O Homem da Nova-Era [Completo]
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O Homem da Nova-Era [Completo]
Parte 1 de 4
Morganópolis, novembro de 2407. 21hs09min.
O céu nublado é medonho com os relâmpagos. Não há chuva, mas há lua cheia, num tamanho maior de como foi conhecida, como se estivesse ainda mais perto da Terra, diferente de como foi séculos atrás.
Um homem e um robô estão em um grande recinto sombrio, de paredes de pedra, clareado com várias tochas pelas paredes. Há uma porta enorme de madeira em uma extremidade, além de vários maquinários espalhados pelo recinto.
O homem tem cabelos negros e curtos, vestindo-se de preto e vermelho, além da capa preta, que é vermelha por dentro. E as íris de seus olhos são vermelhas e brilhantes.
O robô deve ter meio metro de altura, e o corpo fino. Totalmente fino, do pescoço até os punhos e as canelas, tendo juntas, que seriam os cotovelos e os joelhos. As únicas coisas mais possíveis de se ver nele são as mãos, de dois dedos — um seria o dedão, e o outro seria três dedos juntos —, os pés, que parecem sapatos, e a cabeça, que é redonda, acinzentada, como as mãos e os pés, de dois olhos totalmente redondos e de pupilas pretas, e uma boca larga, parecendo um “sorriso amarelo” devido ao que parece ser “dentes”, mas na verdade a boca mais parece uma saída de som eletrônico.
O robô parece estar consertando uma das máquinas espalhadas no recinto. Trata-se de uma pequena plataforma redonda, de trinta ou quarenta centímetros de altura, e dois metros de largura. E o homem o observa impaciente, até que finalmente ele diz algo, mostrando seus grandes caninos afiados:
— Apresse-se, Igor! Aquele maldito mascarado poderá chegar a qualquer instante!
— Sim, Senhor Drácula! — O robô, que fora chamado de “Igor”, tem uma voz mecânica, mas parece que é uma pessoa falando do outro lado do telefone. E diante da ordem daquele que ele chamou de “Drácula”, Igor se apressa em consertar a máquina.
Não muito longe dali, aos olhos da enorme lua cheia, um homem salta pelos velhos e semi-arruinados prédios, correndo como um gato. Ele veste-se com um colante branco, e usa um cinto preto, assim como suas luvas, botas, capa e a máscara que lhe oculta os olhos. Seu cabelo, também preto, é curto e liso, partido ao meio. E no seu peito há um símbolo. O símbolo da Nova-Era.
“Eu não tenho nome. Nunca tive. Cresci sozinho, nas ruas, sem batismo algum, sem ninguém para me chamar de filho. Não sei quem me gerou, e não sei exatamente o que sou. Sei dizer que sou um vingador mascarado, que impõe justiça em tudo que for injusto. Já entreguei líderes corruptos e já matei policiais corruptos. Os inocentes e indefesos me idolatram, as autoridades querem minha identidade e me colocar atrás das grades. Mas tudo que eles sabem de mim é o que eu faço, e também me deram um nome, que surgiu do símbolo que carrego no peito: o Homem da Nova-Era.”
“Estou à procura de Drácula, e seu ‘fiel’ servo, Igor, que serviu ao primeiro maníaco que enfrentei: o Caveira. Quando ele morreu, no nosso ultimo combate, Igor ficou foragido, e logo Drácula despertou de sua tumba, logo tendo Igor como seu servo. Nem preciso dizer quem acordou o maldito vampiro.”
“E essa noite algo me diz que Drácula está armando algo. Não está em sua mansão e não há nada na arruinada cabana da Bruxa Matilda, que está desaparecida. Só resta um lugar para procurar: no esconderijo de Caveira, que fica no subsolo do cemitério.”
“O Caveira foi um grande gênio. Tanto a ponto de criar um robô com inteligência artificial, que agora está servindo Drácula e já serviu Matilda meses atrás, após Drácula adormecer novamente em um combate contra mim. E naquele esconderijo ainda estão todas as máquinas que ele criou... Sendo assim, Drácula deve estar querendo criar um exército de robôs para dominar o mundo, ou criar uma arma poderosa para dominar o mundo... Quem sabe até viajar no tempo, para uma era onde eu ainda não existia, e assim não teria ninguém para impedi-lo de dominar o mundo. Basicamente, ele está planejando algo para dominar o mundo, como sempre. Como os outros dois maníacos que enfrentei”
— Sinto o cheiro dele... — Os olhos de Drácula tornam-se incandescentes de raiva. — Ele está próximo... Apresse-se, Igor!
