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Dracon [Completo]

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Mensagem por Morlun, o Milenar Sex Dez 26, 2008 7:51 pm

A milhares de anos atrás, uma gema foi criada pela família Dorrian. Uma família nobre, especialista em ervas medicinais, e que vivia na cidadela chamada Morgana.
Essa gema recebeu o nome de Gema Dragão, e seu usuário, que apenas podia ser quem tivesse o sangue da família Dorrian, ganhava grandes poderes colossais, que era usado para o bem da humanidade, chamando-se Dracon.
Mas um descendente da família Dorrian nasceu com uma grande ambição, que o levou a matar todos os seus familiares e ter totalmente para si a Gema Dragão, com o desejo de usá-la para tornar-se o imperador do Mundo.


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Prólogo


Morgana, a cidadela, em meados de 5000 a.C.

Nuvens negras tampam o céu, tornando tudo escuro, repleto de trevas, em pleno amanhecer. Várias casas estão destruídas e em chamas. Pessoas mortas, em meio ao próprio sangue, e outras correndo, apavoradas, tentando proteger seus filhos, que choram querendo que tudo acabe logo.
O castelo ao centro da cidadela é destruído de dentro pra fora, sobrando praticamente nada dele, ferindo cada vez mais pessoas com os escombros. E uma gargalhada é proferida. Uma gargalhada malévola, um tanto abafada devido a uma máscara. O dono da gargalhada surge caminhando pelos escombros do castelo, olhando para os corpos ensangüentados aos seus pés. Ele veste um colante preto e uma armadura de cor laranja, que lhe oculta totalmente a identidade, e no peito há cravada uma gema verde.
— O poder é meu... MEU! — É o que o assassino diz, vitorioso. — Morgana foi só o começo... Em breve, terei o MUNDO! Ele será todo meu... TODO MEU!!!
— Você é um bundão. Assim como todos da sua família foram.
— Você?! — O homem de armadura vira-se para ver o dono da voz que o insulta. — Angrerior?! Hah! Então você existe?!
— Sim, e permanecerei existindo, ao contrário de você. Bundão. — Angrerior é negro, tem longos cabelos brancos, presos em um rabo de cavalo, e um semblante de quarenta anos. Ele veste-se elegantemente de branco e seus olhos são totalmente brancos, sem íris ou pupila.
— Hora, bem que fiquei sabendo que você tem boca suja!
— Não é mais suja do que suas mãos, seu assassino bundão!
— CALE-SE!!! — O assassino avança par cima de Angrerior, preparando um soco. — Você não passa de um feiticeiro iniciante!!! — Porém, seu golpe é bloqueado com uma parede invisível que Angrerior conjura apenas entendendo a mão.
— Sou um feiticeiro iniciante, sim. E você, o que é? Um assassino bundão!
— Eu sou o Dracon! E futuro imperador do MUNDO!!! E nenhum velhote vai me impedir--! — As palavras do assassino são interrompidas pelo soco que Angrerior lhe desfere no rosto, jogando seu oponente para trás, além dos escombros do castelo.
— Maldito!!! — Dracon se levanta furioso, e surpreende-se ao ver que Angrerior não está mais no mesmo lugar. — Onde está você, Angrerior?! APAREÇA!!!
— Estou aqui, bundão! — A voz de Angrerior vem de logo atrás de Dracon, que vira-se de sobressalto. — Vê se pára de soltar birra!
— Ora seu--! — Dracon prepara um soco, mas Angrerior é ainda mais rápido: arranca a gema do peito de Dracon em menos de um segundo, usando a mão direita, o que faz a armadura do assassino transformar-se numa fumaça esverdeada que é sugada para dentro da gema. — Como-- Como fez isso?! — O assassino fica pasmo, sem poder se mover de tanto pavor. Ele tem cabelos loiros e olhos verdes, e aparenta ter trinta anos.
— Opa! Agora você não é mais Dracon, voltou a ser Marshall Dorrian, hein?
— Como sabe meu nome, seu velho?!
— Eu sou um feiticeiro, seu bundão, como acha?!
— Não me insulte-se, seu-- — Marshall tenta novamente atacar Angrerior, mas este apenas olha fixamente para o seu oponente e uma estranha energia branca se expande diante de Marshall, atingindo-o e jogando-o cinco metros para trás.
— Você quer dominar o Mundo, Marshall? Pois bem... — Angrerior zomba de Marshall, jogando a gema para cima e encaixando-a com a mesma mão, repetidas vezes. — Você vai dominar o mundo, certo? Mas com um pequeno sacrifício...
— Vou te matar seu...! Urrgh! — Marshall tenta levantar-se, mas se vê sem forças para isso, e tudo que pode fazer é ouvir seu inimigo e vê-lo se aproximando passo a passo, brincando com sua gema.
— Você permanecerá vomitando areia até o momento em que dominar o mundo.
— Não diga asneiras seu--
— A partir de agora.
Blaargh! — Com as palavras de Angrerior, Marshall começa a vomitar areia em total descontrole, enquanto permanece de bruços.
—Mas você poderá usar essa gema... Qual é o nome mesmo? Ah, sim... Gema Dragão. Você poderá usar a Gema Dragão, mas com uma condição: você, e o resto de seus descendentes bundões, só poderão usá-la até completar os quarenta e cinco anos.
— Urgh... Blaargh! Blaargh!
— O que? Oh, você tem trinta anos? Certo, então vou dificultar mais um pouco: essa gema de merda ficará escondida num lugar onde apenas EU sei. — E assim, Angrerior pára a dois passos de Marshall, estende a mão direita para o alto, segurando a Gema Dragão, e ela brilha durante alguns segundos, e desaparece, como se nunca existisse.
— U-urgh-- Blaargh!
— Você perdeu... Bundão!



E aqui vô postando o micro do Dracon e do Angrerior!
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Mensagem por Morlun, o Milenar Sex Dez 26, 2008 7:52 pm

Parte 1 de 4


Morganópolis, setembro de 2408. 08h02min.

