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A Dupla Vida de Shayna-Shayna - EPISÓDIO#03 pg2

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Vampira
Mr. Black
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Mensagem por Mr. Black Dom maio 09, 2010 5:30 pm

A Dupla Vida de Shayna-Shayna - EPISÓDIO#03 pg2 - Página 2 Capa3copy

Quatro carros esporte contornam a praça Carlos Pires e tomam a Avenida Central em direção a rodovia, a comitiva passa pela ponte e vai para a rodovia saindo da cidade. No alto uma ave observa a movimentação soltando um estranho canto de Perê-Perê.

A DUPLA VIDA DE SHAYNA-SHAYNA – Epílogo


Eu estou vendo, agora eu vejo tudo. Vejo a estranha oferenda no chão, no alto daquele prédio. Eram eles que estavam lá, todos eles. Renet, Euvira, Cabot, Andrey, Brandey... Eram eles. O cheiro, o coração humano ainda batendo... O sangue estava quente ainda, eu podia sentir. Me aproximei da oferenda e passei a mão no sangue humano e lambi.

_ Precisa aceitar o nosso convite, este saboroso coração normalmente é oferecido ao nosso benfeitor, mas ele já se alimentou a alguns dias atrás. Este é para você Kianumaka-Manã. Você é a mulher-jaguar, a guerreira da noite, a caçadora implacável. Ninguém lhe dá ordens, ninguém lhe diz o que fazer. Entretanto seus feitos desapareceram da civilização desde o Segundo Reinado no Brasil. O que você tem feito? Não pode viver escondida! Você é poderosa demais para se ficar encolhida pelos cantos.

Sim... Por que mudei? Puxando pela memória eu me lembro o motivo, eu fui perseguida pelos exorcistas, eu sou uma encantada e não podia mais fazer o que queria neste plano. Mas eu estava viciada, era uma predadora e a carne humana me agradava. Se estava sendo perseguida pelos exorcistas e era viciada e sozinha, por que mudei?

_ Vai descumprir a promessa que fez para mim aquele dia, Kianumaka-Manã?

Eram dezenas de pássaros marrons em revoada, eles começaram a desaparecer entre as penas que voavam em meio a uma luz intensa. Quando a luz se dissipou havia um jovem usando um enorme sobretudo com uma cruz. Eu o reconheci do passado, o seu nome era Matinta Perera.

_ Se você tomar este caminho sabe que meus primos e eu teremos que detê-la e, infelizmente, uma segunda chance não poderá ser concedida. Gosto de você e não quero ter que fazer isso, Kianumaka-Manã.

Sim, Matinta Perera foi o exorcista que me perseguiu no passado, mas ele tinha um coração enorme e não queria acabar comigo. Eu então passei a conviver entre as pessoas, sempre lutando contra o vício da carne humana. Durante anos ele me acompanhou e fez de tudo para que eu esquecesse esta minha maldição sombria. De certa forma consegui. Havia mais de duzentos anos que não tirava a vida de nenhum outro ser humano. Aprendi a gostar da vida, das pessoas, e por medo de voltar a fazer o que fazia e machucar meus amigos da época fiz um pedido a Jaci, a deusa da lua.

_ Você quer que a cada dez anos a sua vida se reinicie do mesmo ponto? Quer esquecer tudo o que passou antes disso?

_ Sim.

_ Por quê?

_ Porque sou uma predadora, enquanto eu me lembrar dos meus pecados do passado vou sempre colocar em risco a vida das pessoas.

_ Isso significa que se esquecerá de tudo, inclusive os amigos que você fez.

_ Estou preparada para esquecer Matinta Perera e os exorcistas que me apoiaram na mudança, eles entenderão que faço isso para poder me adaptar a eternidade junto com os humanos, mesmo com a vida muitas vezes confusa e ingrata que eles vivem.

E foi assim que bloqueei o meu lado sombrio e construí várias vidas com várias histórias. Durante todos esses anos, de dez em dez anos, minha vida sofria um reboot. Sempre acordei em uma manhã como uma jovem que vive em uma cidade distante levando a recordação dos falecidos pais e tentando construir uma vida. Tudo corria bem até que a força sinistra deles me encontrou e passou a trabalhar em cima deste lado adormecido. Durante algumas noites o espírito de jaguarauna que dorme em mim acordou e perseguiu estes bruxos, sem que eu percebesse estava caindo no jogo deles e mostrando mais de mim.

Foi assim que eles aprenderam o meu passado e fizeram aquela oferenda. Se Matinta Perera não tivesse aparecido eu teria consumido aquele coração e aquele sangue, se isso acontecesse não teria mais controle sobre mim. Naquela noite eu fugi e deixei o jovem exorcista enfrentando os bruxos, ao que parece ele obliterou um deles. Mas, e agora, o que será de mim?


