho sim.

_ Não me acha atraente?

_ Acho sim.

_ E porque não faz nada?

_ Alteza... – diz demonstrando estar ofendido. - ...Sou um cavaleiro da ordem da luz, tenho quase quarenta anos, já escoltei todo o tipo de sacerdote, dama e até imortal em minha vida e com todo o respeito, para mim você não é diferente de nenhuma outra autoridade de antes.

_ Ah, não sou, é? – diz com um sorriso estranho no rosto e caminhando em direção a Alejandro. Quando chegou próxima a ele estranhamente ele sentiu a vampiresa muito maior e mais feminina do que antes. – Acha que uma vampiresa real é uma qualquer?

O cavaleiro embasbaca e engole seco. Ele fica sem reação quando ela, com o seu pé direito, o empurra ao solo o deitando. Os dois se olham, ela passa a língua nos lábios e sobe em seu corpo, passeando e dançando sobre ele como na cachoeira e repetindo a melodia passada. Fazendo pose de rainha ela passa o pé no rosto do homem que desta vez lançava para a vampiresa um olhar tão fascinado que ela encheu-se de orgulho e prazer.

_ Você é o meu palco. Espero que goste deste show, pois ele é exclusivo.

_ Por quê? – pergunta ele sentindo-se enfeitiçado por ela.

_ Humano tolo... – diz agachando lentamente e sentando-se confortavelmente sobre o ventre do cavaleiro e em seguida passando sua mão levemente no rosto dele. – Você ainda não notou que estou apaixonada por você?

Alejandro arregala os olhos.

_ Isso é impossível, você é a princesa dos vampiros, é um ser das trevas de sangue real e eu sou só uma presa.

_ Como vampiresa só vi em minha vida morte e traição. Alguém sempre tentando tomar o lugar do meu pai que era o mais forte... – ela se ajeita sobre Alejandro e inclina seu corpo até ficar cara a cara com ele. – Com você... Pela primeira vez me senti acolhida de verdade por alguém, me senti protegida, me senti envolvida... Desculpe se eu...

Ela não terminou de falar, Alejandro puxou o corpo dela e eles se beijaram longamente sob a luz do luar e ao som da cascata. Entregues a paixão fulminante os dois se uniram como um eclipse de duas das luas do céu tendo o vento gelado da noite como manto.

Já era tarde quando a lua alaranjada estava no ponto mais alto do firmamento e Alejandro terminava de arrumar Treselle com sua capa. Agora, amarrada daquela forma, aquilo mais parecia uma túnica para ela. Ela olha para Alejandro com carinho e pergunta:

_ Como conseguiu me achar?

_ Maundrell, um subordinado seu.

_ Maundrell... – ela se lembra e sorri. – Aquela velha raposa não se esqueceu mesmo de mim.

_ Parece que a traição é algo comum em seu reino.

_ Infelizmente sim, por isso quero mudar este costume. Como meu pai dizia, agora somos guardiões da lei e temos que nos comportar como tais. Neste mundo somos a raça mais poderosa e temos que agir de forma condizente. Nosso poder precisa ser mediador da paz e não estopim para guerras.

_ Você é realmente diferente dos seres das trevas que já enfrentei. Desculpe-me por sempre julgar mal o seu povo.

Treselle passa a mão com carinho nos cabelos de Alejandro.

_ Preciso de você comigo, você é a porção de humanidade importante na minha vida, faço qualquer coisa para ter você.

_ Não precisa fazer muito, basta me respeitar como ser humano que sempre estarei ao seu lado.

_ Tem certeza que não quer se tornar um vampiro? – diz angustiada já pensando nos efeitos do tempo onde cedo ou tarde o corpo humano perece. – Como humano não poderei ficar com você pela eternidade.

_ A eternidade para mim é o hoje, são os momentos que estou com você.

Ela sorri e o abraça com força. E finalmente depois de um longo beijo eles reiniciam sua caminhada. O tempo passa até que finalmente chegam ao pé do monte e pegam uma trilha, Alejandro olhava para o lado apreensivo.

_ O que foi? – perguntou a princesa dos vampiros.

_ Meu cavalo, não consigo achá-lo. Dinamático é um animal inteligente e fugiria se fosse ameaçado por algo perigoso. – Alejandro começa a olhar o solo enquanto caminhava até que finalmente encontrou rastros de ferradura. – Ele passou por aqui.

_ Como pode ter certeza?

_ O desenho da ferradura e o número de cravos. Tenho certeza que é dele.

Os dois começam a seguir a trilha até que chegam a um rochedo onde havia a entrada de uma grande caverna. De dentro da caverna, vários pares de olhos vermelhos os observava. Um deles acenou com o braço, era um vampiro.

_ Isso é impressionante! – disse ele. – realmente não esperávamos que um humano fosse capaz de conseguir tal feito em tão pouco tempo, pelo visto Maundrell estava certo ao seu respeito, matador de demônios.

_ Quem são vocês? – perguntou o guerreiro.

_ Somos seguidores de lady Treselle, assim que soubemos o que houve com ela nós fugimos de Vahliör, se permanecêssemos lá com certeza os subordinados de Trojan nos aniquilariam.

_ Eu os conheço. – Treselle entra na conversa. – Este é Drake Arnauld, um de meus arautos. – ele ajoelha-se diante da sua princesa e beija as mãos dela. – Não se esqueceu de mim, não é?

_ Nunca milady. – respondeu sem hesitar dando-lhe mais beijos na mão e olhando-a com imenso desejo.

_ E o meu cavalo? – perguntou Alejandro desviando o olhar.

_ Ele está sendo bem cuidado, eu lhe garanto. Temos um problema grande, Trojan vai se coroar a si mesmo de rei na próxima lua, a lua cheia Azul. Temos que detê-lo, mas ele é poderoso demais e Treselle não pode tocá-lo devido a maldição que recebeu do pai.

_ Não preciso tocar em meu irmão para mandá-lo ao inferno. Vamos nos apressar e ir ao encontro dele, temos um exército, não é?

_ São poucos, mas são fiéis, minha princesa. – ele olhou com pesar. – Infelizmente não são muitos aqueles que têm coragem para se rebelar contra alguém como seu irmão, os vampiros sempre ficam do lado mais forte e para muitos a grandiosa Treselle está morta. Talvez o melhor seja que continuemos ocultos, mas vivos.

Treselle serra os dentes e olha para o solo, não queria aceitar perder tudo o que o pai havia construído. Alejandro que a observava entra na conversa.

_ É cedo para desistir, a próxima passagem de mês só surgirá daqui a quatro dias, o pai de Treselle fez um pacto de fidelidade com as sete raças, com certeza algum outro juiz poderá ajudar-nos. – ele olha para o céu como se pensasse um pouco e depois retoma o raciocínio. – Acho que sei quem pode fazer algo, Alanna, a grã sacerdotisa das imortais.

_ Impossível, as imortais não se meteriam em uma guerra contra os vampiros. – retrucou Drake Arnauld. – Buscá-la é um trabalho inútil.

_ Existem várias maneiras de ajudar, eu já estive com a grã sacerdotisa Alanna uma vez e ela me afirmou que quando eu precisasse de ajuda as imortais achariam o caminho. Sei do poder misterioso que elas possuem e sei que ela poderá ajudar. Se aguardarem, poderei voltar em até três dias.

_ Não aguardarei nada! – disse Treselle resolvida. – Você não vai a lugar algum sem mim.

_ É arriscado. – diz Alejandro. – Não terei muito tempo para descansar mesmo a cavalo levaremos mais de um dia para chegar até lá nas atuais circunstâncias.

_ Drake, me arranje roupas apropriadas para uma viagem deste porte. – diz olhando de forma fulminante para o subordinado. – Você e os outros preparem as armas. Dentro de três dias estaremos de volta com a estratégia de batalha.

_ Milady. – diz Drake assustado. – Não pode sair assim, acabou de voltar da morte e...

_ Será mais útil por enquanto se poucos souberem que estou de volta, a minha viagem servirá para garantir que meu irmão não se preocupará. Faça o que eu digo e não se preocupe, Alejandro é forte o suficiente para cuidar de mim durante o dia, quando meus poderes são nulos.

Drake Arnauld nada disse, apenas olhou para Alejandro contrariado e cheio de inveja. Em seguida trouxe as roupas que sua mestra ordenara. Treselle se arrumou com roupas curtas e cobriu seu corpo com uma pesada túnica que a protegeria dos indesejáveis raios de sol. Ela montou em um cavalo cor-de-sangue quase tão veloz quanto o animal de seu companheiro e partiu com Alejandro para a Floresta Aglaia. Durante horas viajaram cortando regatos florestas e campinas até chegarem a um grande rio.

_ Treselle, o que foi?

_ Muita água... Água demais! – diz engolindo seco.

Alejandro desmontou de seu cavalo e amarrou um animal ao outro.

_ Não se preocupe, Dinamático está acostumado a cruzar grandes rios assim, ele vai guiar seu animal com segurança.

_ E quanto a nós?

_ Vamos agarrados neles. O rio é profundo, mas se segurar bem não se afogará.

_ Como é? Vamos entrar nessa água toda? – gritou apavorada. – Se eu cair aí estou morta!

_ Quer me esperar aqui? – disse sorrindo com tranqüilidade. Ela, pelo contrário o olhou com olhinhos tão penetrantes e cheios de tristeza que ele acabou respirando fundo e chegando até o lado dela. – Venha, eu vou levar você, prometo que não vai tocar na água.

A vampiresa sorri e monta sobre os ombros do cavaleiro. Eles iniciam a travessia e pra lá da metade do rio ela já se divertia cantando e bagunçando o cabelo de Alejandro. Depois da primeira grande travessia a viagem passou a transcorrer assim, sempre que havia qualquer “poça d’água”, segundo Alejandro, ela já se apressava em saltar em cima do cavaleiro dizendo: “Me salve, meu herói!” e ele desatava a rir. Alejandro estava feliz, sabia que se ela agia de forma tão natural era porque confiava sua vida a ele. Seu carinho pela vampiresa crescia cada vez mais a medida que a viagem se aproximava do destino final.

Finalmente chegaram a Floresta de Aglaia. Já era a noite quando uma donzela imortal surgiu entre as névoas.

_ Alejandro, finalmente você chegou. – ela disse. – Venha!

A dupla seguiu a sombra até o grande lago Lithium onde um barco a remo os aguardava. Treselle e a donzela sentaram-se na proa e Alejandro tomou os remos e sentou-se no meio do barco. Vagarosamente o barco cruzou o lago até chegar a uma ilha envolta em névoa. Cerca de meia dúzia de edificações simples havia no local, eles caminharam por elas até chegarem a casa que pertencia a grã-sacerdotisa. Lá foram recebidos por ela e outras três donzelas.

_ Senhorita Alanna. – diz Alejandro se colocando de joelhos.

_ Levante-se Alejandro, seja bem vindo a minha casa. Eu já esperava por você.

_ Eu sabia disso, então sabe porque viemos, não é?

Ela acenou com a cabeça fazendo que sim e sorriu.

[Continua...]

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty Capitulo 4

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:40 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1


O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 4

Treselle e Alejandro finalmente chegaram na residência de Alanna, a grã sacerdotisa das imortais. Ali estavam reunidos junto com outras quatro sacerdotisas, a que os guiou até a ilha e outras três que serviam de companhia para sua líder.

_ Sabia que viria me procurar, você é um honrado cavaleiro da ordem da luz e não descansaria até que a ordem quebrada fosse restaurada. – sorri Alanna em seguida baixa a cabeça com pesar. – O que houve em Vahliör foi algo muito sério e a raça dos vampiros cometeu um grande pecado pela ambição do usurpador.