— O que?! Não acredito que você me ligou a essa hora pra isso! — Uriel está em sua pequena casa, falando no celular. Ele levantara da cama a pouco tempo, o que o faz estar vestindo apenas uma calça. — Eu-- Eu não dormi com a Vitória! — Sua namorada o acusa de ter dormido com uma de suas amigas, mas Uriel não mostra desespero, e sim raiva. — Quem te disse isso? Quem-- Quem te disse isso??? A Vitória??? Era só o que me faltava...! Escuta aqui-- Bia-- Bia, escute! Eu não dormi com ninguém! Eu-- Nã-- Olha, quer saber? Fo##-se! Vai pra p##a que pariu!
Uriel desliga o seu telefone, coloca-o no bolso e veste a sua camiseta vermelha que segura em mãos, sem tirar o problema da cabeça. Se bem que o problema com Bia é bem menor que o sonho que tivera de noite. Uriel sonhara com um homem que lhe diz que ele tem grandes poderes e deve dominar o mundo com eles. Mas o que mais lhe incomoda é que esse homem é Marshall, um ancestral seu que morreu a milhares de anos. Na verdade ele é mais do que isso: ele tem uma história que Uriel não acredita e prefere não lembrar dela agora.
Uriel termina de tomar o café da caneca que está sobre a mesa de sua cozinha num só gole, vai até o quarto para vestir um par de sapatos, arrumar seus cabelos loiros, senta-se na cama, tentando livrar-se da raiva, e finalmente diz:
— Tsc. Preciso ir trabalhar. Há muita pizza pra entregar hoje.


11h28min.

No Pizzas Vince, o próprio Sr. Vince, um rapaz moreno e um pouco baixo, entrega uma pizza para um de seus entregadores, Uriel, dizendo:
— Aqui, Uriel. Essa vai pra Rua Egito, número setecentos e quinze. É só entregar e está dispensado por hoje de manhã.
— Sim, Sr. Vince. — Uriel pega a pizza, memorizando o endereço. — Até de tarde, então!
— Até a tarde, Uriel!
Uriel retira-se e se dirige à sua moto Guzzi de cor verde-matálica, estacionada em frente à lanchonete. Ele prende a pizza na moto e põe o seu capacete, da mesma cor da moto. Logo ele monta nela e dá a partida.
Após sete ou oito quadras ele chega até o endereço: um velho mercado abandonado. O endereço certamente é duvidoso, o que faz Uriel pensar se memorizou certo o número dito pelo Sr. Vince. O rapaz pensa em falar com outras pessoas que moram ao lado do velho mercado quando a porta do mesmo simplesmente se abre, lentamente.
Uriel imagina que a pessoa lá dentro teria aberto a porta e assim entra, com cautela. Do lado de dentro apenas se vê prateleiras vazias e empoeiradas, e assim que ele dá três passos dentro do recinto a porta se fecha violentamente, e Uriel vira-se de sobressalto, vendo que não há ninguém ali. De repente uma voz rouca e enfraquecida surge às suas costas:
— Uriel Dorrian, eu presumo! — Uriel se vira, deparando-se com algo que poderia ser um homem que deveria estar morto. Ele tem a pele toda ressecada e de cor avermelhada, nem se quer tem o nariz, um dos olhos é todo vermelho enquanto o outro está ausente, deixando a órbita vazia, e de sua boca escorre areia levemente. Uriel acredita que o corpo do velho deve ser pior, mas a capa negra que ele veste impede o rapaz de descobrir.
— Q-quem é você?! — Uriel, pasmo com a cena, larga a pizza no chão e recua dois passos. — E como sabe meu nome?!
— Quem eu sou?! Ora, meu filho, sou um grande ancestral importante para você e a nossa família! Eu sou Marshall Dorrian!
— Marshall Dorrian?! A ovelha negra?! Ele morreu há milhares de anos! — Uriel não consegue acreditar no velho, mas se incomoda ainda mais, pois a conversa o faz lembrar do sonho que tivera.
— E quantos anos você acha que eu tenho, rapaz?! E deixe eu te contar uma novidade: estou bem vivo!
— Não é o que parece!
— Mas eu estou! Culpa do maldito Angrerior! A maldição de me deixar vomitando areia parece ter me deixado vivo, já que só acabará quando eu dominar o Mundo!
— Olha aqui, seu farsante de meia-tigela! Não vem me dizer de Angrerior, Gema Dragão e nem de Dracon! Isso é só uma lenda entre a minha família! Não sei como você sabe disso, mas é melhor ir parando!
— Não sou nenhum farsante, e nada disso é lenda! E não tenho tempo para conversas, Uriel! Eu fui até o centro da terra recuperar a Gema Dragão e não vou deixar que isso tenha sido em vão!
— Está bem, velhote! Pegue a sua gema e faça o que bem entender! Não estou nem aí! Agora me deixa em paz, está bem? Você não precisa de mim, parece que está se virando muito bem sozinho!
— É aí que você se engana, filho: cada um de nossa família pode usar a Gema Dragão até os quarenta e cinco anos, e eu, sem dúvida, tenho muito mais que isso!
— Ah, claro! E agora você quer que eu use a Gema Dragão pra te ajudar a dominar o Mundo, não é?
— Exato! É bom ver que estamos se entendendo, filho!
— Estamos se entendendo o ca####o! Pare com essa asneira! Agora me deixa ir pra casa tomar um remédio pra dor de cabeça!
— Nada disso, garoto! Cletus!
— Sim, Mestre! — A voz vem das costas de Uriel, e este vira-se para ver o dono: um homem baixo, oriental, cabelos pretos e espetados. As íris de seus olhos são vermelhas, e ele usa um óculos escuro abaixo dos olhos e uma jaqueta oriental aberta, possibilitando Uriel de ver as suas três cicatrizes no peito, que parecem terem sido feitas com alguma lâmina.
— Não acredito... — Diz Uriel, incrédulo. — Não vai me dizer que nós escravizávamos tailandeses também, vai?!
— Os tailandeses eram nossos servos, não escravos! — Diz Marshall. — E pare de duvidar da minha palavra, garoto!
— Então, “Sr. Marshall Dorrian”... — Uriel olha bem nos olhos de seu suposto ancestral. — O que acha de provar tudo o que diz? Onde está a maldita Gema Dragão?
— Foi por isso que chamei Cletus, meu rapaz. Veja.
— Hein? — Uriel vira-se para Cletus novamente, e este tem em mãos uma pequena gema verde. Então Cletus diz:
— Vou avisando que deve doer na primeira vez que usar.
— O que--? — Cletus não deixa Uriel terminar a frase e pressiona a gema contra o peito do rapaz. No instante em que toca no rapaz a gema brilha intensamente, ficando colada a ele. Em seguida uma luz verde irradia dela e de Uriel, forçando Cletus e Marshall a fecharem os olhos e se afastarem do rapaz. — Iiiaaaaargh! — Uriel sente uma terrível dor no interior do peito que se espalha rapidamente pelo corpo, como se estivesse seguindo o fluxo do sangue, e em seguida a gema força Uriel e dizer: — Transformação! — E então um colante preto surge a partir da gema, espalhando-se pelo corpo de Uriel como um líquido. Assim que o colante se completa surge uma armadura alaranjada, que oculta totalmente a identidade do rapaz. E com a transformação finalizada a gema novamente força Uriel e falar: — Dracon! — Em seguida, a luz verde que irradia de Uriel se apaga.
— Fantástico! Eu sabia que funcionaria! — Diz Marshall, satisfeito.
— Inacreditável...! — Uriel, ou Dracon, olha para a armadura, incrédulo. Para ele, aquilo era apenas lenda. Uma história de sua família que havia passado de geração por geração. E agora ele vê que aquilo era tudo verdade.
— Muito bem, meu filho... Agora venha comigo. Vamos armar nossos planos para--
— Termine a frase e eu arranco esse olho que lhe resta e o soco no seu traseiro, Marshall! — Diz Dracon, apontando o dedo para o velho. — Essa gema foi criada pra um certo propósito! O qual eu seguirei! Ao contrário de você!