— Estou terminando, Senhor Drácula! — Responde Igor, que permanece usando suas ferramentas na plataforma que está consertando.
— Ande logo, não temos muito tempo!
— Não mesmo, Drácula! — A porta de madeira é derrubada com um chute. E quem entra é um homem mascarado. O Homem da Nova-Era.
— Maldito seja, Homem da Nova-Era! — Esbraveja Drácula, com raiva. — Dessa vez você não irá me impedir de seguir meu objetivo!
— Mesmo, Drácula? E qual seria? Vai dar um sermão como sempre--? — O vingador mascarado finalmente repara em Igor e vê o no que ele está mexendo. — Justo o que eu temia... Vai querer voltar no tempo também, Drácula?!
— Só porque o Caveira não conseguiu não significa que eu não conseguirei!
— O Caveira morreu graças a essa coisa... Acha que esse robô insignificante conseguirá fazer funcioná-la?!
— O Caveira era um tolo imbecil!
— Chega de conversa...! — O Homem da Nova-Era estende as mãos para frente, como se estivesse segurando uma bola de basquete, e em menos de um segundo, uma esfera de energia amarelada e semitransparente surge entre as mãos dele. Ele aponta aquela esfera para Drácula, que se posiciona pronto para proteger-se, mas o vingador o engana: vira a esfera para Igor e dela é disparada uma rajada de energia, atingindo o robô com total impacto, e ele é jogado para o fundo do recinto, chocando-se com alguns maquinários, e a esfera de energia do Homem da Nova-Era logo se dissipa.
— Seu robô incompetente! — Drácula enche-se de raiva e olha para o seu inimigo, pronto para atacar, mas este é mais rápido: ele lança um pequeno disco afiado, de três centímetros, com o símbolo da Nova-Era dos dois lados, que vai na direção do rosto do vampiro.
Drácula também não é nada lento: ele pega aquele disco com sua mão direita e o lança novamente na direção do Homem da Nova-Era, mas este faz o mesmo, pegando seu disco com a mão direita, mas não apenas o lançou novamente, e sim lançou dois a mais.
Um dos discos cravou-se no ombro esquerdo do vampiro, o segundo no braço direito, e o terceiro não o atingiu, e sim um dos maquinários às costas dele, ricocheteando e alterando seu destino: a plataforma que Igor consertava, cravando-se em uma fenda da máquina.
Faíscas saem daquela fenda e a máquina emite um ruído abafado, significando que está ligada. Drácula sorri vitorioso e o Homem da Nova-Era se decepciona com sigo mesmo. Logo surge uma enorme esfera de luz branca sobre a plataforma, e Igor aparece de trás do vampiro, dizendo:
— Vamos, Senhor Drácula! Precisamos entrar juntos para não sairmos em lugares diferentes! — O robô se agarra na capa de Drácula e os dois avançam para aquela esfera, e antes de ser sugado por ela, Drácula olha para o vingador mascarado, dizendo:
— Obrigado pela ajudar, Homem da Nova-Era! Hahahahaha!
— Maldição! — Assim que o vampiro desaparece o herói avança, sem se importar se vai viver ou não, e também é sugado pela esfera.
Ele agora se vê sendo sugado por uma espécie de tubo de luz branca, que segue em árias direções, cheio de curvas e nenhuma reta. Minutos parecem ter passado, e o tubo desaparece. O vingador, agora, se vê em um céu noturno, e começa a cair.
A queda não é tão grande, mas é o suficiente para lhe causar uma tamanha dor nas costas ao se chocar no terraço de um prédio. E como ele é um herói destemido, ignora totalmente a dor, como se não a sentisse, e se levanta, olhando à sua volta. Os prédios não são velhos e semi-arruinados como antes, e as luzes estão todas acesas. O céu não está mais nublado, e sim estrelado, e a lua permanece cheia, mas está menor, distante.
“Sem dúvida voltei no tempo... Bem antes do ano de 2407... Mas que ano?” Ele vai até a beira do prédio e salta para baixo, em um beco, em frente a uma lixeira. Nela há uma folha de jornal, que ele pega para ver a data. “Novembro de 2007?! São quatrocentos anos no passado! Drácula vai pagar caro por isso...!”
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Re: O Homem da Nova-Era [Completo]
Parte 2 de 4
Morganópolis, novembro de 2007. 21hs39min.