_ Eu sou Treselle, princesa dos vampiros. – diz a vampiresa se identificando. – Sei que o crime cometido por meu irmão foi grave, por isso quero lutar por uma segunda chance para a raça de meu pai.

_ Não é tão simples. – Alanna a olha de forma penetrante. – A sua raça é de uma natureza maligna e traiçoeira, ao contrário de você que herdou a honra de seu pai e é justa e verdadeira nos contratos que faz. Se eu pudesse lhe dar um conselho seria que deixasse o seu irmão de lado, pois o caminho que ele escolheu para o seu povo só o levará a morte e a danação. Aquele que deseja o mundo acaba engolido por ele.

_ Eu sei disso. – responde a princesa sem hesitar. – Mas sou filha de meu pai, não posso cruzar os braços e ver o meu povo ser extinto assim. Não fui criada para reinar para aceitar isso!

_ Mas é o que deveria fazer. Nesta guerra você poderá contar com quem? Já pensou no preço que terá que pagar? Não sei se sabe, mas se tomar o caminho da rainha você terá ao seu redor poucos em quem poderá confiar, ainda mais agora. – ela diz isso e olha para Alejandro. – Alejandro, poderia esperar um pouco lá fora? – Ele faz que sim e sai acompanhado de uma sacerdotisa.

Treselle o olha, baixa a cabeça e entende, a rainha das imortais era realmente poderosa, ela já percebeu o amor que sentia por Alejandro e mais ainda que ninguém de sua raça aceitaria o amor dela por um humano que para eles não é mais que um animal para abate. Alanna toca a cabeça da vampiresa e ela vê Alejandro sendo humilhado, surrado, sendo mordido e pisoteado pelos outros vampiros, algemado e atirado em uma cela escura e úmida, morto e esquecido como uma pilha de ossos.

_ Não! Não! Eu não iria deixar! – gritou a Vampiresa caindo de joelhos em lágrimas. – Eu não iria deixar!

Alanna afaga os cabelos dela com carinho.

_ Linda! Sei que você não iria deixar, mas acha que vai poder protegê-lo o tempo todo? Acha que seu status de rainha impediria que ele fosse assassinado na primeira oportunidade?

_ Eu o amo. Pela primeira vez sinto isso por alguém!

_ Vocês se amam, deveriam viver este amor em paz. Se escolher o outro caminho vocês não terão um dia sequer de paz. Nesta guerra o único homem que está realmente disposto a dar a vida por você é justamente Alejandro e te digo que o preço para se tornar rainha será a morte do homem que você ama. Está disposta a pagar este preço? – Treselle engole seco. – Pense nisso. Acho que você e Alejandro precisam conversar. – A sacerdotisa faz sinal para as acompanhantes. – Levem a princesa Treselle e o cavaleiro da ordem da luz para a casa de hóspedes, eles precisam descansar e pensar bem no que farão.

E assim foi feito, Treselle e Alejandro foram levados a uma pequena casa onde havia um quarto bem arrumado e tranqüilo e ali foram deixados. Alejandro perguntava a todo instante a Treselle o que ocorrera e ela, emburrada, respondia que não era nada. Vendo que ela no momento nada diria, ele apressou-se em acender o fogo e a aquecer água. Treselle por sua vez ficou deitada na cama, olhando para o teto, angustiada com a cena que viu em sua mente.

_ Ei, minha dançarina. – diz Alejandro com carinho. – Vampiros bebem chá?

Ela, tentando sorrir, fez com a cabeça que sim. Em instantes ambos estavam bebendo uma grande caneca de chá. A medida de tomavam, Treselle olhava mais e mais para Alejandro.

_ Minha dançarina, não gostou do que a sacerdotisa lhe falou, não é?

_ Não se preocupe, não é problema seu. – disse emburrada.

– É tão ruim assim?

_ Já disse, não se preocupe, não é problema seu. Você é irritante! – diz em tom autoritário, mas sem conseguir esconder os sentimentos. – Não sou tão frágil assim, pensa que qualquer coisa me abala?

Alejandro coça a cabeça, respira fundo e tenta denovo.

– Então, se lutarmos, nós perderemos para seu irmão, não é?

_ Não é isso.

_ Ora. – sorriu Alejandro. – Então é uma coisa boa, existe a possibilidade de vitória, não é?

_ Sim, mas... – ela pára por um instante e fecha a cara denovo.

_ Mas o quê? Temos que tentar, afinal, é a única maneira de restaurar a ordem em Vahliör, não é?

_ Alejandro... – ela olha para ele e fala finalmente tudo. – Se você lutar poderá morrer.

_ É isso que te assusta? – diz o cavaleiro da ordem da luz rindo. – Isso pode acontecer a qualquer dia e a qualquer hora, se isso ocorrer na batalha contra seu irmão que assim seja. Só me prometa que quando se tornar rainha vai visitar meu túmulo todos os anos.

_ Seu bobo! – gritou ela partindo para cima dele e dando-lhe socos. – Não quero perder você, não quero!

_ Calma! – diz rindo. – Eu estou aqui, não estou?

_ Alejandro. – Treselle olha para ele com olhar suplicante. – Por favor, torne-se um vampiro.

Desta vez é ele que muda de humor e a afasta com cara de poucos amigos. Em seguida vira de costas e olha pela a janela observando a mata escura.

_ Treselle, respeito sua raça, portanto quero que respeite a minha. Sou um homem e se tiver que morrer, eu quero deixar esta vida com dignidade. Jamais quero me tornar um vampiro, eu não vou consumir o sangue de outro ser humano ou de outro ser para me manter vivo. É o único pedido que lhe faço, se me ama de verdade, por favor, respeite isso.

_ Me desculpe. – disse ela baixando a cabeça e chorando baixinho.

_ Precisamos descansar, temos que partir até o meio dia de amanhã se quisermos que o prazo que estipulamos seja cumprido.

O cavaleiro envolve a vampiresa nos braços e a deita na cama. Ele carinhosamente acaricia sua pele até que ela durma profundamente. Quando Treselle acorda já é de manhã. Ela põe a mão no rosto e sorri de forma irônica. “Essa é boa, uma vampiresa acordando com os primeiros raios de sol.” Alejandro ainda dormia. Com um risinho sapeca ela resolve se aventurar acendendo o fogo e fazendo chá. Ainda que meio atrapalhada ela consegue repetir com eficiência o que Alejandro fez na noite anterior e encher as duas canecas. Mexendo na pequena na cozinha acabou achando um pote com frutas cristalizadas. Provou um, achou bom e preparou a mesa de café.

_ Está lindo!

_ Acordou? – diz Treselle assustada. – Fiz muito barulho, não é?

_ Nem um pouco, está perfeito! – Alejandro abraça a vampiresa e a beija. – Você fez tudo isso?

_ Nem tudo, as frutas cristalizadas eu achei. Não estou acostumada com a comida dos homens, espero não ter feito bobagem alguma.

Alejandro apenas toca a face de Treselle que abraça o amado com força, se sentia muito feliz. Mas seu coração ainda doía pelas imagens que viu antes.

– Alejandro, se você morrer não sei o que farei.

_ A morte é algo natural, minha dançarina. – diz acariciando os cabelos da vampiresa. – E não há o que reclamar, o que é a morte de um humano comparado a restauração da ordem de toda Nairë? Se vamos à guerra, estamos colocando nossas vidas em risco para a realização deste sonho, portanto, não tenho arrependimentos se morrer em batalha por isso.

_ Não tem medo de morrer?

_ Não, porque se eu me for estarei entregando a ordem em suas mãos e, além disso, sei que em vida fui muito feliz por ter amado você.

Treselle o agarra com força e desata a chorar. Alejandro a abraça e a acaricia até que ela pare com as lágrimas.

_ Vamos, não podemos ficar atrasando ainda mais a Grã Sacerdotisa.

O casal caminha novamente até a residência da líder das imortais. Ela os recebe dizendo:

_ Acho que a linha está clara, a escolha foi difícil, não?

_ Não. – disse Alejandro. – Não havia o que escolher, Vahliör e o equilíbrio das forças precisam de Treselle e este caminho precisa ser feito custe o que custar.

_ Alejandro. – riu a sacerdotisa. – Sempre se colocando na linha de frente. Você é um homem que não teme a morte, não é?

_ A morte é para mim apenas uma longa noite de sono tranqüilo, só que até a noite chegar ainda não é hora de dormir.

A sacerdotisa riu e fez sinal para que o casal se sentasse em um grande banco de madeira. Ela se senta na frente deles em uma cadeira de bambu.

_ Geralmente a época das chuvas só acontece no fim de cada estação, entretanto as vezes, uma forte tempestade fora de época vem da direção das florestas Wobbly Fool. Este ano o vulcão da Villa de Móh está em atividade, o choque do ar quente do vulcão com o ar frio da tempestade irá ocasionar na região norte de Nairë tufões e trombas d’água. Não é aconselhável a partir do primeiro dia da mudança de lua que se saia de casa.

Alejandro passa a mão nos cabelos e começa a rir.

_ Isso é perfeito. – disse ele. – Obrigado, mestra Alanna.

_ Não entendi nada. – diz assustada Treselle que ganha um beijo na testa do amante.

_ Vou arrumar as coisas para partirmos, já temos nossa estratégia para a luta. – ele cumprimenta a todos e sai da casa deixando Treselle e Alanna a sós novamente. Treselle ao vê-lo partir leva a mão no peito.

_ Então, se continuar assim será meus últimos dias com ele... – diz a vampiresa com tristeza. Depois olha para Alejandro com um olhar cheio de fúria.

_ Por que ele não se torna um vampiro? Por que é tão egoísta a ponto de morrer e não pensar que eu o amo? – diz a sacertodisa sorrindo. – É isso o que você pensa, não é?

Treselle olha para ela assombrada, ela definiu muito bem o que ela sentia naquele momento.

_ Alguém secular como você não consegue compreender alguém com um tempo de vida limitado como o ser humano, e ele também não consegue entender como você se sente. Isso é natural, vocês são diferentes, sempre será assim.

_ É pouco tempo... Pouco demais. – diz com nó na garganta a vampiresa.

_ Mirella. – chamou a líder das imortais. Naquele instante entra uma criança na sala com cerca de onze anos. – Traga para mim aquele ovo.

_ Qual ovo, mamãe? O do coelhinho?[*]

_ O do coelhinho será de sua filha quando você crescer. Eu quero o negro, aquele que eu disse que estava gorado.

A criança saiu correndo e pouco depois chegou com um grande ovo com cerca de vinte centímetros de altura. Alanna deu um beijo na menina e a mandou ir brincar. Em seguida entrega o ovo a Treselle.

_ Tome, isso é um presente.

_ Um ovo choco? – Treselle olha o ovo com desconfiança. – O que vou fazer com um ovo choco?

_ Não é um ovo qualquer, é um ovo de dragão vermelho. Alejandro é do signo do fogo, não é? Este ovo é de uma espécie de dragão vermelho chamada no deserto de Lagarto Caçador. Eles são relativamente pequenos, não voam, mas são muito velozes em terra, saltam e nadam muito bem além de escalarem qualquer coisa. – diz a sacerdotisa sorrindo. – Deve levá-lo, ele é um bom ovo para se fazer magias, e você como vampiresa conhece magia das trevas, não conhece?

_ Como assim?

_ Guarde o ovo, querida. – diz a sacerdotisa sorrindo. – Também sou de opinião que homens valentes como Alejandro não deveriam morrer tão jovens, entretanto aceito a decisão dele, ao contrário de você. E não me agradeça, pois o que lhe dou não é um presente qualquer, é um problema, com ele terá que fazer uma escolha difícil, deixar que seu amado morra com dignidade ou viva uma eternidade amaldiçoada por você.

Treselle saiu da pequena cabana levando o ovo, ela acaricia o presente e no fundo deseja que não aconteça o pior e tenha que fazer tal escolha. No horário esperado, a dupla reinicia a longa viagem até o norte de Nairë, seguindo a toda a velocidade desta vez pelas campinas.