Continua!
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Mensagem por Morlun, o Milenar Sex Dez 26, 2008 7:52 pm

Parte 2 de 4


Na edição anterior...
Uriel Dorrian, um jovem entregador de pizzas, se encontra com Marshall Dorrian, seu ancestral que deveria ter morrido há milhares de anos, mas sobreviveu devido a uma maldição que o faz vomitar areia até o dia em que ele consiga dominar o Mundo.
Marshall revela a Uriel que a lenda sobre a Gema Dragão é real, e que ele a conseguiu recuperar e diz que Uriel deve usá-la para ajudá-lo a dominar o Mundo, pois o usuário da gema não pode ter mais que trinta e cinco anos de idade.
Cletus, o tailandês servo de Marshall, força a transformação de Uriel em Dracon, usando a Gema Dragão. E Uriel, agora acreditando que as histórias contadas por sua família de geração em geração são verdadeiras, decide que não irá usar os poderes para o mal, e sim seguir o objetivo com o qual fora criado a gema: o bem da humanidade.


Morganópolis, setembro de 2408. 11h50min.

— Não seja tolo, filho! — Marshall esbraveja para Dracon, todo enfurecido.
— Eu não sou seu filho, e preferia nem ser teu parente! — Dracon age na velocidade de uma fera: avança com uma voadora direcionada ao rosto de Marshall enquanto o seu braço direito está esticado para trás, com a palma da mão direcionada ao rosto de Cletus. No instante em que desfere o golpe no rosto de seu ancestral, uma luz verde irradia de sua mão, cegando Cletus.
Marshall choca-se em um dos caixas do velho mercado, destruindo o mesmo, e Cletus, sem condições de se defender, leva um golpe no estômago, sente a mão de Dracon lhe agarrar no pescoço e é lançado. Sente suas costas de chocarem contra uma parede, que ele julga ficar do outro lado do mercado.
Sem deixar seu corpo se expor, Marshall se levanta, com dores no corpo. Dracon chega à sua frente e encarando-o diz:
— Não se preocupe, Marshall: não vou matar um membro da minha família, ainda mais um ancestral, por mais que seja a ovelha negra. Afinal, não sou um assassino como você.
— Seu moleque estúpido! — Diz Marshall, cuspindo areia na armadura de Dracon. — Eu sou capaz de colocar todos os Dorrian contra você, ou até matá-los!
— Velho desinformado... Meus pais morreram, não tenho irmãos, e até onde sei, não tenho tios.
— Mas um dia você vai se casar e ter filhos, idiota! E tenha certeza: eu estarei vivo nesse dia e vou fazer você sofrer!
— Vai nad--! — As palavras de Dracon são interrompidas quando Cletus surge do alto, jogando-se sobre ele, golpeando-o no peito com os joelhos.
O impacto joga Dracon para trás e este se livra da queda dando um mortal, voltando ao chão já em posição de defesa contra Cletus, que avança rapidamente com uma cotovelada.
O golpe do tailandês é bloqueado com o bracelete que compõe a armadura de Dracon, e instintivamente Cletus desfere uma joelhada direcionada ao estômago de seu oponente, mas o golpe também é bloqueado, com a joelheira da armadura de Dracon. Antes do tailandês dar qualquer outro golpe, o jovem herói agarra em seu pescoço com a mão esquerda, apertando com toda a força, forçando o seu oponente a levar as duas mãos ao antebraço de seu agressor, na tentativa de se livrar da morte, em vão, devido à força de Dracon.
— Interessante... Você luta Muay Thai. — Zomba Dracon, aproximando seu rosto do rosto do desesperado Cletus. Em seguida o herói joga o seu inimigo do outro lado do mercado novamente, e aponta o indicador para Marshall, dizendo: — É bom que você desapareça, velhote. Não quero te ver mais!
E assim, Dracon vira-se para a saída do mercado e avança até ela enquanto a sua transformação de desfaz. Ao abrir a porta ele já está sem sua armadura e a Gema Dragão salta de seu peito e Uriel a encaixa com a mão. Ele rapidamente monta na sua moto, põe o capacete e dá a partida, saindo do lugar o mais cedo possível.
— Maldito seja! — Esbraveja Marshall, enquanto Cletus se aproxima dele, caminhando como se não tivesse se ferido na queda. — E ainda por cima levou a minha Gema Dragão!
— Eu sei de um meio de atraí-lo, meu senhor. — Diz Cletus. — Já vi o tipo de pessoa que ele é, não será difícil.
— Muito bem, Cletus! Faça o que precisa fazer, e o mate! Já que não segue minhas ordens, não o quero vivo!
— Sim, mestre!