Em uma sala de estar de uma luxuosa mansão, Drácula ocupa a única poltrona dali, de couro vermelho. Ao lado direito dele há uma lareira, mas sem fogo, devido ao calor do verão; ao lado esquerdo, está Igor, em pé, pronto para qualquer ordem que Drácula transmitir; e diante do vampiro há um sofá de três lugares, com um casal sentado nele.
O homem veste um terno vermelho que parece ser caríssimo, e tem um bigode um tanto ridículo. E a mulher, veste um vestido rosa que parece custar ainda mais que o terno de seu suposto marido, e tem cabelos loiros e encaracolados.
Poderia ser qualquer casal, pessoas comuns que vivem em uma mansão, a não ser pelas íris dos olhos, que são vermelhas, como as do Drácula, e os dois orifícios no pescoço, mostrando que Drácula os mordeu, transformando-os em vampiros, e agora estão sob o encantamento do senhor dos vampiros.
Logo entra um mordomo na sala, no mesmo estado de seus patrões: íris vermelhas, orifícios no pescoço, e encantamento de Drácula. Ele carrega nas mãos uma taça de vinho, e a oferece para o seu “novo mestre”, que a pega agradecido e dispensa o empregado.
— Fantástico, não é Igor? — Indaga Drácula, após um delicioso gole do vinho.
— Senhor? — Agora é o pequeno robô quem indaga.
— Tudo isso... Todas as pessoas dessa época... em minhas mãos. Sem ninguém para me interromper... O Homem da Nova-Era, sem dúvida, não entrou no portal, achando que a máquina iria matá-lo... E assim, eu poderei ter o mundo em minhas mãos.
— Entendo. Fantástico mesmo, Senhor Drácula.
— E eu fico pensando, Igor... — Drácula dá um segundo gole do seu vinho. — Como aquela maldita fábrica de chocolate teria virado minha mansão?
“Chocolate Celeste”. É o que diz o letreiro de néon de uma enorme fábrica de chocolate, toda fechada e com as luzes apagadas. Só pode, por ser altas horas da noite. E diante dela está um decepcionado Homem da Nova-Era.
“Que diabos...? Fábrica de chocolate? Bom, o que você queria? Viajou quatrocentos anos para o passado. Achou mesmo que tudo continuaria igual? Heh... ‘Chocolate Celeste’... Gostaria de ver a cara de Drácula ao ler isso, se é que já não leu.”
“Bom, creio que não adianta eu ir ao cemitério procurar pelo esconderijo subterrâneo de Caveira, e muito menos procurar pela cabana de Matilda. Ou seja: estou perdido aqui, na minha própria cidade! Aposto que se eu for à torre do relógio, onde eu vivia, não haverá nada! Bom... aquela torre estava velha... talvez já existe hoje... Acho que vou lá para pensar com mais calma e--“
— AAAAAAAARRRRGH!!! — O Homem da Nova-Era urra de dor ao sentir um intenso choque lhe corre pelo corpo, fazendo seus ossos vibrarem como qualquer celular e seu coração disparar como um cervo fugindo desesperadamente de um leão faminto. Um choque tão familiar quanto a palma de sua mão. Um choque que não é elétrico, e sim ectoplasmático. — Ma-Matilda...! — O herói vê sua agressora, com sua mão direita emitindo uma luz branco-acinzentada.
— Eu mesmo, Homem da Nova-Era. — Matilda usa um colante verde, assim como suas botas e seus braceletes, deixando seu tórax, braços e coxas expostos. Seus cabelos são longos e loiros, e seus olhos são amarelados, emitindo um olhar vil e malévolo.
— Sua... Sua...
— Cale a boca e durma, “herói”. — E assim, o Homem da Nova-Era, não resistindo à dor que lhe toma o corpo a as pálpebras que parecem pesar toneladas, dorme como um homem que trabalhou por uma semana sem descanso algum.
— Sinto cheiro de... — Drácula levanta-se em sobressalto de sua poltrona, pondo a taça vazia na mesinha à sua frente. — Mulher. Uma mulher que eu conheço e que com certeza não é dessa era. E tem... o cheiro dele!
— Não é possível... — Igor fica tão incrédulo quanto Drácula e logo a janela do outro lado da sala é estraçalhada, e o Homem da Nova-Era cai desacordado diante do senhor dos vampiros e de Igor, todo amarrado com cordas.