_ Não pegamos este caminho quando viemos. – afirmou Treselle.

_ Eu sei, mas tem algo que vamos precisar e só vamos achar na cidade de Tessália. Vai atrasar um pouco a viagem, mas valerá a pena, eu garanto!

E assim foi feito, Alejandro deixou Treselle em um local seguro fora da cidade e duas horas depois retornou com vários embrulhos.

_ O que é isso?

_ Fogos de artifício! – riu ele. – Explico quando discutirmos o plano de ação.

E novamente partiram em direção à cidade dos vampiros, cavalgaram várias horas até que no dia seguinte chegaram ao penhasco onde os homens de Treselle estavam. Chegando lá ela chama, chama, chama e ninguém aparece.

_ Estranho... O que terá acontecido? – pergunta a vampiresa olhando para o seu companheiro que apenas olha com ar sério.

Alejandro desmonta do seu cavalo e começa a observar o solo. Em seguida toca os dedos das mãos e rapidamente põe a palma de ambas no chão. Um facho de luz cor de fogo percorre o solo mudando rapidamente da cor azulada para vermelha e desaparece.

_ O que foi isso? – pergunta a princesa dos vampiros.

_ Supressão das trevas, é uma técnica usada pelos cavaleiros da luz para localizar e destruir pequenos demônios. Como os vampiros são seres das trevas seria possível ver o rastro deles com isso, mas pelo que foi revelado os seus amigos já não estão mais aqui. Calculo pelas marcas do solo que saíram noite passada, possivelmente voltaram para casa.

_ Impossível, meus subordinados não me deixariam! – disse irritada. – Eles estão dispostos a dar a vida deles por mim.

_ São vampiros, tirando você e Maundrell, eu não tenho motivos para confiar minha vida nos outros.

Uma sombra passa pelo solo e derruba Alejandro do cavalo. Treselle olha para ele tremendamente irritada e em seguida cavalga morro acima.

_ Meus homens sempre estarão comigo, Alejandro! Sei que eles estão nas cavernas ao alto. Você fique aqui e me espere! – e desaparece fazendo poeira.


[Continua]

[*]Nota da editora: Para quem não se recorda, quando Mirella foi morta por Meister ela carregava a filha e um ovo, a filha como todos sabem é Safira, princesa do império, o ovo, desapareceu desde aquele dia. (Prólogo de The Priest of Nairë: http://culturapop.ohx.com.br/viewtopic.php?t=3117)

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty Capitulo 5

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:42 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1


O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 5



Treselle segue a procura de seus subordinados nas cordilheiras ao norte de Nairë. Ela segue as trilhas do monte observando as encostas e não localiza absolutamente nada. Fica cada vez mais e mais irritada até que começa finalmente a escurecer. Ela sorri porque nas trevas os seus poderes são plenos. Saltando de seu cavalo, a vampiresa olha para o lado escuro do céu se posicionando de forma oposta ao crepúsculo e imediatamente ela se transforma em centenas de pequenos morcegos que se espalham nos céus e vasculham as montanhas em busca de seus companheiros. Entretanto, mesmo com as centenas de olhos e ouvidos não consegue localizar ninguém. Então os quirópteros se reúnem em um único ponto e ao se juntarem formam um novo e enorme morcego que voa a toda velocidade para Vahliör.

“Maldição, será que eles retornaram mesmo para casa? O que será que aconteceu? Meu irmão Trojan conseguiu localizá-los?”

Ela já havia percorrido boa distância e já podia ver a cidade quando sente um ar frio cortando ao seu lado. Por puro reflexo ela se desvia e um outro grande morcego passa por ela.

_ Drake Arnauld! Estava procurando por você!

_ Minha rainha! – disse em tom festivo. – Sabia que poderia voltar em breve para os nossos braços. Por favor, me acompanhe.

Ela desce com ele até um vale próximo à entrada subterrânea de Vahliör, onde o grupo de vampiros a aguardava. Ela olha o bando e vê que o número deles está reduzido.

_ Onde estão os outros? Vocês foram perseguidos próximos ao monte Aquerontes?

_ Não, minha senhora, isso é apenas uma necessidade, eu lhe garanto. O grupo continua completo e pronto para servi-la por toda a eternidade se, como rainha, mostrar sua lealdade para com os de sua raça.

_ Então não precisam se preocupar. – disse com firmesa. – Sempre serei fiel aos de minha raça. – em seguida vira-se e começa a caminhar. – Agora venham, Alejandro é um guerreiro experiente e descobriu uma boa estratégia para enfrentarmos meu irmão.

_ Er... – Drake Arnauld se inclina levemente rangendo os dentes. – Minha rainha... Quando dissemos que seria fiel a você, quis dizer fiel aos de nossa raça milenar e superior à raça dos humanos. Sei que esse Cavaleiro da Luz salvou sua vida, mas, cá entre nós, ele já cumpriu o trabalho dele de lhe resgatar durante o dia, não acha?

_ O que quer dizer com isso? – Treselle o olha com ar desconfiado.

_ Ele é um animal! Um simples cão, gato ou porco... sei lá. Ele é nossa comida! Pensa só, minha princesa, se deseja um mascote nós conseguimos um para a senhora. Um que não fale e nem dê palpites ainda mais errados.

_ Como é? – grita Treselle possessa de raiva. – Quando nos reunimos ninguém sugeriu nada para retomar a coroa de meu irmão, e agora vocês querem, por inveja, que eu me livre de Alejandro?

_ Não precisa ser você. – diz Drake Arnald tocando as mãos da rainha e beijando. – Eu, como seu humilde servo, posso fazer isso para você... Aliás, alguns de nossos homens já estão atrás dele para trazê-lo até aqui. Claro que devidamente punido por se meter com uma raça superior, mas... Pronto para servir de oferenda a você, minha rainha.

Treselle fica atônita, engole seco, não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

_ Arnald... Você está brincando comigo, não é? Por favor, me explique... Por que está fazendo isso?

_ Trojan é mais forte que a senhora! – disse ajoelhado diante da princesa a olhando com olhos suplicantes. – Não teremos a menor chance, nós seremos todos definitivamente destruídos pelo seu irmão! E esse humano e você... Parecem dois namorados... É algo repulsivo alguém de sua categoria andando com um humano! É nojento! E tudo porque ele alimenta o seu sonho ridículo de voltar a ser a rainha de Vahliör.

_ Eu serei a rainha de Vahliör. – disse Treselle olhando Arnald com olhos vermelhos e brilhantes.

_ Treselle. – Arnald implora. – Eu amo você! Pelo amor que sinto eu sou capaz de dar a vida por você, por isso não quero que morra em vão. Devore a vida daquele traste de humano e case-se comigo. Formaremos um novo reino de vampiros em Nairë, tão grande quanto Vahliör.

Treselle sorri serrando os dentes, passa a mão levemente no cabelo de Arnald, acaricia o rosto dele e, por fim, trava suas garras no pescoço do subordinado o erguendo do solo com apenas uma das mãos.

_ Para ser meu esposo é preciso ser homem e Alejandro é muito mais homem que você jamais será!

A vampiresa crava seus caninos com tamanha fúria no pescoço do infeliz que a artéria e todos os músculos do local da mordida se rompem. O sangue voa como um jato vermelho. Os vampiros ficam desesperados gritando: “A rainha nos traiu! A rainha nos traiu!” E ela solta o pescoço de Arnald pouco antes do sangue dele se esgotar. Arnald ainda respira quando a princesa o segura pelo queixo e pela base do pescoço e puxa rapidamente a cabeça arrancando-a do corpo.

Ao ver o líder tombar, os seguidores partem e fúria para cima da Vampiresa, que sem sair do lugar apenas observa sua sombra assumir a forma de tentáculos que se deslocam pelo chão e envolvem o corpo dos atacantes os puxando para baixo. Os olhos dela se tornam vermelhos como brasa assim como a coloração de sua sombra que se torna um rio de sangue por onde os vampiros capturados se afundam. Eles se debatem desesperados nas sombras enquanto o corpo deles é dissolvido pelo mar vermelho.

Quando a sombra de Treselle assume a forma original e seus olhos param de brilhar, o que resta em torno dela são dezenas de esqueletos de vampiros. Ela olha em torno de si, cai de joelhos e chora. A grã-mestra das imortais tinha razão, ninguém lutaria por ela além de Alejandro. Ela amava sua raça, mas ali percebeu que em sua luta para preservar a dignidade de sua espécie ela estaria completamente sozinha.

Quando se cansa de chorar ela enxuga as lágrimas e se torna novamente um grande morcego partindo a toda velocidade na direção onde Alejandro estava. Seu coração batia forte, o bando de Drake Arnald era forte e um humano não teria chance alguma contra vampiros daquela categoria, por mais que um Cavaleiro da Luz fosse poderoso, os vampiros sempre estariam a um degrau acima na cadeia alimentar de Nairë.


* * * * *


Em Vahliör, uma reunião acontece entre os mais antigos vampiros do lugar, mas não é um encontro qualquer, ele é realizado nas catacumbas, longe dos olhos do rei Trojan.

_ Trojan é louco, conquistar Nairë pode parecer boa idéia a princípio, mas a verdade não é bem assim... – começa a dizer o velho Conde de Lautréamont – O pacto que fizemos com as outras raças prevê uma terrível maldição para com aqueles que descumprirem tal acordo com os deuses deste mundo. Eu prevejo o fim Vahliör e de todos os vampiros se essa insanidade continuar.

_ Justo você que é o mais sanguinário e canalha de nós dizendo isso, Lautréamont? – ri Alexander Lucard, o mais antigo deles e, no entanto, aquele com aparência mais jovem. – o fato é que Trojan tem sangue real, ele tem não apenas força, mas poder político para manter os vampiros sob seus pés.

_ Você também tem sangue real, Alexander. – toma a palavra Ivan Polamiscky – É o irmão mais jovem do rei falecido.

_ Não sou destinado a assumir o trono.

_ Ele tem razão, mas Treselle é. – diz Maundrell finalmente.

_ Treselle está morta. – diz Nosferius, o velho vampiro com cara de rato.

_ Tenho certeza que não. – diz Maudrell com serenidade. – Mas ela precisará de ajuda se quiser retomar o trono.

_ Está blefando! Ela não sobreviveria ao alvorecer do Monte Aquerontes onde ela foi enviada. Aliás, nenhum vampiro chegaria vivo até o meio-dia sob a luz do sol.

_ Lembram-se do Cavaleiro da Ordem da Luz, Alejandro Villa-Lobos Ramirez? Soube que ele pessoalmente a resgatou.

_ Eu o conheço. – afirma Lucard. – Aquele talvez seja o único humano em Nairë capaz de realizar um feito assim. Se ele foi salvar a princesa eu apostaria minhas fichas nele.

_ Se for verdade ela precisa retornar o quanto antes. – diz Lautréamont. – Onde ela está agora?

_ Com certeza acampada nos arredores da cidade. Outros vampiros devem estar com ela.

_ Maundrell, você é amigo dela, tem que encontrá-la para nós. – sibilou Nosferious.

Ao final da reunião, Lucard e Maundrell saem juntos das catacumbas.

_ Maundrell, acho que se precipitou meu amigo. Nosferius não é de confiança, não deveria ter aberto o jogo assim.

_ Ao contrário do que imagina, Conde Lucard, eu acho que é exatamente o momento de adiantar os ponteiros do relógio. Se Trojan continuar no trono por mais tempo ele se consolidará até entre os membros mais antigos do conselho.

_ Entendo. Vai partir atrás de Treselle?

_ Imediatamente.

_ Boa sorte! – Lucard o cumprimenta. – Dê lembranças a minha sobrinha por mim.