Uriel vai até o restaurante Tropeiro Velho para almoçar e ao invés de se dirigir até o buffet para pegar o seu almoço, resolve comer apenas um lanche, como um x-salada ou algo do tipo. Sendo assim, ele se dirige até uma das mesas ao fundo do restaurante e se senta de costas para a janela.
Sem demora um garçom o atende, entregando a Uriel um cardápio para escolher o seu lanche. Ele fica um tempo passando os olhos nas opções sem ler nenhuma delas, até que decide que perdera totalmente o apetite, já que nos últimos minutos passara por uma experiência que jamais esquecerá em toda a sua vida. Então ele devolve o cardápio para o garçom e diz:
— Quero apenas um café, por favor. Com bastante açúcar.
— Sim, senhor. — O garçom retira-se, indo em direção à cozinha.
Uriel olha para trás, vendo pela janela se Marshall ou Cletus não o seguiram até ali. Certificando-se que por ora está seguro ali, ele volta-se para frente, e se depara com outra pessoa à mesa, sentado à sua frente.
Uriel não o reconhece, já que a pessoa está escondida atrás de um jornal, mas pelas mãos o rapaz vê que se trata de um homem negro, de, no mínimo, setenta anos, e se veste de terno branco. E só então Uriel nota que diante do homem, sobre a mesa, está um óculos escuro.
Antes de Uriel falar com ele o garçom volta, pondo uma xícara de café na mesa, diante de Uriel, e dirige-se para o estranho, oferecendo-lhe o cardápio:
— Deseja alguma coisa, senhor?
— Apenas um café com leite... — Responde o homem, dispensando o cardápio. — E algumas rosquinhas, por favor.
— Sim, senhor. — Em seguida o garçom se retira.
— Com licença...? — Uriel chama a atenção do homem. — Eu te conheço? Senão... tem muitas outras mesas vagas no restaurante. — Então o homem abaixa um pouco o jornal, o suficiente para mostrar o rosto, que é um tanto enrugado, acompanhado de um cabelo branco preso em um rabo de cavalo, além dos olhos dele serem totalmente brancos, o que deixa Uriel pasmo.
— Você é um bundão. Assim como todos da sua família foram.
— A-Angrerior?!

Continua!

E como eu havia esquecido antes, vou colocar o micro animado de Uriel se transformando em Dracon:
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Mensagem por Morlun, o Milenar Sex Dez 26, 2008 7:52 pm

Parte 3 de 4


Na edição anterior...
Uriel, transformado em Dracon, luta contra Cletus, o servo tailandês de Marshall Dorrian, praticamente vencendo a luta. E afirma para o seu velho ancestral que não quer vê-lo novamente, dando as costas para ele e levando a Gema Dragão.
Logo em seguida Uriel pára em um restaurante para tomar um café, onde se encontra com outra pessoa que deveria estar morta a milhares de anos: o feiticeiro conhecido como Angrerior.


Morganópolis, setembro de 2408. 12h10min.