— Que maldição infernal está acontecendo aqui?! — Esbraveja Drácula, antes de alguém entrar pela janela destruída e caminhar até o corpo do herói caído no chão. — Matilda...?
— Eu mesma, meu querido Drácula. — Responde a bruxa, com um sorriso maroto.
— Que diabos...? — O Homem da Nova-Era acorda, com dificuldades para se recompor. Lentamente sua visão desembaraça e ele percebe que as dores sumiram. Olha à sua volta, vendo onde está e na presença de quem. — Ah, droga...!
— Ora, ora... Que embaraçoso, não? — Matilda ironiza, e logo o herói volta a falar:
— De onde você saiu, sua bruxa?
— Boa pergunta, devo dizer. — Diz Drácula, desconfiado. — E falo de vocês dois!
— Achou mesmo que eu não ia entrar no portal ao ver que você sumiu nele? — Retrucou o mascarado ao chão, contorcendo-se até conseguir ficar sentado. — E você? — Agora ele pergunta para a bruxa, novamente.
— Bem, depois que você destruiu a minha cabana... — Matilda inicia seu relato. — Eu me escondi nos esgotos, e não demorou muito para que as minhas incontroláveis visões do futuro voltassem. Foi quando vi a vinda de vocês para o passado. E assim, hoje eu fui ao esconderijo de Caveira, antes de Drácula e Igor. E depois de você entrar no portal eu fui logo em seguida.
— Passou todos esses dias escondida nos esgotos?! — Ironiza o Homem da Nova-Era. — Por isso está fedendo!
— Que bom que notou, querido. — Responde ela, com outro sarcasmo.
— Muito bem, agora me diga, mulher, qual sua intenção em trazer esse pulha aqui, ao invés de matá-lo de uma vez por todas?! — Diz o impaciente Drácula.
— Não é óbvio, Drácula? Eu quero propor um acordo.
— E qual seria?
— Você faz o que quiser com esse mascarado e eu e você dominaremos o mundo juntos, um ao lado do outro.
— Ou...?
— Ou eu estalo os dedos para que eu me teleporte junto com esse mascarado para que eu o mate sozinha e levarei Igor junto, para ME ajudar a dominar o mundo todinho pra mim.
— É um bom acordo... Aliás... Seus olhos são encantadores... — Drácula se ajoelha diante da Matilda, beijando-lhe a mão. Logo o Homem da Nova-Era, impaciente, arrebenta as cordas que lhe prende com sua força e em um segundo está em pé.
— Vocês dois são tão... inúteis e imbecis! Não vão fazer mais nada essa noite!
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Re: O Homem da Nova-Era [Completo]
Parte 3 de 4
Morganópolis, novembro de 2007. 22hs05min.
— Ataquem-no! — Drácula ordena e o casal de vampiros obedece, avançando para cima do Homem da Nova-Era, de caninos expostos, sede de sangue, dispostos a fazer tudo que seu mestre mandar. Mas eles não conseguirão fazer nada:
— Você sabe que não adianta mandar esses vampiros pra cima de mim, Drácula! — O herói mascarado lança dois de seus discos, um deles crava na garganta do homem de terno vermelho, e o outro entre os olhos da esposa dele. Em menos de dois segundos o ferimento dos vampiros começa a queimar e logo os dois começam a pegar fogo, até que não passam de pó cinzento que suja o belo tapete persa.
— Malditos discos de prata! — Esbraveja Drácula, vendo o que sobrou de seus vampiros. No instante seguinte, o Homem da Nova-Era estende suas mãos, como fizera antes, fazendo surgir entre elas uma bola de energia amarelada. E antes de Drácula fazer qualquer movimento, uma rajada o atinge no estômago e ele é jogado contra a parede da sala, destruindo-a.
Quando o herói lembra que há mais alguém ali para enfrentar, vê que Matilda usou poderes psíquicos para lhe jogar o sofá de três lugares, mas o Homem da Nova-Era não se esquiva, e sim, agarra o sofá com as mãos, gira-o em torno de si e o lança novamente, acertando com total impacto no peito da bruxa, e assim como o senhor dos vampiros, Matilda é jogada contra outra parede, que também é destruída.
O herói vê que Igor não está mais ali, mas não mostra qualquer surpresa. É típico de um servo fraco fugir do campo de batalha. Porém, algo ainda surpreende o vingador mascarado: o mordomo do qual ele desconhecia a existência.