E, como os dois imaginavam, a primeira providência de Nosferius foi ir ao encontro de seu rei que estava sentado no trono real.

_ Imperador Trojan. – diz o conselheiro que com tais palavras atrai o olhar fixo de seu monarca. – Como imaginamos, existem traidores no conselho.

_ Ainda é cedo para mandar matá-los, são muitos os que ainda se opõe ao meu comando... Bem mais do que eu havia imaginado anteriormente. Preciso ser bem político agora e fazer as coisas bem feitas.

_ Eu sei, mas a situação é de risco, parece que milady Treselle continua viva.

_ Impossível, mesmo para minha irmãzinha que é poderosa ela não resistiria a tanto tempo exposta aos raios do sol.

_ Ela teve ajuda de um tal de Alejandro Villa-Lobos Ramirez. Os conselheiros traidores estão à procura dela.

_ Os gatos tiveram problemas com este humano em sua missão. A presença de um Cavaleiro da Ordem da Luz está causando um desequilíbrio nos planos. – em seguida, Trojan ergue o punho em direção a Nosferius – Você deve permanecer com eles. Avise-me assim que encontrarem estes rebeldes.

_ Sim meu rei. – e imediatamente sai da sala.

Trojan tenta levantar-se do trono e é acometido de uma violenta dor de cabeça. Ele cai e se debate, ao olhar para frente, o usurpador vê seu pai.

“Trojan, seu idiota, o que você fez comigo? Eu era seu pai, eu amava você! Quando estivesse pronto era em suas mãos que o trono de Vahliör ficaria. Por que me traiu, por que me assassinou? Agora sua alma e a minha estão ligadas eternamente até depois de sua morte, nem a regra mais básica dos vampiros você não obedeceu e sugou até a última gota de meu sangue.”

_ Maldição... Velho maldito! Saia da minha cabeça!

“Isso é impossível. Serei o seu eterno castigo por ter feito tamanha besteira.”

_ Não serei castigado! Eu sou forte o suficiente para resistir até mesmo à você! Eu sou o rei!

“Treselle, Treselle é a rainha!”

_ Não. Não é não! Nãaaaaoooo!!!! – berrou o usurpador.

“Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha! Treselle, Treselle é a rainha!”

_ AAAAHHHH!!! – Trojan desesperado bate a própria cabeça de encontro a parede – Saia da minha cabeça! Saia da minha cabeça! – e finalmente as vozes param. Ele cai esgotado no solo e olha para o teto de forma perdida. – Sempre quis ser mais forte que você, papai... Mas confesso que subestimei sua força ao beber o seu sangue até a última gota... Maldição, meu maior adversário para ser rei, no fim, sou eu mesmo!


* * * * *


Treselle finalmente chega ao local onde Alejandro estava, vasculha todo o local e nem encontra sinal do amado. Ela grita por seu nome, mas não obtém resposta alguma. Preocupada, toma novamente a forma de grande morcego e volta rapidamente ao local da batalha contra os Drake Arnauld e seus homens. Chegando lá ela reassume a forma humana e caminha feito uma louca em todas as direções para ver se encontrava algum sinal dos homens de Drake que foram atrás de seu amado, mas não encontrou novamente nada. O tempo passa e ela não sabe o que fazer... Por fim, novamente toma a forma de um imenso morcego e voa novamente para o local onde Alejandro estava, pensando: “Droga... Deixei passar alguma coisa... Não sei o que fazer!” Ela pousa e novamente toma a forma humana. Olha a sua volta e não vê nada de diferente de antes. Fica desolada. “Não devia tê-lo deixado sozinho... Na certa eles o pegaram e ao ver que o bando estava morto o devoraram.” A rainha dos vampiros engole o nó na garganta. “A culpa é toda minha. Nunca mais verei Alejandro”.

Naquele instante dois cavalos surgem, Dinamático e o animal de Treselle. O cavalo de Alejandro relincha e bate os pés com força no solo. Ela imediatamente entende que o animal quer levá-la a algum lugar. Ela o monta e diz: “Vai garoto, me leve até o Alejandro”. E Dinamático corre pela trilha seguido pelo corcel de Treselle. Cerca de meia hora depois ela chega a uma clareira onde vários vampiros estão mortos, carbonizados pelo poder de fogo de Alejandro e os cortes precisos de sua espada de prata. Numa árvore um bilhete pregado com caninos de vampiro com os dizeres:

“Minha linda dançarina, espero que encontre este bilhete, se encontrou é porque conseguiu se safar da traição de seus subordinados. Pelo visto teremos nós mesmos que deter o seu irmão, não é? Como vê também tive alguns contratempos esta noite, mas nada que um Cavaleiro da Luz não pudesse resolver. Também me encontrei com um amigo seu que me deu boas notícias, não estamos totalmente sozinhos. Então, não se preocupe comigo, não vou morrer sem antes ver novamente os seus lindos olhos vermelhos e sua dança. Logo a sua esquerda há um riacho que corta duas grandes pedras, é um bom lugar para que descanse antes que o sol surja. Volto em breve. Te amo!”

Treselle pega o bilhete, aperta entre os seios com força como se fosse o próprio Alejandro. Uma gota de lágrima brilhante desce de seus olhos.

_ Então, ainda quer ver mais uma dança minha, não é?... Seu bobo!... Vou estar te esperando!


* * * * *

No momento em que surgia no horizonte os primeiros raios de sol, Maundrell adentrava novamente a cidade de Vahliör. Quando chega aos portões do castelo, Nosferius o aguardava ansiosamente.

_ Olá amigo! – sibilou o vampiro.

_ Olá. – Saudou Maundrell.

_ Conseguiu localizar Lady Treselle?

_ Sim. Estive com ela pessoalmente. Precisamos reunir os outros e contar as novidades.

_ Mas... Mas... Sabe onde ela está? – diz Nosferius ansioso pela informação. – Estou preocupado com ela.

_ Não se preocupe, em dois dias ela estará na garganta do rio, logo a leste de Vahliör. É o próximo ponto de encontro. – e entra rapidamente no castelo sem olhar para trás.

Nosferius escuta a informação com satisfação e sorri.

[Continua...]

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Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:44 pm

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Tomo 1




O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 6


Nosferius chega à sala do trono e encontra o seu rei com o rosto ainda inchado e cara de poucos amigos.

_ Espero que tenha uma notícia boa. – disse em tom seco.

_ Tenho sim, eu lhe garanto. – sorriu o velho vampiro. – Sei onde Treselle estará em breve.

_ Como é? Conseguiu descobrir onde o grupo dela se reunirá para nos atacar?

_ Sim.

_ Venha! – Trojan se levanta animado. – Tenho uma missão para ti, já é de manhã, mas quero que na próxima noite o conselho de guerra esteja reunido.

_ Mas e sua coroação na primeira lua cheia azul, meu rei?

_ Enquanto Treselle continuar viva não haverá coroação alguma.

Os dois saem do salão principal e os grandes portões se fecham atrás deles.


* * * * *


Na mata, Alejandro com sua espada prepara centenas de flechas, corta e limpa com cuidado a madeira uma a uma, verifica o peso, o ângulo da madeira e se há alguma deformidade. As flechas precisavam ser perfeitas, pois sabia que enfrentaria uma quantidade de poderosos adversários que seriam capazes de aniquilá-lo em um segundo. Um vampiro adulto é mais forte que dez homens, ele era apenas um homem e teria que vencer muito mais que algumas dezenas de vampiros. Outra preocupação sua era com o fôlego, levaria desvantagem nisso também... Ele nos últimos dias havia viajado muito e se esforçado muito... Não sabia se seria capaz de enfrentar os inimigos por muito tempo... Sabendo disso o seu único desejo era poder dar a Treselle pelo menos uma boa chance de derrotar seu irmão, se pudesse fazer isso sua missão estaria cumprida.

Trabalhou durante horas até a metade da tarde quando, finalmente, todos os preparativos que ele julgava necessários estavam concluídos. Enterrou as flechas no chão deixando apenas o cabo e testou a fivela onde se amarraria a uma raiz de uma grande árvore que estava bem fixa no solo. Só então ele tomou a trilha e caminhou rumo o local que indicara a Treselle para descansar. Meia hora de caminhada depois estava perto de um riacho que percorria entre várias pedras formando uma garganta, duas delas estavam quase tão unidas que chegavam a formar uma caverna. “Foi aqui.” Lembrou-se. Ele caminhou na água e encontrou Treselle deitada sobre sua capa como havia preparado na noite anterior. Ele sorriu, se aproximou, beijou a fronte da princesa, deitou-se ao lado dela e dormiu pesadamente. Quando acordou já estava tudo escuro e Treselle não estava mais ao seu lado. Ventava forte. Ele levantou-se e saiu do local indo para fora, lá viu Treselle olhando para a lua e o horizonte onde nuvens negras se aproximavam.

_ A tempestade chegará em breve. – afirmou Alejandro. – Temos que achar algo para comer.

A vampiresa olhou para ele e fez sinal de positivo com a cabeça. Imediatamente tornou-se um grande morcego e voou dizendo:

_ Você faz o fogo e descansa, desta vez a caça é minha.

Alejandro preparou o fogo entre as pedras, em um local onde o vento forte não atrapalhava tanto. Cerca de vinte minutos depois, Treselle chega trazendo nas garras dois novilhos. Ela cai dos céus sobre os dois quebrando suas patas, imediatamente toma a forma humana e ataca a jugular do primeiro bebendo seu sangue. Alejandro observa tudo como se fosse a coisa mais natural do mundo, afinal, era uma vampiresa... Depois de se fartar ela joga o corpo do animal para Alejandro, que com sua faca corta bons pedaços do animal e começa a assá-lo. Enquanto isso, Treselle bebe o sangue do segundo novilho.

_ Estava mesmo com fome hoje, heim? – riu Alejandro.

_ Não vou me alimentar mais até depois da batalha de amanhã contra meu irmão, assim como os ursos se alimentam forte para hibernar durante o inverno, eu também pouparei minhas energias a partir de agora. No entanto, estou preocupada com você, é um humano, seu fôlego e sua força é menor que o de qualquer vampiro.

_ Não se preocupe com isso, estou acostumado a lutar contra adversários mais poderosos que eu. – sorriu Alejandro.

_ Seria mais fácil se...

_ Nada de “se”, Treselle. – diz Alejandro com irritação. – Sou um Cavaleiro da Ordem da Luz, não vou me tornar vampiro.

_ Desculpe... – diz baixando a cabeça.

Treselle cada vez mais via que a profecia da grã sacerdotisa estava se concretizando, o que queria dizer que breve o seu amor iria morrer. Durante o resto da noite ficaram assim, Alejandro pensando em Treselle, em amá-la uma última noite, pois sabia que no dia seguinte seria seu fim e Treselle lamentando por antecipação a morte de Alejandro, sem permitir ser tocada. Depois de comer Alejandro voltou a dormir enquanto Treselle olhava para a lua, quando o sol surgiu Alejandro se levantou e Treselle voltou a dormir. Ele passou o dia deitado nas sombras das árvores, olhando para o céu e se concentrando. Treselle dormia e soluçava baixinho, presa nos pesadelos da morte de Alejandro.

_ Espero que meus ancestrais estejam me esperando com uma festa em uma cama bem macia... Estou com saudades de dormir em uma. – diz Alejandro deitado na sombra.


Em Vahliör, os vampiros sob o comando de Trojan passaram as horas se preparando para atacar. Eles avançariam nas primeiras horas da noite. Pouco antes de saírem o rei usurpador recebeu a visita do rei dos gatos, Tífon.

_ A sua coroação não seria esta noite? Pensei que havia uma festa aqui!

_ Ainda tenho uma pendência. – respondeu Trojan com irritação. – Porque não vem conosco? Desta forma a nossa festa pode acontecer mais rápido.