— Opa! Você sabe meu nome! — Diz Angrerior, dobrando o jornal e pondo de lado, sobre a mesa.
— Um velho negro, de olhos brancos, e-- você está vestindo mesmo isso? — Uriel nota que Angrerior veste-se com um terno branco que provavelmente era usado há milhares de anos atrás. — Bom, de acordo com as “besteiras” que me contaram, só pode ser você!
— Sim, estou vestindo isso. Adoro o meu terninho branco. — Responde o feiticeiro, com ironia. Logo chega o garçom, servindo uma xícara de café com leite para Angrerior, seguido de um prato com sete ou oito roscas açucaradas.
— E você bebe-- bebe café com leite?
— Melhor do que café cheio de açúcar. — O feiticeiro diz em um tom confortável, sem olhar para o rapaz, e sim para a rosca que pega do prato. — E eu tenho um bom motivo para tomar café com leite. — Angrerior pega a xícara e antes de levá-la aos lábios, olha para Uriel e diz: — Eu adoro café com leite.
— Certo, chega de conversa fiada. O que você quer e como está vivo?
— Nessa ordem?
— Não enrole!
— Está bem... — Angrerior dá a primeira mordida na rosca em sua mão. Após mastigar com calma engolir o pedaço, diz: — Estou aqui pra dar um fim no Marshall e em você. Não necessariamente nessa ordem. E... — Uma outra mordida, mas desta vez ele não espera para engolir o pedaço e logo diz de boca cheia: — Eu sou um feiticeiro, posso viver o quanto eu quiser! (Se bem que, vendo como os tempos ficaram, preferia ter morrido há muito tempo!)
— Como assim dar um fim em mim? O que eu fiz de errado?
— Seu café está esfriando, bundão.
— Não me chame de “bundão”!
— Você é um Dorrian. Logo, é um bundão. Dorrian, bundão. Bundão, Dorrian. — Angrerior olha com ironia para Uriel, e este apenas o encara, ignorando a última fala do velho feiticeiro. Este, então, termina com a rosca em sua mão, mastiga-a tranquilamente, engole, toma um gole de seu café e então diz: — Sempre estive de olho em sua família, garoto, está bem? Desde o dia em que criaram essa me##a de Gema Dragão em seu bolso. Eu sabia que ia dar em me##a, e deu: aquele Marshall nasceu do ovário de uma Dorrian misturado com a po##a de um imbecil ignorante e ganancioso, e o resultado foi um Marshall Dorrian, que resolveu ignorar o sobrenome do pai e pegar essa maldita gema para destruir uma linda cidadela onde cresci. Deu trabalho, mas a construí de novo.
— Bom, e o que eu tenho a ver com isso? Se eu fosse da laia daquele velho, não teria negado o pedido dele de ajudá-lo nos planos dele. — Diz o furioso Uriel.
— Sabe de onde você saiu? Do sangue daquele p##o. Ele matou todos os Dorrian que existiam, menos a mulher e os filhos dele, que simplesmente desprezaram ele quando ele fez aquela me##a toda. E então, de um desses filhos saiu um outro Dorrian, e mais outro, e mais outro, e mais outro, até chegar no teu pai, cuja morte foi causada por Cletus, e não por um caminhoneiro bêbado--
— O que?!
— Isso mesmo, rapaz: Marshall suspeitou que seus pais iriam implicar nos planos dele, e enquanto ele ia procurar a Gema Dragão no centro da terra, Cletus estava aqui, dando um jeito nos seus pais. Ah, sim, sua mãe não morreu de câncer.
— Maldito... — Uriel fica ainda mais furioso, cerrando os punhos com toda a sua força.
— Você precisa do seu café, que está frio. — Angrerior fita a xícara de Uriel, e no instante seguinte uma fumaça é liberara do café. — Não vou fazer isso de novo. Quero que você tome o seu café antes de te matar.
— Como eu já falei... — Uriel tenta manter a calma para não causar um escândalo no restaurante. — Você não tem motivos para me matar.
— Tenho sim: você é um bundão-- digo, um Dorrian.
— Dê um motivo mais concreto.
— Você vai fazer besteiras com essa gema. Eu sei que vai. — Angrerior pega uma outra rosca, dá uma mordida, e antes de começar a mastigar dá um gole do café, para em seguida continuar a comer o pedaço da rosca e depois diz: — Sou um feiticeiro, sei dessas coisas. Não importa o que eu faça com a gema, Marshall vai conseguir encontrá-la, e a única saída para ele é ir até você ou até seus filhos, já que ele virou um tipo de fantasma, e não pode ser morto por causa--
— Se uma ca###a que você fez.
— Isso. Uau, agora você me deixou sem palavras.
— Olha, Angrerior, eu sei muito bem do que você é capaz, se é que tudo o que me falaram de você é verdade. Sem dúvida não tenho como derrotar você, já que você derrotou Marshall enquanto ele usava a Gema Dragão. Então, faremos um acordo: você me deixa em paz, pode até me vigiar enquanto uso a Gema Dragão, se é que vou usar depois de matar Marshall e aquele tailandês. Se por acaso eu “fugir do controle”, o que eu sei que não vai acontecer, você me mata. Não me bota uma maldição como fez com Marshall. Me mate de uma vez, está bem?
— Parece um bom acordo.
— É um bom acordo.
— Então devo aparar de vigiar você vinte e quatro horas por dia?
— O que?!
— Brincadeira: foram só dezesseis, afinal preciso dormir também.
— Você andou me vigiando o tempo todo?!
— Mas é lógico, a qualquer momento você poderia sair destruindo tudo, nunca se sabe! Vivemos em um mundo louco onde pessoas fantasiadas viajam no tempo para matar vampiros!*
— Você. Andou. Me vigiando?!
— Sim, sim. Sei que você só teve namoradas chatas, sei que você tem um emprego de me##a porque Marshall usou TODAS as riquezas dos Dorrian para se livrar da maldição que coloquei nele, o que me deixa feliz, afinal, ferrei com os Dorrian! Nada me deixaria mais feliz!
— Muito engraçado.
— Obrigado. — Angrerior volta-se para a rosca em sua mão, dando uma mordida nela, e ainda antes de engolir o pedaço, diz: — Agora, se quer provar que não vai cometer a mesma ca###a que o velhote bundão, olhe pro seu café.
— Que--?
— Olhe pro café.
Uriel olha para o café, e sob a leve fumaça do mesmo ele vê uma imagem que não é seu reflexo, e sim uma estação de metrô, repleto de pessoas distraídas, esperando pelo trem para irem almoçar. A o fundo da estação, na entrada, ele vê a sombra de um homem baixo e cabelos espetados: Cletus.
Uriel não precisa pensar mais de um segundo para saber o que o tailandês pensa em fazer na estação, e então ele pega a xícara, termina com todo o café num só gole, e se retira do restaurante às pressas.
— Não se preocupe... — Diz Angrerior, de boca cheia e pondo seu óculos escuro. — Eu pago a conta.

A estação está cheia de pessoas, mas não a ponto de ficar lotada: há bancos juntos às paredes, e alguns no meio da estação, e sobram dez ou onze pessoas em pé.
Cletus entra no metrô e caminha tranquilamente, olhando para cada pessoa. Os morganopolitanos não ligam muito pra ele, pois apenas parece um oriental turista perdido no meio de Morganópolis.
Ninguém mais está olhando pra ele quando o mesmo estende a mão para a mulher em pé à sua frente, de costas, mas antes do tailandês fazer alguma coisa algo o atinge pela sua esquerda, no rosto, fazendo seu óculos saltar, e então Cletus se choca contra uma parede.
Ele se levanta, fitando seu agressor: Dracon. As pessoas ficam todas confusas, principalmente pelo homem de armadura laranja, parecido com um super-heróis japonês.
— Você vai morrer, Cletus. — Diz Dracon, ignorando todos à volta. — Vai pagar pelo que fez aos meus pais.
— Ah, é, Dracon? — Cletus põe-se em posição de ataque, desafiando Dracon com as palavras. — Então eu quero ver!

Continua!