O velho vampiro prende o herói por trás, pelos braços, e avança seus dentes para o pescoço de sua presa. Mas o herói, sem sombra de dúvida, já enfrentara vampiros antes e sabe como lidar com eles: ele se debate, retardando a mordida do mordomo, e impulsiona um mortal para o alto, batendo com a nuca na testa do seu inimigo.
O velho vampiro solta o herói, caindo de costas no chão, dando uma cambalhota para trás logo em seguida, e o Homem da Nova-Era “pisa” no teto, impulsionando-se para o chão, dando uma cambalhota no ar para parar em pé. O mordomo, que ficou às costas do herói, avança novamente, querendo sugar-lhe o sangue a todo custo, mas a sua presa é ainda mais rápida: o herói lança dois de seus discos, acertando-os no peito do velho.
Mais um vampiro morre, sujando ainda mais o belo tapete persa, e Matilda agora já está em pé, assim como Drácula. Este está mais furioso, com um grande buraco no terno, onde fora atingido pela rajada do Homem da Nova-Era, assim como na sua capa, às costas, mostrando que a rajada atravessou o corpo do senhor dos vampiros, mas agora ele já se recuperou.
— Maldito! Esse terno eu só consigo na Transilvânia e daqui a quatrocentos anos! — Reclama Drácula, com os olhos brilhando de fúria.
— O problema é teu! — Retruca o herói, com sarcasmo. E no momento seguinte eles ouvem um uivo. Um uivo de algum lobo aparentemente em frente à mansão.
— Desde quando há lobos nessa cidade? — Indaga Matilda.
— Nunca houve... A não ser... — O Homem da Nova-Era tenta evitar a frase.
— É ele, só pode... — Igor surge de dentro da lareira, e novamente o uivo, que finalizou assombrosamente como uma gargalhada malévola e gélida.
E pela janela estraçalhada, às costas do Homem da Nova-Era, alguém entra num salto. Trata-se de um esqueleto humano, com duas pequenas luzes vermelhas nas órbitas, e trajando uma capa vermelha.
— Caveira?! — Espanta-se o herói mascarado, assim como os outros presentes na sala.
— Eu mesmo! Aqui estou em capa e osso! Bwahahahahaha!
— Você morreu... Eu vi você morrer! — Exclama o herói.
— Não, Homem da Nova-Era, eu não morri! Achou que a minha máquina do tempo não funcionava, não é mesmo? Mas eu nunca cometi nenhum erro em meus inventos!
— Você caiu morto no chão, Caveira... Seus ossos se espalharam pelo chão!
— Seus olhos não te enganaram, Homem da Nova-Era, você viu mesmo meus ossos se espalharem pelo chão, mas o que aconteceu foi algo além da minha compreensão: a máquina criou uma réplica de meu corpo, lançando-o alguns meses para o futuro, e minha mente e alma foram colocadas dentro dessa réplica.
— E por acaso... que dia foi esse para o qual você foi levado? — Pergunta Drácula.
— Ora, Drácula... Segundos antes de você e Igor entrarem no meu esconderijo. Surgi em cima mesmo da minha máquina do tempo! Foi aí que ouvi seu plano, e resolvi também colocá-lo em prática. E só pude entrar na máquina logo após essa bruxa medíocre entrar também.
— Medíocre...? — Matilda lança em Caveira um olhar ameaçador.
— Quer dizer, Caveira, que quer tomar meus planos e resolver ter o mundo pra si? — Reclama Drácula.
“Não acredito que serei obrigado a ouvir esse papo de dominar o mundo de novo!”
— Não, meu caro Drácula... Sugiro um acordo... Afinal, para apenas um homem é difícil de governar um país... Imagina como seria para o planeta todo...
— Acho que entendi o recado... — Matilda sorri malevolamente.
“Ótimo. Lá vamos nós de novo.”
Com um rápido gesto com a mão direita, Matilda faz três grandes estacas de madeira surgirem do sofá jogado no canto da sala, e elas voam em direção ao Homem da Nova-Era. Este, por sua vez, move-se ainda mais rápido: com a mão direita ele golpeia a estaca mais à frente, fazendo-a mudar seu destino: direto para o estômago de Drácula, no mesmo lugar onde ele fora atingido antes pela rajada do mascarado, fazendo-o urrar de dor; a segunda estaca o Homem da Nova-Era deixa seguir em frente, desviando-se dela, e é o Caveira que acaba sendo atingido na cabeça, mas seu crânio é resistente demais para que qualquer estaca lhe cause algum ferimento, e o objeto ricocheteia para a parede logo à direita do vilão; e quanto à ultima estaca, o herói golpeia novamente, e a estaca é direcionada para a bruxa que a lançou.