_ Não! Adiar coroação de rei é sinal de mau agouro, além disso, o tempo está estranho... Parece que vai chover.

_ Me esqueci que gatos têm medo de serem escaldados. – riu o pseudo-rei.

_ Mas quando precisamos sabemos nadar, e vocês? – retalhou o gato.

Trojan fechou a cara e partiu com seu exército esporando violentamente o lobo gigante que montava. O exército de duzentos vampiros seguiu por terra beirando as encostas, Trojan queria usar o elemento surpresa para surpreender o exército de Treselle com seus principais ministros que o acompanhavam, dentre eles estava Nosferius que seguia orgulhosamente à direita de seu rei.

_ Fez um bom trabalho, Nosferius.

_ Fiz o que era certo para que você obtivesse a glória que lhe é devida.

O plano era simples, percorreriam por dentro da garganta com suas montarias e atacariam o exército de Treselle de baixo para cima, pois o exército dela aguardava em uma planície. A caminhada seguia tranqüila até que o vento forte e os respingos de chuva começaram.

_ Uma chuva fora de época.

_ Chuva forte, mas passageira. – sentenciou Trojan. – Sigam em frente!

O céu estava mais e mais escuro, propício para os vampiros, a chuva chegou forte com suas rajadas de vento. Os lobos ficaram irritados.

_ Lobos idiotas! – gritou um dos vampiros.

Não longe dali, Alejandro já estava de prontidão ao lado das flechas que havia enterrado e atado por uma das coxas na raiz. Ele compreendia bem que os animais não eram estúpidos, pelo contrário, eles já perceberam que com chuva todas as águas da cordilheira passavam pela enorme garganta e o nível da água já estava mudando. Para os vampiros, que sempre viveram seguros sob as montanhas de Vahliör, não era possível perceber os riscos de tal fenômeno da natureza. Assim que todos estavam em boa posição Alejandro acende o estopim, a corda que ele protegeu enrolando com capim se incendiou com facilidade mesmo na chuva. O que seguiu depois foi um conjunto de explosões e fogo logo atrás dos vampiros.

_ Então era este o fogo de artifício de Tessália... – riu Treselle. – Dinamite!

_ Treselle. – gritou Alejandro. – Entende agora o plano? Temos a chuva, um furacão e agora uma represa contra o exército do seu irmão.

E Alejandro estava certo, mal acabara de falar e os ventos giravam pelo local em grande velocidade como a Grã Sacerdotisa havia previsto.

_ Alejandro! – grita Treselle abraçando-se a uma grossa árvore na encosta do morro. – Do que isso adianta? Você não enxerga no escuro como vai poder lutar?

Ele sorriu, fechou os olhos e tomou uma flecha.

_ Sou um Cavaleiro da Ordem da Luz, para combater criaturas das trevas não posso ter medo do escuro. – Ele fez pontaria em direção ao céu e lançou a flecha. – Posso pressentir a presença deles, bem aqui embaixo à minha esquerda.

A flecha atirada subiu e por efeito dos fortes ventos descreveu uma parábola e desceu no abismo acertando em cheio o peito de Nosférius que, em um horrendo berro, caiu morto no chão molhado. A confusão entre o exército dos vampiros foi geral. As águas repentinamente subiram de nível, uns tentaram correr, outros, menos inteligentes, se tornaram morcegos que ao tentarem voar eram arrastados pelos ventos e se espatifavam nas pedras bem acima do rio caindo dentro do mesmo e encontrando seu fim nas corredeiras. Enquanto isso, Alexandro lançava mais e mais flechas, todas incrivelmente certeiras para espanto de Treselle que até ali não precisou fazer esforço algum.

_ Ainda bem que ele está do meu lado. Nunca imaginaria que um simples ser humano fosse capaz de fazer tamanho estrago na minha raça que está no topo da cadeia alimentar de Nairë.

Mas ela não ficou parada por muito tempo. Aqueles que começaram a subir as encostas estavam conseguindo escapar, dentre eles estava Trojan, irmão de Treselle.

_ Treselle! – gritou Alejandro. – Observe a minha flecha e use o vento em seu favor para atacar!

Ela balançou a cabeça de forma afirmativa e tornou-se um grande morcego voando em linha reta em direção aos ventos fortes do furacão, imediatamente os ventos a empurraram para trás e, descrevendo uma parábola semelhante a das flechas, ela despencou com tudo em cima do irmão. Os olhos dela tornaram-se vermelhos e toda a névoa produzida pela chuva se tornou como sangue. Os vampiros que tentavam subir pela encosta e eram atingidos pela névoa tinham uma morte horrível, pois seus corpos derretiam e sobravam apenas os ossos.

O furacão passou varrendo a garganta, afogando todo o exército dos vampiros que não conseguiu subir pelas encostas e escapar das águas do rio. Quase toda a guarnição de vampiros se afogou e os que não se afogaram acabaram destruídos pelas setas certeiras de Alejandro ou consumidos pelas névoas de Treselle que, aliás, naquele instante, cravava suas garras nos ombros de Trojan e o arremessava de uma pedra a outra violentamente se aproveitando do fato de já se adaptar às rajadas de vento e da situação de incapacidade de Trojan que estava em pânico.

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty Continuação do cap 6

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:44 pm

As garras de Treselle perfuraram o estômago do irmão, depois foram cravadas em suas costas, subindo rápido cortando os braços e partindo os ossos. Agora o braço esquerdo de Trojan estava completamente inutilizado. Ele berrava e gritava o nome de seus ministros e seus subordinados, mas nenhum deles ouvia. Ele apenas sentia um novo pontapé da irmã que o arremessou morro abaixo e ele só não caiu com tudo dentro das águas barrentas do rio porque se segurou em uma pedra.

_ Treselle, onde está o seu exército? O que fez com meus homens? – berrou ele molhado pela chuva e finalmente conseguindo recuperar a sanidade.

_ Eu não preciso de exército para acabar com você.

_ Não seja idiota, você não faria este estrago todo sozinha, não tente me enganar! Onde estão seus homens? Quero fazer um acordo.

_ Acordo? – bradou a vampiresa. – Acordo? Seu canalha, eu quero é que você morra! – e com toda a força de um vampiro ela arrancou um grande bloco de pedra do solo e se preparou para mandar em cima de Trojan.

_ Não pode fazer isso, irmãzinha. Sabe bem da maldição que nosso pai nos rogou. Eu não posso tirar sua vida e nem você a minha.

Era verdade. Durante a luta Treselle havia esquecido completamente disso. A maldição dos laços de sangue imposta pelo pai impedia que naquele momento ela acabasse definitivamente com o irmão. Estava fácil. Ele na beira do abismo, pendurado por uma das mãos. Ela em local seguro acima da cabeça dele. Bastava ela jogar a pedra e tudo estava acabado. Por alguns instantes a situação ficou assim... Um fitando o outro... Até que lágrimas começaram a rolar do rosto da Vampiresa, se misturando com o barro da pedra e as gotas de chuva forte.

_ Por quê? Por que matou nosso pai? Ele nos amava! Amava você! Ele te tornaria o rei quando sua hora chegasse!

_ Porque esta é a minha natureza! – respondeu Trojan. – Sou o que sou. Sou fera da noite, o leão das trevas que está no topo da cadeia alimentar de Nairë. Somos assim Treselle, você e eu. Não nascemos para proteger os pequenos seres mágicos e os frágeis deste mundo, nascemos para devorar tudo que estiver abaixo de nossos pés até nos fartarmos de sangue e prazer. Temos sede de viver, viver eternamente e completamente livres para fazermos o que desejarmos.

_ Livres... Mas sozinhos! – sentenciou ela. – Não tenho exército algum, a natureza dos vampiros fez com que todos a minha volta me traíssem. A sede por liberdade os fez escolherem a si mesmos e ao fazerem isso, não pensarem no impacto de suas ações no mundo, acabaram encontrando a morte. Este será o destino dos vampiros sob sua tutela, Trojan: uma glória fácil e uma extinção rápida.

Neste instante Trojan começa a rir, ria, ria incansavelmente. Até que olha para Treselle com desprezo e diz:

_ Já entendi o que houve, quem está com você é apenas aquele humano, aquele Cavaleiro da Ordem da Luz, não é? Isso é cômico! Você quer assumir o trono de um reino que não te quer, e ainda me vem com sermões do que é certo ou errado? O certo é fazer a vontade do povo, mesmo que isso signifique matar todo mundo do planeta! Se todo mundo servir de alimento pra gente e morrer, e daí? É problema nosso! Estamos acima dos outros é pra isso, azar o deles não terem tido a sorte de nascerem no topo da cadeia alimentar! Minha raça vai fazer o que quiser sim! A gente pode!

E desatou a rir loucamente. Treselle olhou para o irmão com o rosto cheio de tristeza, nunca se deram bem, nunca concordou em nada com ele durante toda a vida, mas era seu irmão e ela sempre o respeitou. Ela não via mais os vampiros da espécie dele como iguais, os via como abominações, criaturas que não deveriam mais estar lá, mas estavam. Ela sentiu o frio e o bater das águas fortes das chuvas em sua pele, lembrou-se das dores que passou até ali. Do que era estar viva. Lembrou-se de Alejandro, da Grã Sacerdotisa, das palavras dela, de Drake Arnald, da decepção que estava com os vampiros até o presente momento...

_ Estou triste! Realmente a raça de vampiros de Vahliör no momento possui a sua imagem e semelhança, Trojan. Talvez esteja certo, talvez o destino de todos nós seja matar todos os seres vivos até morrermos famintos e sozinhos... – ela ergue ainda mais o rochedo e se prepara para atirar. – Quem sabe sem nós dois, apareça algum outro capaz de governar o nosso povo melhor, não é?

_ Sua louca, o que pensa em fazer? – diz Trojan apavorado.

_ Morreremos nós dois, meu irmão!

E Treselle, sem soltar a pedra, se atira sobre o Trojan. O rochedo parte em dois ao chocar-se na parede de pedras da garganta e as lascas encontram seu fim nas corredeiras barrentas do rio profundo.

_ Você demorou muito, irmãzinha! – riu Trojan agarrado em uma outra pedra com o braço que anteriormente estava quebrado. – Permitiu que o meu sangue nobre de um vampiro de primeira linha recompusesse em sessenta por cento os nervos e as articulações de meus braços que foram destruídos por suas garras. Erro fatal!

Agora a situação se inverteu, Treselle acabou presa pelo pé em um rochedo tão próximo ao rio que seus cabelos tocavam a água. Ela estava de ponta-cabeça e o pé que ficou preso estava dobrado de uma maneira nada agradável. Estava quebrado. Imediatamente tentou mudar de forma para a de morcego gigante, mas desistiu no meio da transformação, havia gastado energia demais na luta contra o exército do irmão que era numeroso mesmo para ela. “Não vou desistir! Não vou desistir!” pensou alto forçando a transformação denovo. Entretanto, o resultado foi ainda pior...

Treselle apaga.

[Continua...]

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty capitulo 7

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:49 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1




O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 7
Com o tamanho esforço que fez, Treselle acabou desmaiada de ponta a cabeça no abismo, seus longos cabelos negros tocavam a água e o seu pé preso na rocha formava um desenho estranho, completamente quebrado.

_ Você é uma idiota! – riu o irmão. – É o que merece por ser molenga demais! Se fosse mesmo uma vampira de primeira categoria não temeria as maldições idiotas de papai e teria feito o que eu farei: te mataria. – e começou a galgar o paredão de pedras para encontrar a saída. Naquele momento os ventos de furacão já não eram tão fortes e a chuva havia se tornado mais fina. – Assim que chegar lá em cima, eu vou jogar na sua cabeça uma pedra tão grande que irá sepultá-la para sempre neste buraco!