* Vivemos em um mundo louco onde pessoas fantasiadas viajam no tempo para matar vampiros! — Obviamente Angrerior está falando do Homem da Nova-Era, que foi pro passado atrás do Drácula. Smile
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Mensagem por Morlun, o Milenar Sex Dez 26, 2008 7:53 pm

Parte 4 de 4


Na edição anterior...
Em um restaurante, Uriel se depara com Angrerior, o mesmo feiticeiro que derrotou e amaldiçoou Marshall Dorrian há milhares de anos atrás. O feiticeiro revela que o pai de Uriel não morreu em um acidente de carro e que a mãe não morrera de câncer, e sim que ambos foram mortos por Cletus, servo de Marshall. E o pior: Angrerior diz que quer matar Uriel, afirmando que o rapaz ainda acabará fazendo o mal com a Gema Dragão, assim como Marshall.
Uriel enche-se de raiva, desejando vingança pelos seus pais, e propõe um acordo para Angrerior: se algum dia o rapaz cometer alguma maldade se quer com os poderes da Gema Dragão, o feiticeiro tem total permissão para matá-lo.
E para terminar com a conversa, Angrerior revela para Uriel que Cletus está em uma estação de metrô, cheio de pessoas, e certamente ele irá fazer mal a elas. E Uriel não demora em ir até lá para dar um fim definitivo no tailandês.


Morganópolis, setembro de 2408. 12h42min.