Matilda ainda é tão hábil quanto o vingador mascarado, e se desvia da estaca, mas distrai-se o suficiente para que, quando voltar seus olhos para o seu oponente, leve uma voadora no rosto, e é lançada contra a parede onde atingira antes, ferindo-se nos escombros.
O Homem da Nova-Era volta sua atenção para o inimigo ainda em pé: Caveira. Mas não é mais o esqueleto de capa que o herói vê, e sim um medonho lobo negro humanóide, com os mesmos olhos do Caveira.
“Droga, ele se transformou.”
O lobo, que aparentemente é o próprio Caveira, avança com suas presas pra cima do Homem da Nova-Era, e este se joga com as costas no chão, acertando um golpe com os dois pés no peito do seu atual agressor, que é jogado pela mesma janela por onde entrou.
O herói se põe em pé rapidamente, virando-se para Matilda, mas se surpreende ao vê-la em pé, apontando-lhe a mão direita emitindo uma familiar luz branco-acinzentada.
“Essa não--!”
— AAAAAAAAAAAAAAARRRRGH!!! — Mais uma vez ele grita de dor, e o raio que o atinge o lança pela janela, a mesma para a qual ele jogou o Caveira.
A dor é imensa, mas ele ainda sente a brisa às suas costas, e também sente a dor do impacto das suas costas no asfalto. Assim ele percebe que agora está caído no meio da rua, em frente à mansão na qual estava.
— Olha só pra você... Caído e indefeso... — Diz Matilda, caminhando até o herói caído.
— Quem diria que aquela frase estava certa? Como é mesmo? “A união faz a força”! — É Drácula que diz agora, acompanhando a bruxa.
— Chega de falatório! Vamos matar logo ele! — É a vez de Caveira falar, ainda na forma de um lobo, saltando por cima do portão da mansão, acompanhando seus aliados.
— Vocês... Pagarão... Caaaaaaaaro... — O herói não suporta a dor, e adormece, como fizera antes.
— Finalmente o momento que esperei por muito tempo! — Diz Drácula! — Vamos acabar com a vida desse desgraçado!
Nisso, para a surpresa dos três vilões, um homem surge do céu, parando em pé entre o desacordado Homem da Nova-Era e os vilões prestes a matá-lo. Um homem de pele escura, trajando um colante preto e uma capa dourada, com um olhar severo e confuso.
— Que diabo está acontecendo aqui?!
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Re: O Homem da Nova-Era [Completo]
Parte 4 de 4
Morganópolis, novembro de 2007. 22hs10min.
Matilda, Drácula e Caveira, em forma de lobo, estão estupefatos diante do homem que usa um colante preto e uma capa dourada, que acabara de pousar diante dele, logo adiante do desacordado Homem da Nova-Era. O que eles não sabem, é que esse homem é Croceus, o maior super-herói de todos os tempos.
— Quem é você? — Pergunta Drácula.
— Eu que pergunto. De onde vocês vieram? — Retruca o herói de preto.
— Sempre fomos de Morganópolis. — Diz Drácula, novamente. — E viemos do futuro, perseguir esse... mascarado maligno.
— Hã... Ele é o vilão, e você são os heróis...?
— É o que parece, não? — Ironiza Matilda.
— Um “semelhante meu” desmaiado aqui, supostamente atacado por três pessoas-- Duas pessoas e um monstro. E uma dessas pessoas tem olhos vermelhos, e a outra, amarelos. E vocês ainda dizem que ele é o vilão?
— Seu vampiro estúpido! — Caveira rosna para Drácula, e volta-se para o seu desconhecido oponente. — Sim, viemos do futuro, mas não, não somos heróis. Somos os piores vilões que você poderia imaginar, e o seu mundo será totalmente nosso, então-- — Caveira não pôde terminar a frase, devido ao punho de Croceus que lhe atinge o fuço. Tão rápido que ele mal pôde perceber qualquer movimento do herói.
O lobo é jogado contra o portão da mansão às suas costas, amassando o mesmo, e logo é Drácula quem ataca, saltando pra cima de Croceus. Este vê o vampiro avançando e mira no estômago dele, no lugar onde as vestes dele estão rasgadas, e o vampiro vai ao chão, furioso e totalmente sem ar.