E ele escalou habilmente o paredão de pedras até poder chegar ao topo e ver... Um par de botas. Assustado, Trojan salta para o lado.

_ Quem é você?

_ Muito prazer, eu sou o capitão Alejandro Villa-Lobos Ramirez.

Trojan fecha a cara.

_ O Cavaleiro da Ordem da Luz que soltou minha irmã.

_ Então já me conhece, príncipe Trojan de Vahliör. – ele vagarosamente saca a sua espada de prata que brilha mesmo no escuro. – Estou honrado.

_ Não esteja, onde está meu exército?

_ Seres da sua categoria abandonam a luta e fogem com o rabo entre as pernas assim que um simples palito de fósforo é aceso.

_ Vaga-lumes como você, para mim é uma mosca! Uma mosca enjoada que está pronta para ser esmagada.

Dizendo estas palavras, Trojan toca o solo. As sombras negras envolvem Alejandro o mergulhando na treva total.

_ É um imbecil, humano! Onde já se viu enfrentar um vampiro principado como eu à noite?

Alejandro sentiu seu corpo dormente, as trevas como névoas penetravam pelos seus ouvidos, boca e narinas. O ar estava sendo roubado de seus pulmões, seus braços e pernas pareciam mergulhados em uma substância pesada, mas intocável. Era o poder das sombras das trevas, a arte máxima de um vampiro. Como não se assustar diante daquilo? De uma pressão que torna impossível qualquer ser vivo respirar? De um ar tão denso que ao passar pela pele sussurra o desejo de derretê-la até chegar aos ossos? Um oceano onde não se pode ver, nem ouvir, nem falar e nem se mexer? Era fácil morrer ali, fácil demais... Não seria vergonha alguma para um humano perder para um vampiro, é algo até natural. Mas Alejandro era um homem de fé, um cavaleiro que tinha uma missão.

_ Tenho que ajudar Treselle! – e firme neste objetivo, reuniu todo o ar que lhe restava dos pulmões e com toda a força de fé que tinha ergueu sua espada de prata mais uma vez. – Espada das chamas solares, obliterar! – E ele, como um verdadeiro dragão, sopra de seu interior uma chama tão forte sobre sua espada de prata que ela erradia luz em todas as direções.

Alejandro cai de joelhos no solo, respirando de forma ofegante. As trevas foram dissipadas.

_ Impressionante paladino da luz! – sorri o príncipe dos vampiros. – Os seres humanos possuem dentro de si uma força realmente poderosa. Uma pena que nada disso se compara aos poderes das trevas!

Trojan parte para cima de Alejandro e lhe aplica um violento pontapé no queixo. Ele voa e cai a quatro metros dali sobre uma poça de barro. O que se seguiu dali foi uma série de pisões, chutes e murros. Alejandro, mal tinha tempo de se colocar de pé e era novamente atingido. Com grande habilidade conseguia usar a espada como escudo, prejudicando o adversário que sabia que teria problemas ao se ferir com uma espada sagrada forjada com prata. O sangue escorria no rosto de Alejandro, seu rosto estava inchado e o olho direito mal abria.

_ Você é realmente um incômodo, humano! – e imediatamente, Trojan começou a se transformar, as garras de suas mãos cresceram, os caninos inferiores se tornaram tão grandes que saíram da boca. De suas costas um par de asas de morcego surgiu e ele aumenta de forma descomunal seu tamanho. Agora ele era um demônio que facilmente atingia a altura de 3,20. – Quero ver se será capaz de se salvar agora!

Agora que os ventos e a chuva diminuíram a forma de Morcego gigante era perfeita para Trojan. Com um rasante rápido, Alejandro é atirado ao solo, o sangue voa dos braços do humano. Desta vez o ataque havia sido bem sucedido. A dor é grande, mas não há tempo para deixar o sangue esfriar, Alejandro sabe disso e se levanta. Tenta golpear o monstro em cada rasante do inimigo, no entanto, a criatura era rápida e ele sequer conseguia tocá-la. Num outro vôo rente ao solo, Trojan atinge o paladino de baixo para cima o arremessando a uma altura de oito metros. Ele cai pesadamente em uma poça de barro perdendo momentaneamente sua espada. Seus ossos doem, as feridas ardem... Mas ele precisa encontrar rapidamente sua arma de prata... Alejandro tateia o barro rapidamente.

Aproveitando-se do instante em que o adversário estava perdido, Trojan não teve dúvidas atirou-se dos céus sobre o guerreiro humano. As costelas de Alejandro explodem, de sua boca um jato de sangue se mistura ao barro e suas vistas tornam-se turvas, mal sente dor ao ser impiedosamente pisoteado por aquele demônio. Não conseguia ver nada, sentir nada da região do peito para baixo, era como se parte do corpo estivesse anestesiado pela dor. O seu corpo era revirado no barro pelos pontapés da criatura que sempre o pisoteava como um boneco de brinquedo. O pé do monstro afundava seu rosto no barro forçando-o a engolir a água suja de terra e sangue, afogando-o. Ele tenta se debater freneticamente enquanto era pisado. Ainda podia ouvir as risadas do vampiro. Tudo estava perdido até que um pequeno raio de luz fez suas esperanças renascerem, não dos céus, pois tudo ainda estava chuvoso e completamente escuro, mas do chão. Ele havia tocado em algo.

_ Acho que quebrei todas as suas vértebras... Que pena! – riu o vampiro. – Como se sente sendo um inválido? Talvez seja mais divertido levá-lo ao meu calabouço e sugar seu sangue todos os dias, vendo o triste espetáculo de vê-lo se arrastando pelo chão até que morra naturalm...

Antes que o vampiro terminasse de falar a resposta veio como um raio de prata que passou de uma vez pelas duas pernas da criatura que urrou de dor caindo ao solo. Trojan jamais esperaria na vida perder seus dois membros inferiores numa única tacada como naquele instante. A dor e a surpresa foram tão grandes que ele acabou retornando à forma humana, gemendo e chorando, se contorcendo de dor.

Já Alejandro, este não conseguia mais se levantar, estava completamente esgotado com o tamanho esforço, as dores o venceram. Sua consciência parecia que o deixaria a qualquer instante. Sua pele morena tornou-se branca com a hemorragia interna... Estava entrando em choque e sabia disso, a qualquer instante iria apagar e com certeza não se levantaria mais. No entanto, mesmo quase inconsciente, sabia que sua missão não estava completa... Sentindo a chuva no seu rosto se lembrou dos beijos molhados de Treselle, do sorriso da vampiresa e dos momentos que passaram juntos.

_ Ela precisa ser a rainha... Não sou capaz de dar nada a ela... Este é o único presente que a faria realmente sorrir.

Esticando com todas as forças a mão direita, ele novamente tomou a espada e, ainda caído no solo, olhou para a direita e viu uma figura humana se embolando no chão escuro se movendo na treva, gemendo e chorando.

_ Venha! – berrou Alejandro. – Venha, Trojan, seu morcego traidor desgraçado!

_ Capitão Ramirez! Seu cão maldito! Eu te mato!

E das costas de Trojan, novamente um grande par de asas surgiu e com elas a criatura pôde novamente levitar. A boca do príncipe dos vampiros escancarou-se de forma tão exagerada que era como se os ossos do maxilar tivessem se soltado propositalmente para aumentar o ângulo da mordida.

_ Não vou apenas gelar o seu sangue! – gritou chorando Trojan. – Vou devorar suas víceras, seus pulmões, seu coração... Tudo!

E voou para cima do paladino com sua boca escancarada e os lábios espumando de ódio. Alejandro viu o avanço como um filme de câmera lenta. O monstro atirou-se em seu pescoço atingindo-o perfeitamente na artéria, o sangue do paladino voou, mas por imprudência a fera ofereceu seu ventre para um ataque perfeito que cortou o ventre da criatura de lado a lado, as tripas, o estômago e o intestino da besta caíram sobre o corpo do herói estirado ao solo. Trojan urra de dor e se levanta erguendo o corpo. Isso permite que Alejandro faça um segundo ataque ainda mais preciso que o primeiro e ele atravessa o coração da criatura com sua espada de prata. Desesperado, a fera voa com a espada presa no peito tentando fugir.

_ É mesmo um príncipe do inferno. – disse Alejandro vendo a cena. – Não quer mesmo morrer!

O paladino olha para o lado e vê uma cena curiosa, a criatura ensangüentada ainda voava, mas suas víceras ainda estavam sobre o corpo de Alejandro formando um cordão de sangue até o céu.

_ Este é o meu último recurso! – diz o paladino segurando o intestino da criatura em uma das mãos. – Deuses da Luz, concedam-me mais uma vez os poderes das chamas vitoriosas do sol! – e o seu punho começa a se iluminar como o fogo. – Chamas solares, OBLITERAR!

E as chamas de Alejandro são conduzidas através das tripas de Trojan até o céu. E assim que o fogo sagrado atinge o demônio ele explode em forma de uma grande bola de fogo. A espada de prata voa na explosão e, descrevendo movimentos circulares, cai pregada no solo de forma vitoriosa. Já o homem-morcego cai no mesmo lugar onde Treselle estava. Ela acorda com o sabor das gotas de sangue do irmão em sua boca que caiam sobre ela de forma desordenada. Ela olha e vê que acima dela jazia a criatura de ponta-cabeça... O horrendo esqueleto de seu irmão em chamas.

_ Trojan está morto. – diz ela engolindo seco.

A vampiresa tenta se levantar e sente o pé quebrado. A dor era grande. Ainda assim ela se esforça e agarrando nas pedras consegue se ajeitar tirando o pé preso usando sua grande elasticidade. Agora estava lado a lado com o irmão em chamas. Pouco a pouco o corpo do irmão ia descendo até que finalmente as tripas se rompem e o corpo do Vampiro encontra seu fim nas águas barrentas do rio.

_ Alejandro! – pensou ela. Só alguém como ele seria capaz de dar cabo do temível Trojan. – Alejandrooooooo!!! – gritou a plenos pulmões.

O cavaleiro Ordem da Luz mais uma vez abre os olhos. Ele olha para o céu e reparou finalmente que chuva havia parado.

_ Alejandroooooo!!! – grita novamente Treselle.

_ Princesa... – responde com voz fraca.

Finalmente o cavaleiro pôde sorrir, sua princesa bem. E como um fio de esperança, uma das nuvens negras se afastou das demais deixando com que os raios de uma brilhante lua azul iluminasse a montanha. Finalmente o mal havia acabado e ele pôde fechar seus olhos em paz.

Ela começa sua escalada pelas pedras e chega ao topo, lá encontra Alejandro com as tripas do irmão firmemente apertadas no punho direito e pouco adiante sua espada de prata pregada no solo.

_ Você foi ótimo, Alejandro. – riu ela. – Obrigada por ser o único a me ajudar. Sem você do meu lado, não sei como poderia vencer! Você foi o único que acreditou em mim até o fim! – ela se aproximou do amado e ajoelhou-se ao seu lado. – Deve estar muito ferido, mas não se preocupe... Prometo que vou cuidar de você, jamais precisará lutar novamente. – neste instante Treselle toca o rosto de Alejandro e percebe que ele está gelado. Passa a mão na boca e perto da narina do paladino e percebe que não há mais respiração. – Alejandro...

E Treselle cai sobre o corpo do amado o abraçando com força. Não conseguindo mais se conter, cai em desespero chorando copiosamente. Alejandro estava morto, morreu por ela como havia prometido fazer. Fez o que ninguém de sua raça jamais havia feito por ela. Foi seu homem, seu companheiro, sua proteção. Agora ela estava novamente só... Ela tinha seu reino de volta, mas do que valia isso agora? O legado de seu pai foi salvo, sob o seu comando a ordem em Nairë voltava ao equilíbrio, o mundo estaria em paz e feliz para todo o sempre... Só que ela estaria sozinha para todo o sempre...