Todos ficam olhando com curiosidade para os dois “esquisitos” se encarando. Ninguém sabe o que está acontecendo e só entendem que devem sair às pressas da estação quando Dracon grita:
— SAIAM TODOS DAQUI! AGROA!!! — As pessoas deixam o local correndo, por todos os lugares possíveis, exceto entre Dracon e Cletus.
—Tenho uma má notícia, Dracon... — Diz Cletus, aproximando-se do seu oponente. — Marshall quer você morto!
— Tenta! — Dracon termina a frase e Cletus avança com uma voadora na direção do peito de Dracon, e este bloqueia facilmente usando seus braceletes, e no mesmo instante o herói acerta um hábil chute no rosto do tailandês, jogando-o novamente contra a parede.
O metrô agora está vazio, exceto por Dracon, Cletus e dois rapazes num canto, não muito longe da luta.
— Caraca, cê tá filmando isso, colega?! — Diz um dos rapazes, que é gordo, usa um boné com a aba ao contrário, cavanhaque ruivo e veste-se como metaleiro.
— É claro que tô, cara! — Diz o outro, agachado e filmando a luta com uma câmera digital. Ele tem cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, piercings nas orelhas e no nariz e também se veste como metaleiro. — Qual será que é o herói, cara?
— O de armadura, colega, que se chama “Dracon”! Só pode! Ele se veste de um jeito legal, enquanto o outro, o Cletus, é feioso!
— Mas, cara, o de armadura atacou o chinês do nada!
— Não é chinês, colega! É tailandês!
— Como cê sabe, cara?
— Porque ele luta Muay Thai, colega! Olha!
Dracon e Cletus lutam habilmente, mas o herói parece ser mais rápido e mais forte que o Muay Thai do tailandês.
Dracon acerta um soco no rosto de Cletus, seguido de um chute no estômago, outro no peito e outro no rosto, e mais um no rosto, com mais força, derrubando o vilão no chão.
Cletus se levanta avançando com vários golpes: um soco no rosto, outro soco no rosto, uma joelhada no estômago e uma rasteira. Porém, todos foram desviados, mas o próximo golpe ele acerta: um chute no peito que joga Dracon na direção dos dois garotos que assistem à luta, caindo a meio metro deles.
— O que vocês fazem aqui? — Diz Dracon para os garotos assim que se levanta. — Saiam antes que se machuquem!
— Tá vendo, colega?! — Diz o garoto gordo, quando o herói dá as costas para eles e dá continuidade à luta. — Ele é o herói!
— Firmeza, cara! Cê tava certo! — Responde o garoto que filma a luta.
Dracon se joga pra cima de Cletus e prepara uma voadora, que acaba por ser desviada pelo tailandês, mas o herói já esperava pela esquiva e acerta propositalmente na parede logo atrás de Cletus, impulsionando-se nela com o pé e voltando na direção de seu oponente, acertando em seu rosto com o joelho. Antes de Cletus se recobrar Dracon gira o corpo para desferir um poderoso chute, mas o vilão não é um oponente fácil e se protege com o antebraço esquerdo, lançando um soco com a mão direita instantaneamente, mas Dracon agarra a sua mão, usando-a para puxar Cletus e desferir um soco em seu nariz, fazendo espirrar sangue pelo mesmo.
Cletus rapidamente recua para evitar mais golpes, e então encara Dracon furiosamente e avança com uma joelhada direcionada ao peito de seu oponente, mas este golpeia o joelho com o punho, e logo Cletus tenta um soco no rosto que é desviado, insiste com outro, e também é desviado, tenta uma rasteira, e Dracon desvia pulando por cima do oponente, mas antes de voltar ao chão Cletus agarra em sua perna e o joga nos trilhos do metrô.
Dracon se choca na parede, mas não é ferido e cai sobre os trilhos já em posição de ataque, protegendo-se da voadora de Cletus logo em seguida.
Cletus está sobre os trilhos ao lado da plataforma, enquanto Dracon está nos trilhos ao lado destes, avançando um soco. Ainda antes do punho do herói chegar ao rosto de Cletus, este sente os trilhos sob seus pés vibrarem, e olha para a sua esquerda e vê uma luz se aproximando. Trata-se de um trem prestes e parar nesta mesma estação, e então o vilão habilmente agarra no pulso de Dracon e salta para a plataforma, puxando seu oponente que quando pisa nos trilhos pelos quais vem o trem percebe o plano do tailandês e então agarra no pulso dele e o puxa com ainda mais força, batendo na parede às suas costas com o corpo de Cletus.
Dracon volta aos trilhos nos quais estava um segundo antes do trem chegar. O trem pára ali para que os seus passageiros se retirem, porém estes, ao invés de saírem, ficam na janela, assistindo pasmos aos dois lutando do lado de fora, nos trilhos ao lado.
Tanto Dracon quanto Cletus tentam acertar golpes em seu oponente, mas a maioria é em vão. A cada dez golpes Cletus acerta um ou dois, e Dracon acerta oito ou nove, por ser mais rápido que seu oponente.
Luta acaba por ser interrompida com um segundo trem, vindo da mesma direção que o primeiro, mas no trilho sob os pés de Dracon e Cletus, e cada um segue seu rumo: o herói dá um hábil mortal, protegendo-se sobre o trem parado ás suas costas; e o tailandês vira-se de sobressalto, corre pela parede em sentido vertical e ao chegar perto do teto ele se solta para cair sobre o segundo trem que está correndo a toda velocidade sob seus pés, mas antes de chegar até ele Dracon joga-se na direção de Cletus e lhe acerta um chute nas costelas que o faz cair de costas sobre o trem em movimento. Dracon também cai sobre o mesmo trem, mas em posição de ataque, a três vagões de seu oponente.
Cletus rapidamente se levanta e avança na direção de Dracon, e antes de acertar uma cotovelada no herói leva três hábeis chutes, quase ao mesmo tempo: um do lado do joelho, um no quadril, e o último no rosto. Antes de mais nada Dracon aproveita para acertar um soco no rosto de Cletus, seguido de outro no estômago, e sem hesitar ele gira o corpo para golpear o oponente com um forte chute no rosto que joga Cletus na parede do metrô.
O tailandês tem suas agilidades e assim que se choca na parede ele começa a correr pela mesma com as mãos e os pés, como um animal quadrúpede, um pouco mais devagar que o trem, e após alguns metros e salta na direção de Dracon, mas acaba acertando uma joelhada no teto do trem, dois vagões atrás do herói, devido a velocidade do trem.
No instante seguinte o trem já não está dentro de um túnel do metrô, mas ao ar livre, acima das ruas de Morganópolis e das pessoas que não percebem os dois sobre ele.
— Não adianta insistir, Cletus. — Diz Dracon. — Se Marshall quer a mim, significa que você não é tão poderoso quanto eu!
— Eu sabia que você diria algo parecido, Dracon... — Cletus assume um sorriso malévolo e começa a tirar a sua jaqueta oriental, ficando despido da parte superior do corpo, expondo completamente a sua horrível cicatriz no peito. — Prepare-se para morrer!
Dracon não entende o que Cletus quer dizer e fica olhando o seu oponente. Este fecha os olhos, junta as mãos cruzando os dedos, exceto os dedos médios e indicadores, que ficam erguidos. Ele se concentra por cinco ou seis segundos e então abre os olhos, que, para o espanto de Dracon, estão totalmente vermelhos e brilhando.
Cletus passa a dizer palavras ininteligíveis, supostamente no idioma tailandês, e estende os braços. Logo ele pára de dizer as estranhas palavras e passa a gemer assim que os músculos de seus braços parecem inchar, bem como seu peito e seu abdômen. Ele geme ainda mais alto quando estranhos espinhos de ossos parecem brotar de seus braços, finalizando a transformação.
— Mas que diabos-- — Dracon tenta expressar seu espanto, mas é interrompido quando Cletus mostra o quanto sua velocidade e força aumentaram, jogando Dracon do trem com apenas um soco.
Dracon voa mais de quinhentos metros, chocando-se no chão e rolando pelo mesmo por uns duzentos metros, destruindo várias coisas que ele nem faz idéia do que são. Quando ele se levanta vê que está em um parque, com algumas crianças que saem correndo, com medo do estranho homem que surgiu do nada, destruindo o escorregador onde, graças a Deus, havia apenas uma criança brincando, e ela ainda estava prestes a subir.
Meio tonto com as últimas sete ou oito pancadas (e ainda mais pela primeira) Dracon tenta localizar Cletus, crente de que ele está se aproximando. E eis então que o vê, logo à frente, a uns dez metros, com um dos brinquedos do parque em mãos, pronto para lançar contra Dracon. Esse brinquedo só pode ser a roda. Cletus prepara para lançar a sua “arma” e Dracon não tem tempo para pensar: é atingido em cheio no estômago, e é lançado para trás, chocando-se com as costas em uma camionete.
Dracon está completamente inteiro. A roda amassou na barra que acertou nele. E a camionete perdeu a porta do caroneiro e está tombada logo atrás, nada demais. E antes de Cletus fazer alguma coisa o herói levanta a roda, pronto para devolvê-la, mas quando se levanta vê Cletus bem na sua frente, e este rapidamente toma o brinquedo das mãos de Dracon e começa a golpeá-lo impiedosamente com o mesmo.
Dracon está no chão e sentindo dores na cabeça, no peito e no ombro esquerdo. Sente seu sangue escorrer pelo rosto. A armadura está intacta, mas sua pele não é invulnerável.
Logo as pancadas terminam, já que a roda fora toda destruída, e então Cletus agarra no pescoço de Dracon, disposto a estrangulá-lo sem hesitar. Dracon começa a perder o ar e suas forças, vê a morte se aproximando de seus olhos e começa a imaginar no que pode acontecer se morrer: Marshall dominando o mundo de alguma forma terrível. E então lembra de seus pais e de que Cletus os matara, o que o enfurece, e um segundo antes de fechar os olhos e morrer, a Gema Dragão brilha intensamente, irradiando uma luz verde que joga Cletus a uns vinte metros de Dracon. O herói se levanta, ainda com a Gema Dragão brilhando, e diz:
— Transformação nível dois! — No instante seguinte seu visor passa a ser verde e linhas da mesma cor surgem em várias partes da armadura, como marcas tribais. E logo a Gema Dragão pára de brilhar e Dracon diz: — Super-Dracon!
— Mas o que é isso?! — Cletus fica pasmo, e seu oponente se mostra igualmente surpreso.
— Uau... — Super-Dracon vê cada detalhe de sua “nova” armadura. — Eu... me sinto... — Ele olha para Cletus e avança velozmente, levando menos de um segundo para chegar às costas do tailandês. — Mais rápido! — E então desfere uma cotovelada que parece trincar a clavícula de Cletus. Este geme alto e não sabe como fora parar com a cabeça enterrada na grama do parque, a quase cem metros de onde estava um segundo atrás.
— Eu vou matar você! — Diz Cletus, cheio de fúria, procurando por Super-Dracon assim que desenterra a cabeça, mas não consegue vê-lo em parte alguma. De repente Cletus leva um soco na cabeça que o deixa tonto e em seguida Super-Dracon lhe acerta um chute no estômago, com força para lançar o tailandês para longe, mas antes mover-se cinco centímetros no ar, o herói lhe acerta uma joelhada que parte a espinha dorsal ao meio.
Cletus cai de peito no chão, sem conseguir se levantar, mas quanto a isso Super-Dracon pode ajudar: ergue o tailandês segurando-o pelo pescoço, com a mão direita, apertando com toda a força.
Cletus começa a afogar-se no próprio sangue quando ouve as palavras de Super-Dracon:
— Isso é pelos meus pais! — Em seguida um estalo indica que a jornada de Cletus nesse mundo terminou, e que a vitória é de Super-Dracon, que larga o tailandês no chão. O herói pensa em virar as costas quando o corpo de Cletus passa por uma metamorfose que o transforma em cinzas, espalhadas pela grama com o vento.
— Iraaaaaaaaaaaado! Colega, você FILMOU isso, né?!
— Pela sétima vez, cara... Eu estou filmando tudo, falou?!
— Vocês de novo?! — Diz Super-Dracon ao ver os dois garotos metidos a metaleiros. — Vão pra casa!
— Hei, espera! — O garoto gordo tenta chamar a atenção de Super-Dracon, que deixa o local correndo incrivelmente rápido. — Que droga, colega, ele foi embora!
— Mas aposto que ele ainda vai aparecer de novo, cara! — Diz o garoto que filmava, agora desligando a câmera digital. — É um super-herói duca, não vai dexá a humanidade na mão!
— Podiscrer, colega! E nóis vamos é ganhá uma nota preta com esse vídeo!
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Mensagem por Morlun, o Milenar Sex Dez 26, 2008 7:54 pm