Em seguida o herói vira-se para o seu último oponente, a loira dos olhos amarelos, que ele ainda não sabe que é uma bruxa, mas vê que ela lhe aponta a mão direita, que emite uma estranha luz branco-acinzentada. Mas antes dela lançar qualquer raio ou coisa parecida, Croceus lhe acerta um poderoso murro no rosto, jogando-a contra o portão da mansão, assim como Caveira.
Vendo que seus inimigos estão atordoados, Croceus vai socorrer o “seu semelhante”, que parece estar acordando.
— Tudo bem, aí? — Diz Croceus, ajudando o Homem da Nova-Era a se levantar. Este, por sua vez, fica pasmo ao ver o seu supostamente amigo, mesmo com a visão toda embaraçada.
— Quem é você? — Pergunta o herói mascarado.
— Bem, eu sou--
— Esquece... — A visão do Homem da Nova-Era volta ao normal e ele vê os vilões se levantando. — Depois nos apresentamos.
Os vilões, agora, parecem ignorar o Homem da Nova-Era, totalmente furiosos com Croceus, e assim eles atacam todos juntos pra cima dele, fazendo o Homem da Nova-Era se indagar de como o tal herói conseguiu causar-lhes em minutos uma irritação que ele levou meses pra conseguir.
Drácula e Caveira avançam com suas presas, enquanto Matilda usa uma estranha chama azulada que flama em suas mãos. E em um movimento rápido, Croceus acerta um gancho em Caveira, fazendo voar para o alto; em seguida ele acerta um murro no peito de Matilda, jogando-a novamente na cerca onde atingira há pouco; sobrando apenas Drácula, Croceus o agarra no pescoço, voa para o alto, e acerta-lhe um soco no rosto, fazendo o vampiro chocar-se no chão próximo à Matilda; em seguida, ainda no ar, Croceus agarra Caveira, que está voltando para o chão, e o lança no chão, próximo aos outros vilões.
Vendo o herói voando, o Homem da Nova-Era diz, espantado:
— Hei, você tem visão de calor, é?
— Hã... — Croceus volta ao chão, juntando-se ao herói mascarado. — Não.
— Ah, bom... Então você é mesmo preto e amarelo.
— Hein?
— Sabe, acabei de desmaiar por causa de um choque ectoplasmático, e quando acordo depois disso geralmente não posso confiar nos meus olhos.
— Choque ecto-quê?!
— Esse negócio que a bruxa está prestes a lançar! Cuidado! — O Homem da Nova-Era se afasta, e Croceus vê que a loira dos olhos amarelados já está em pé, apontando-lhe a mão direita, que emite uma estranha luz branco-acinzentada, mas antes de fazer qualquer movimento ele é atingido por um reio da mão dela.
A dor é imensa. Ele sente o choque correr pelo seu corpo, atordoando seus ossos, e a bruxa não para de jogar cada vez mais raios nele.
O herói mascarado vê a cena e não acredita como o homem de preto pode ainda estar em pé, sem sair do lugar, suportando o choque ectoplasmático. Muito menos Matilda, que dá cada vez mais força no seu ataque.
Croceus, vendo que a mulher não vai parar tão cedo, resolve investir um contra-ataque com o que ainda resta de sua força: ele avança com um veloz vôo, apontando os punhos para frente, na direção dela, usando o raio branco-acinzentado como guia, e acerta nela um forte murro no peito.
O golpe, além de ter jogado a mulher novamente contra a cerca da mansão, parece ter afetado o choque ectoplasmático, que agora está correndo no corpo dela, fazendo-a gritar de dor, se contorcer no chão como uma minhoca. Aquilo só pára quando os raios deixam o corpo dela, formando uma pequena bola de luz branca flutuando sobre o corpo desfalecido da mulher, e então a bola se desfaz logo em seguida.
Croceus não entende o que acabara de acontecer, e então o Homem da Nova-Era, logo atrás dele, diz:
— Maldição! Como você conseguiu fazer isso?!
Croceus não tem tempo para responder, graças ao Drácula, que lhe avança com suas presas, mas o herói é mais hábil, e agarra o vampiro pelo pescoço, e o esmurra sem parar.
Caveira pensa em atacar Croceus também, esquecendo-se da presença do Homem da Nova-Era, o que é um terrível erro: um dos discos do herói mascarado é lançado e cravado no seu olho esquerdo. Ele geme como um cão ao ser atingido, e também quando arranca a pequena arma, e olha rosnando para o seu agressor. Este, por sua vez, está com a sua bola de energia em mãos, e antes de qualquer coisa, uma rajada de energia é lançada contra o peito do lobo, que derruba a cerca da mansão com o impulso, e atinge a porta da mansão, derrubando-a e caindo em algum lugar lá dentro.