_ Isso não é justo! – chorava ela.

E quanto mais chorava mais se lembrava dos momentos felizes juntos. Mais se lembrava da Grã Sacerdotisa. Mais se lembrava do quanto Alejandro prezava ser humano. Depois de chorar muito ela se levanta e olha para o cadáver do amado e começa a gritar:

_ Idiota! Seu idiota mesquinho! Se tivesse me escutado você não estaria assim! Você só pensa em si mesmo! Você e essa sua vidinha humana miserável! Seu insensível! Eu te amava! Você vai ver só, eu te amaldiçôo por querer me deixar sozinha! Eu te amaldiçôo!

E ela crava seus caninos no pescoço do amando no lugar oposto onde Trojan havia dado sua dentada, Alejandro estava morto a poucos instantes e o que restava de seu sangue ainda estava quente. Era pouco, mas o suficiente para Treselle recuperar seus poderes e sua perna quebrada cicatrizar. Agora ela tinha possibilidade de pegar o ovo da grã sacerdotisa antes que o sol nascesse, o que tornaria impossível a ressurreição de Alejandro. Assim sendo, ela se tornou um grande morcego e partiu a toda velocidade para a cascata onde passaram o dia. Pouco tempo depois ela retorna trazendo o ovo negro gorado de dragão.

_ Você é do signo de Dragão, Alejandro. Sei disso pelos seus poderes de fogo. Suas chamas não serão mais as mesmas, mas vai me servir assim mesmo!

Quando retornou o céu estava limpo, o tufão havia passado e uma linda lua cheia azulada brilhava no céu, a primeira lua cheia azul do mês. Ela olhou para o céu sorrindo e tomou aquilo como um sinal de boa sorte. Com as próprias mãos ela cavou a terra em torno de Alejandro formando o desenho de uma mandala que só os vampiros da família real e os magos mais antigos conheciam. Era a evocação do dragão morto, uma cerimônia das trevas capaz de tornar um dragão comum em linch, uma criatura a margem da vida e da morte.

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty continuação do cap 7

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:50 pm

Ela tirou as tiras que formavam sua vestimenta e amarrou uma nas outras, amarrou com força uma ponta no pescoço do cadáver. Entoando um canto estranho as tiras se tornaram correntes.

_ Com este laço, sua vida está em minhas mãos, serei sua dona até quando eu desejar. Sua vida me pertence, dragão-escravo. – em seguida ela senta sobre o corpo Alejandro e começa a acariciar-lhe o rosto. – Nunca se soube de um Linch que não matou seu mestre por tentar algo assim, mas eu te conheço bem, você não vai me ferir, não é, meu amor? Sei que nunca desejaria me ferir... Sei que me ama... Por isso quero seu coração só pra mim!

Em um novo canto ela oferece através da lua o corpo e o sangue do dragão. A alma dos dois passaria a ser uma de modo que ele se tornasse um dragão e o dragão um homem. Então, quando sentiu a presença da Deusa da Noite em seu coração, Treselle perfurou o ovo, rasgou o peito de Alejandro e derramou dentro dele a gema gorada do filhote de dragão. Agora só faltava a ligação. Ela corta o próprio pulso e deixa algumas gotas de sangue caírem no caldo viscoso que saiu do ovo. Ela se inclina sobre o corpo e sussura: “Acorde!” Como por encanto, um par de olhos de dragão nascem no caldo e olham para a vampiresa.

_ Você é um bebê que nunca soube o que é andar, mas pode viver uma vez neste mundo se aceitar a simbiose com o meu amor. Aceita me servir?

Os olhinhos assumiram um aspecto de satisfação e de dentro dele algo viscoso começou a entrar em ebulição e se espalhar. Tresele se levanta e observa a metamorfose. Primeiramente o caldo começa a espalhar por todo o corpo do morto até cobri-lo por completo depois o caldo endurece formando como se fosse um novo ovo, quando começa a amadurecer começa sair do ovo vários espinhos e no maior deles havia um par de anéis, os anéis do pacto. Um era verde, e o outro vermelho. Ela tomou o anel vermelho, ergueu em direção ao céu onde estava a lua e viu um dragão. “E Alejandro?” pensou ela. Imediatamente o anel se tornou verde e Alejandro apareceu nele.

Treselle entendeu então como funcionava a magia, com a corrente ela poderia controlar através do anel o que ela queria que o Alejandro se torna-se, humano ou dragão. O anel de Alejandro fazia o mesmo, mas como ele era aprisionado pela corrente deveria seguir o que a vampiresa determinasse. Apesar disso, para Treselle o anel era na verdade um anel de noivado, a garantia que Alejandro ficaria com ela para sempre.

Instantes depois os espinhos caíram e a casca se tornou felpuda e macia, ela se soltou e de dentro dela saiu Alejandro. Sua roupa estava tingida com a cor de vinho e os seus olhos estavam vermelhos e tristes... Seu olhar estava grave.

_ Alejandro! – sorriu Treselle que tentou ir abraçá-lo. No entanto, a casca, que agora mais parecia uma grande capa, avançou sobre ela empurrando-a. Ela, é claro, ficou aborrecida. – Alejandro!

_ Não me dirija a palavra! – disse furioso. – Você me afastou da luz, Treselle. Estou amaldiçoado!

Treselle fecha a cara e serra os punhos, sabia que ele não aceitaria o que aconteceu. Não seria fácil agora convencê-lo que ela o amava.


[Conclui no próximo capítulo]

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty Capitulo 8 - Final

Mensagem por Vampira Sex Dez 26, 2008 1:51 pm

O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Canticocopy-1

Tomo 1




O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Vahlior

CAPÍTULO 8 - FINAL

Agora, Alejandro Villa-Lobos Ramirez, o capitão dos Cavaleiros da Ordem da Luz, havia se tornado aquilo que combateu durante toda a vida, um demônio. Tornou-se uma criatura amaldiçoada e infeliz, destinada a vagar por toda a eternidade sem direito ao descanso eterno da morte. Ele havia cumprido sua missão e por amor a Treselle deu sua própria vida, mas ela não aceitou.

_ Por que não aceitou o presente que lhe dei? Por acaso não tem agora a oportunidade de ser rainha? Eu liquidei o seu irmão por você e por Nairë! Porque simplesmente não seguiu sua vida e ficado feliz?

_ Idiota! – retrucou a vampiresa. – Qual mulher que realmente ama seu homem iria concordar em ser rainha a custa da vida dele? Não seja insensível, Alejandro! Eu amo você!

_ Ô mulher burra! – esbravejou Alejandro. – O preço do ciclo da renovação da vida é a morte! Vê se entende isso!

_ Não entendo! Não entendo não! – gritava Treselle ainda mais alto chutando as poças de barro. – Não tenho ninguém em que confiar, não quero ficar sozinha!

_ Essa é boa! – Alejandro levava as mãos à cabeça e balançava os braços freneticamente. – Treselle, eu sou um homem! Homens morrem! Homens devem morrer! É assim que as coisas funcionam, nascer, crescer e morrer! Ninguém está pronto quando a morte chega, ninguém! Mas isso também faz parte da vida e é isso que iria tornar você uma rainha mais forte. Agora, por medo de ficar sozinha, o que você faz? Destrói o ciclo básico da natureza! Vai contra todo o motivo pelo qual nós lutamos para vencer o seu irmão que é restaurar o equilíbrio!

_ Que equilíbrio, Alejandro? Que equilíbrio? – chora Treselle aos berros. – Tá, venci o meu irmão! O planeta todo está feliz! E daí? Eu não estou feliz! Eu quero meu amor reinando comigo haja o que houver!

_ Isso não é amor, é loucura! – diz Alejandro entre os dentes. Em seguida senta-se no chão cruzando as pernas e os braços. – E não vou compactuar com isso, por mim você continuará sozinha, não concordei em voltar à vida.

_ Você não tem escolha! – gritou Treselle. – É meu escravo agora!

_ Escravo? E aquele lance de amor?

_ Eu te amo, e por te amar te dei de presente uma nova vida, o mínimo que podia fazer era me agradecer.

_ Agradecer por ter recebido uma maldição? Mas nem a pau! – e ele vira o rosto. – Daqui não saio, daqui ninguém me tira!

Imediatamente, Treselle toma a corrente e começa a caminhar arrastando Alejandro. Vendo que ele não mudou a postura, esbraveja:

_ Droga, Alejandro! Isso é ridículo!

_ Ridículo é o homem que não é fiel às suas convicções!

_ Se não notou, você não é mais um homem! Olha só isso!

E ela olha para seu anel que muda da cor verde para vermelho, e Alejandro se torna um lagartão com vários chifres, sentando com os braços e pernas cruzadas e soltando fumaça pelas narinas e usando uma grande capa. Ao ver a cena Treselle não se agüenta e começa a rir.

_ Isso! Ria! Ria! – diz o dragão ainda mais furioso. – Tudo isso é culpa sua!

_ Me desculpe, mas é que precisa ver, você fica engraçado!

_ Este é o seu problema Treselle, tudo fica engraçado com você! As pessoas se sacrificam, morrem por você, mas para sua realeza isso não é suficiente, né? Age como se fosse bom ser capacho seu por toda a eternidade! A minha vida e a de qualquer ser vivo para vocês vampiros é só um divertimento. Isso, divirta-se em minhas custas! Quem sabe assim se cansa logo e me descarta para que eu possa morrer como um homem?

_ Pára com isso. – disse ela séria. – Está me machucando.

_ Duvido. – disse o dragão. – Não posso machucar um coração desprovido de amor!

Essas palavras passaram como faca no coração de Treselle. Ela imediatamente partiu para cima do dragão derrubando-o no chão, em seguida começou a esmurrá-lo sem parar.

_ Você não me entende, não é? Não faz nenhum esforço para me entender! Não faz! Não faz! – e ela bate, bate, bate até se cansar. Até que finalmente pára, leva as mãos ao rosto e fica chorado. Quando as lágrimas secam ela toma a cabeça de Alejandro e olha diretamente para seus olhos. – Perdão! Perdão por não ser a mulher que você esperava que eu fosse... Sou orgulhosa sim. Sou egoísta sim. Não sei perder. Não sei amar... A única coisa que sou é alguém que nunca soube o que era o carinho espontâneo de alguém até conhecer você... Você me fez a pessoa mais feliz do mundo, Alejandro! Perdão... Eu não estou preparada para perder você tão cedo! Não estou preparada!

Ela começou a chorar novamente. No solo o dragão novamente se tornou um homem e Alejandro a olhava com lágrimas nos olhos, mas desta vez cheias de surpresa e ternura. Finalmente Treselle havia se revelado do jeito que ela realmente era, uma mulher poderosa aos olhos do mundo, mas uma menina frágil e carente dentro de seu coração.

_ Talvez você ainda precise de mim por algum tempo... – sentenciou Alejandro levando as mãos na cintura da vampiresa e fazendo carinho. – Quer se casar comigo?

_ Bobo!... – riu ela. Em seguida toma os anéis. – Já te tornei meu escravo, tá preparado?

_ Só se você dançar.

E ela colocou o anel no dedo do guerreiro que imediatamente voltou a assumir a forma de um dragão lagarto caçador. Um dragão vermelho que media pouco menos que quatro metros e meio da cabeça a ponta do rabo. Seus membros eram bem desenvolvidos permitindo em solo alcançar boa velocidade além de saltar e nadar, Alejandro não possuía asas, mas uma membrana felpuda e macia que passava pelas suas costas até o antebraço e ao se erguer nas patas trazeiras chegava a parecer uma capa. Ali Treselle se sentou e agarrou nos chifres do ser para não cair. Imediatamente ele começou a correr em direção a Vahliör, a noite já estava quase no fim e o sol estava prestes a nascer. Depois de tal batalha seria perigoso para Treselle permanecer ali.