Epílogo

Uriel entra na sua casa, exausto. Limpa o sangue que escorre de sua cabeça pelo rosto pela terceira vez, o que deixa sua mão direita ainda mais suja de sangue. O ferimento deixa o rapaz um pouco tonto, mas ele consegue caminhar normalmente. Afinal, ele pôde caminhar até a estação de metrô onde deixara a moto e a dirigiu até sua casa, sem causar problemas.
Seu sangue desce pelo ralo da pia do banheiro enquanto ele pega um esparadrapo no armário logo na sua frente. Ele limpa o rosto pela quarta vez, mas agora usando a água, e antes de fazer o curativo ele ouve uma voz:
— U-Uriel?! O que houve?! — Bia, uma garota de em média vinte anos, cabelos curtos e castanhos, vê que Uriel está ferido e corre para ajudá-lo. — Vem, senta aqui. — Ela tampa a privada e Uriel senta-se nela, deixando Bia fazer o curativo.
— O-o que faz aqui--? Au! — Pergunta Uriel, confuso com a chegada de sua ex-namorada.
— O que aconteceu com você? Caiu da moto?
— Aparentemente sim... O que veio fazer aqui?
— Olha... — Bia termina o curativo e vai à porta do banheiro, com a cabeça baixa e envergonhada. — Foi... foi um mal entendido... Bem que a Vit não parecia ela mesma.
— Como... Como assim?
— Alguém andou usando o MSN dela.
— Ah, ca####o! Eu falei pra você largar essa droga de MSN!
— Eu sei... Olha... Por favor, me desculpe...
— Tudo bem... Olha... Esquece, ok? Só preciso descansar um pouco antes de ir trabalhar--
— Trabalhar? Olha o que aconteceu com você, são obrigados a te darem uma folga!
— Na lei não fala nada sobre lutar como um super-herói... — A frase é murmurada, o suficiente para Bia não entender.
— O que disse?
— Eu estou bem... Está tudo bem, só machuquei um pouco, certo? Se puder, me faz um café-- Café, não... Vai me trazer lembranças terríveis...
— Hã... Eu te dou um copo de leite--
— Leite também. Deixa pra lá, só vou descansar...
— Pelo menos... Diga que está tudo bem.
— Eu falei--
— Entre nós.
— Ah, sim... Certo... — Uriel se levanta, abraça Bia e a beija. Sem hesitar ela corresponde ao beijo. — Te amo.
— Também de amo! — E ela o abraça forte, mas precisa parar:
— Aaaau!!!
— Que foi?
— Acha que foi só na testa que ele me acertou?
— Quê?
— Esquece... Preciso descansar...

“Bem... Se antes minha vida estava uma zona, imagina agora que tenho super-poderes, um ancestral malvado que sumiu e um feiticeiro querendo me matar. Não sei muito sobre os meus poderes, e minha família nunca falou da existência de um ‘Super-Dracon’, mas em todo o caso, não vou dominar o mundo com esses poderes. E também não vou ficar combatendo assaltantes, têm policiais pra isso. Mas, se por algum acaso, aparecer um vampiro viajando no tempo ou algo parecido, aí eu posso fazer alguma coisa.”
“De agora em diante sou Dracon... E precisarei de um herdeiro, já que aos quarenta e cinco terei que me aposentar, mas antes precisarei dar um fim no Marshall, antes dele fazer qualquer besteira.”

FIM

Micros:
Super-Dracon e uma animação da transformação de Dracon para Super-Dracon:
Dracon [Completo] 2-SuperDracon Dracon [Completo] 11-SuperDracon-Transformao2

E aqui os vilões, que eu podia jurar que tinha postado antes: Marshall, Cletus e o Cletus na sua segunda forma:
Dracon [Completo] MarshallCairo Dracon [Completo] Cletus Dracon [Completo] Cletus2


Em breve (eu espero)...

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