Drácula, agora, está caído no chão, ofegante e com o rosto inchado, diante de Croceus, que o observa. O Homem da Nova-Era diz-lhe:
— Ele se recupera de qualquer ferimento... Qualquer mesmo! É melhor não parar. — E assim o herói de branco atravessa correndo o jardim da mansão e entra na mesma, para procurar pelo Caveira.
Croceus permanece observando o rosto de Drácula por alguns segundos e nota que os ferimentos do mesmo aos poucos vão se desfazendo. Furioso, ele agarra o vampiro pelo pescoço novamente, o erguendo acima do chão e volta a esmurrá-lo, dizendo com raiva:
— Por que. Você. Não. Morre?!
— Porque ele é um vampiro. — O Homem da Nova-Era volta para o lado de fora. — Aliás, o senhor dos vampiros. Apenas a luz do sol o mata.
Croceus larga Drácula no chão, de costas para cima, e pisa com força total nas mesmas, quebrando a espinha do vampiro, fazendo-o gemer profundamente de dor.
— Quer dizer que ele é Drácula? — Indaga o herói de preto, olhando para o seu amigo.
— Sim, aquele das histórias de terror... Já existe nessa época?
— Existe há décadas! Mas... E os moradores da mansão?
— Estão mortos... Drácula os transformou em vampiros.
— E aquele lobisomem? O que aconteceu com ele?
— O Caveira? Ele fugiu como sempre, com o Igor, seu ajudante robô.
— E essa mulher?
— A Bruxa Matilda... O que aconteceu com ela deve ter sido o mesmo com a mãe dela. Aquele raio que ela te lançou foi um choque ectoplasmático... Ele atordoa não só o corpo da vítima, e sim também a alma. Um lance de magia negra.
— E o que aconteceu com ela?
— Bom, a mãe dela logicamente também foi uma bruxa, e um dia as duas se enfrentaram, usando esse choque. Matilda, sendo mais jovem e mais forte, fez o choque da mãe ser jogado com ela, e assim a velha tomou o próprio choque, e a alma dela foi arrancada do corpo e evaporou logo em seguida. Nem se quer foi pro limbo ou pro inferno.
— Assombroso...
— Muito. E sobre o Drácula... Você pode até mandar prenderem numa cela, ele não é tão forte. E quando amanhecer jogue uma luz solar na cara dele. A única escolha é matá-lo mesmo. E o corpo da Matilda... É melhor incinerar o quanto antes. Vai se saber o que pode acontecer. E o Caveira... Bom, ele vai reaparecer cedo ou tarde, para tentar dominar o mundo mais uma vez.
— E sobre você?
— Bem... Eu, e esses malucos, viemos do futuro... Ano de 2407, através de uma máquina que o Caveira inventou. Lá me chamam de Homem da Nova-Era, por ser um vingador mascarado, e por causa desse símbolo que uso no peito... E você?
— Bem... Eu sou Croceus, e protejo essa cidade a qualquer custo.
— Devem adorar você hein?
— Muito... Vê como a polícia não apareceu? Já sabem que a situação é grande demais, então eles resolvem deixar comigo.
— Legal... No meu tempo, no futuro, as pessoas gostavam de mim também... mas as autoridades não. Mas espero que gostem de mim aqui, já que não tenho mais volta.
— Você é bem vindo aqui, Homem da Nova-Era.
— Obrigado, Croceus. — Os dois heróis apertam as mãos e o herói mascarado deixa o local, seguindo o seu rumo, enquanto Croceus fica no local para levar o corpo de Matilda e Drácula para as autoridades.
“Bom... O que devo dizer? Olá ano de 2007! Bom, eu não tinha muita coisa em 2407, então não vai mudar muito... Talvez eu possa viver naquela torre do relógio, ou achar alguma casa... se eu conseguir um emprego. Bah! Nem se quer tenho documentos!“
“Bom, de um jeito ou de outro, precisarei me virar. Talvez eu não precise atuar como herói, já que tem o Croceus, poderoso o suficiente para se virar sozinho. E acho que o mundo nesse ano ainda não é do jeito que será no futuro. É, acho que tenho muito que pensar.”
O fim, de um início...
Morlun, o Milenar- Moderador
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