A viagem para ela foi rápida e mágica. Com uma velocidade em solo que superava os mais rápidos corcéis de Nairë e ainda com os grandes saltos que deixava para trás vales e gargantas inteiras das cordilheiras, em pouco tempo a dupla chega aos paredões de pedra que davam acesso a cidade. Ao verem a princesa, os vampiros logo iam saindo do caminho e abrindo ala. Ela olhava para todos com frieza, rodopiando a corrente que prendia Alejandro com uma das mãos. Assim que ela chegou ao seu castelo os grandes portões se abriram e o casal adentrou por ele. Alejandro agora caminhava devagar pelo grande corredor até a sala do trono onde à esquerda e à direita os vampiros conselheiros a aguardavam. Como líder estava Alexander Lukard, seu tio.

_ Bem vinda princesa Treselle. – disse ele. – Nós do conselho a saudamos e rendemos nossa homenagem a você pela brilhante vitória sobre seu irmão, assassino de seu pai e corruptor da aliança com os povos de Nairë.

_ Disse bem. – disse ela no centro exato do local da conferência, ficando de pé para ser vista por todos. – Um corrupto assassinou o rei, tomou a coroa de Vahliör à força, desonrou o nome desta casa ao quebrar o pacto com os povos de Nairë e ainda assim foi aceito por vocês, seus covardes! Poucos aqui tiveram a coragem de se erguer, mesmo secretamente contra meu irmão, compactuaram com a vergonha que o nome dos vampiros passou e hoje estão aqui como meus conselheiros.

_ Não é bem verdade... – tentou argumentar um dos conselheiros.

_ Cale-se! – berrou a vampiresa insatisfeita. – Vocês queriam um tirano como rei? Então conseguiram! Jamais deixarei que nada passe desapercebido pelos meus olhos, minha decisão neste reino agora é lei. Minha única meta agora é restabelecer o nome da casa de meu pai resgatando da vergonha que passamos neste episódio. Vou fazer com que os povos de Nairë nos temam, não pelo fato de estarmos no topo da cadeia alimentar, mas por sermos daqui em diante os maiores vigilantes do pacto feito com as sete raças deste mundo. Aquele que estiver contra isso, que venha até aqui enquanto a coroa não está sobre minha cabeça e experimente a minha fúria.

Cinco conselheiros corrompidos que não acompanharam Trojan se olharam, e tomando suas espadas partiram de encontro a vampiresa com toda a fúria. Eles pensavam entre si: “Se Treselle morrer em nossas mãos, seremos os responsáveis pelo golpe de estado que nos levará ao comando de Vahliör.” Ela olhou para eles com seus olhos vermelhos e sua sombra deformou-se no ambiente formando grandes tentáculos. As sombras amarram os atacantes antes que eles executem seu ataque.

_ Alejandro. – disse ela.

O Dragão abriu sua boca e com sua língua puxou de dentro de si a espada de prata que logo entregou para Treselle. Ela habilmente salta e em um giro no ar corta a cabeça dos cinco traidores numa única vez. Então ela se coloca em posição ereta com a espada para trás e lança o desafio.

_ Mais alguém aqui deseja a coroa que me pertence por direito?

Naquele instante, Alexander Lukard se levanta e começa a aplaudi-la, seguido por Maundrell, Lautréamont e assim todos os demais que em pouco tempo começaram a gritar pelo nome dela e a dar vivas à Rainha Treselle. Ela, por sua vez, fez sinal para que todos ali presentes se calassem.

_ Escutem! Como legítima rainha de Vahliör, eu nomeio Maundrell como meu primeiro conselheiro e, comunico a todos que eu me casarei com Alejandro Villa-Lobos Ramirez, o Caveleiro da Ordem da Luz com coração de dragão.

Num instante todos os vampiros que inicialmente sorriam fecharam a cara e começaram a cochichar, até que um deles que não sabia da história perguntou:

_ Quem é este indivíduo?

E imediatamente o manto que estava sobre o dragão mudou de forma outra vez e, como num truque de mágica onde as cortinas se abrem, surge no lugar do dragão um homem de braços cruzados, olhos vermelho sangue e vestindo uma roupa de cavaleiro na cor vinho.

_ Sou eu.

_ Mas é um humano! – exaltaram-se os vampiros. – Isso é uma afronta!

_ Concordo plenamente, com certeza é isso mesmo! – riu ele olhando para Treselle vendo como ela iria resolver a situação.

Ela fez beicinho e cruzou os braços, deixou todos ali se exaltarem, gritarem e esbravejarem, quando ela sentiu que os argumentos acabaram e que o chilique era apenas de alguns, ela disse:

_ Eu não pedi a opinião de vocês, eu apenas comuniquei. Vou me casar com Alejandro. E aí daquele que não o tratar como rei... Não me responsabilizo pelo que vai acontecer com ele.

_ Acha que algum vampiro vai aceitar isso? – disse um furioso. – Eu a seguiria até a morte, mas logo você que diz em restaurar o nome da família vem com um disparate destes. Deveria ser a primeira a procurar um garanhão de sangue puro para que sua prole crescesse forte como a raça dos vampiros deveria ser.

_ O que acha disso, Alejandro? – perguntou Treselle. – Acha que este aí seria capaz de me dar um filho forte?

Alejandro sorriu, e fez sinal com a mão chamando o vampiro. O indivíduo saltou como um raio com os caninos à mostra e as unhas afiadas como um animal. No entanto, antes que pudesse atingir Alejandro, a capa do dragão tomou a frente e o golpe estrondou nela como se batesse em uma parede felpuda. O vampiro se assustou. A capa desceu rapidamente e o atacante levou um violento murro na cara. Para a surpresa de todos aquilo não foi um murro comum, agora Alejandro tinha nas mãos a força de um dragão. O vampiro voou tão alto que acabou chocando-se no teto, espatifando-se como um saco de farinha no chão. A parede do teto se rompe e os pedaços de pedra caem.

_ Não sei, Treselle. Ainda sou de opinião que posso lhe dar filhos mais fortes. – sorriu ele.

_ Eu tinha certeza disso. – riu ela. Em seguida olha para os conselheiros. – Alguém ainda duvida?

Maundrell se levanta.

_ Tolos. – disse ele com voz firme. – Vocês deveriam estar felizes por Treselle agora, e não a desafiando. Ela sofreu os piores castigos por nós. Foi humilhada por nós que pertencemos a sua raça e, no entanto, não se esqueceu da gente! Ela só encontrou ajuda entre os humanos e eu sou testemunha disso. Este homem, Alejandro Villa-Lobos Ramirez é um matador de demônios e lhes asseguro que desde que o encontrei ele sozinho deve ter matado mais de trezentos vampiros. Se meter com ele que foi escolhido por Treselle como esposo é o mesmo que pedir pela morte. E digo mais, quero ser pregado no topo do monte Aquerontes sob o sol escaldante se este homem e ela sozinhos não forem capazes depois de tudo o que demonstraram nestes últimos dias de tirar a vida de todos os conselheiros que aqui estão. Nossas vidas estão nas mãos deles. Eles são justos e bons e nos fizeram uma boa oferta, se não aceitarmos eles seguirão em frente e como um tribunal de guerra nós seremos exterminados um a um aqui mesmo. A escolha é de vocês, eu já fiz a minha, estou com Treselle até a eternidade.

Depois de tais palavras, os vampiros se acalmaram, se olharam e concordaram com o que estava em jogo, claro que, como especialistas da arte da dissimulação, muitos dos que discursaram ali como amigos estavam na verdade ganhando tempo para no futuro tentarem novas artimanhas para tomar o trono. Trojan havia dado o mau exemplo de que um rei poderia ser assassinado quando a situação favorece, bastava às serpentes esperarem tal momento.

Treselle e Alejandro se casaram conforme o ritual dos vampiros. Pouquíssimos ali gostavam do novo rei, primeiro por ele ser um humano e segundo por ser um Cavaleiro da Ordem da Luz. Cavaleiros da Ordem da Luz são uns chatos que durante toda a história entre humanos e vampiros perseguia os seres da noite. Eles os matavam sempre que começavam a servir-se de humanos em vilas, cidades e povoados. Na visão dos vampiros era como se eles comessem carne de boi todos os dias, mas um dia um touro começasse a chifrá-los sempre que quisessem matar sua fome. E o pior, eram touros que se organizavam para atacá-los chegando, vez ou outra, a matar um deles. Bois são bois, só servem de alimento e é um grande aborrecimento quando se voltam contra seus donos. Para muitos, eles deveriam logo envenenar Alejandro na primeira oportunidade, o problema é que ele pertencia a Treselle, e ela passava praticamente todas as noites passeando em seu dragão e o levando a todas as reuniões quando este estava na forma humana.

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O Cântico das Imortais: O Crepúsculo de Vahliör - Republicação Empty continuação do cap 8

Mensagem por Vampira Sáb Dez 27, 2008 8:43 am

Tirando o preconceito, a cidade dos vampiros sob o comando de Treselle prosperava. Ela determinou áreas de caça e o manejo das espécies agradáveis aos vampiros, excluindo, é claro, os humanos por imposição de Alejandro. Construiu grandes pontes e determinou guarnições em postos avançados para evitar que estranhos avancem em suas fronteiras por descuido e acabassem mortos. Fez contato com outros seres de Nairë e consolidou alianças. O reino de Vahliör cresceu tanto que novas cidades de Vampiros surgiram, transformando o que era um reino em um pequeno império. Várias raças menores idolatravam os vampiros como deuses e ofereciam a eles alimentos em forma de ovelhas, bois e outros animais.

Muitos vampiros passaram a admirar o reinado de Treselle e Alejandro e com o passar dos anos o reino de Vahliör se tornou o principal porto de socorro para as raças menos favorecidas. Quando acontecia de alguma vila ser atacada por criaturas perigosas e teoricamente invencíveis eram os vampiros que eram chamados para lutar.

_ Seu pai ficaria orgulhoso. – disse Alejandro para Treselle em uma noite, vendo ao longe um destacamento de vampiros viajando a noite para expulsar inimigos nas costas de Nairë.

_ Acha que faço mesmo um bom trabalho? – disse ela o abraçando e beijando seu rosto.

_ Sim. Você deu aos vampiros, disciplina e dignidade. Uma raça perigosa, temível, poderosa, mas confiável.

_ Será que seremos assim para sempre, Alejandro?

_ Você sabe que não, minha querida. – ele beija a fronte da rainha. – Tudo na história é ciclo. Este é o seu ciclo de paz, haverá uma época que terá um ciclo de guerra, mas caberá a você com suas mãos restabelecer o ciclo de paz novamente.

Ela sorriu e atirou-se no colo de Alejandro. Cobriu-o de beijos e mimos. E assim começou o reinado de Treselle, a rainha dos vampiros de Nairë. Durante longo tempo ela foi uma soberana feliz e equilibrada, até que a traição e a morte voltaram a bater as portas de seu reino, mas esta já é uma outra história.

Fim

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Mensagem por Vampira Dom Jan 04, 2009 5:40 pm

Olá queridos leitores (cara, to andando d+ com o Resgate Shocked Laughing )

Estou passando aqui apenas para dizer que quem quiser, pode conferir a saga de Treselle em nosso outro cantinho. E você chega nele em apenas um clique! Wink

O Crepúsculo de Vahliör - Completo

Espero que gostem! Very Happy

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Mensagem por Mr. Black Dom Jan 04, 2009 6:37 pm

Nossa, agora nem sei onde comento! Laughing Laughing Laughing
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Mensagem por Vampira Dom Jan 04, 2009 6:51 pm

Mr. Black escreveu:Nossa, agora nem sei onde comento! Laughing Laughing Laughing
Vc responde comentários da fic, não comenta kkkkk

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