Shayna acordou quando abriram o porta-malas do carro, ela foi retirada lá de dentro e arrastada até um casebre em uma região montanhosa.

_ Estamos sozinhos aqui. – disse Cabot enfurecido. – Me dê sua mão!

Shayna obedeceu. Uma navalha passou como um raio na palma de sua mão. Ela segurou o grito de dor enquanto o sangue vermelho descia pela mão e caia em um copo onde era recolhido.

_ Vou mostrar que não precisamos dela, apenas daquilo que ela pode nos oferecer. – riu Cabot de forma insana.

_ Vai construir um novo títere canjerê? – resmungou Renet. – Realmente usando a técnica do Kuarup e a evocação de um espírito diabólico vai conseguir criar um capeta poderoso, mas ainda assim títeres canjerês têm tempo limitado, daqui a quatro anos teremos que fazer outro.

_ Não importa. – riu Cabot. – Só quero provar que tenho razão, não precisamos nos esforçar tanto para ter a ajuda desta mulher.

Cabot levou o sangue para dentro do casebre. Enquanto isso os membros discutiam entre si o que era melhor a fazer, alguns já cogitavam até a possibilidade de matar Shayna e retirar todo o sangue dela para ter matéria prima ilimitada na fabricação de novos títeres. Violeta estava entre eles, olhava para Shayna como se estivesse em dúvida em qual direção tomar da vida. Shayna então pensou o quanto de mal a sua decisão fez, Violeta era sua amiga e talvez estivesse brava pelo fato dela mentir a respeito de sua vida. Violeta confiava nela.

Naquele instante um nevoeiro começou a subir do nada e o céu ficou encoberto.

_ Que força sinistra poderosa! – exclamou Renet. – Mas já é conhecida, apresente-se, exorcista Matinta-Perera!

E, surgindo das sombras, Matim caminha em direção aos opositores. Ele olha para Violeta e adverte:

_ Moça, você ainda é um ser humano, o caminho que está escolhendo não é nada bom, saia dele porque se continuar estará condenada por toda a eternidade.

Violeta ficou assustada e foi logo sendo retirada dali por Bella. Desesperada ao ver a amiga partindo, Shayna começa a gritar chamando-a, mas a amiga desapareceu sem responder. Naquele exato momento um monstro humanóide sai de dentro da cabana. Seu corpo era vermelho e os seus músculos eram tão definidos que parecia talhado em uma pedra. O monstro pisou no degrau da pequena escada da varanda e ele se partiu com o peso. Quando aplumou o corpo via-se claramente que o monstro tinha quase três metros de altura.

_ Vida! – riu o demônio. – Adorei este corpo! Estou as suas ordens, mestre!

_ Canjerê títere. – engoliu seco Matim. – Quem os ensinou a usar um kuarup?

_ O livro foi acrescentado desde aquela época. – riu Cabot. – Eu estou virando um doutor na construção de títeres, não sabe a coleção que já tenho projetado, daria para conquistar o mundo! – em seguida olhou para o Golias vermelho. – Gigante Casmurro, esmague aquele exorcista!

E o monstro saltou para cima de Matim que desviou instante antes de ser esmagado. O braço direito do monstro passou zunindo próximo ao rosto do pequeno exorcista que, ao inclinar para trás, sentiu a brisa fazer voar os seus cabelos cortando alguns fios.

_ Muito bom! – sorriu Andrey. – Você tem razão, não precisamos de um guarda-costas se tivermos títeres como este nos protegendo!

_ E então, Renet? – riu Cabot. – Acho que sua estratégia malogrou e um novo líder deve assumir daqui, não acha?

Renet fechou a cara, olhou a volta, mas não conseguiu perceber apoio algum dos antigos companheiros que estavam maravilhados com o poder da nova criação de Cabot. Resignado baixou a cabeça.

_ Renet, você é um valioso membro e amigo, deixo por sua conta extrair todo o sangue de Kianumaka-Manã. Pode fazer este favor para mim?

_ Posso sim, senhor. – respondeu entre os dentes de cabeça baixa e orgulho ferido.

_ Vamos pessoal! – sorriu Cabot. – É hora de começarmos uma nova era em nossos estudos!

Os bruxos um a um foram desaparecendo ficando no fim apenas o demônio títere que enfrentava Matinta Perera e Renet que tomou um machado na mão.

_ De certa forma a culpa é sua, Kianumaka-Manã. – disse irritado. – Eu trabalhei tanto para ter você comigo e você sempre recusou, enrolou, não decidiu o lado que queria ir. Agora vou decidir para você, uma escolha que não queria fazer, mas você me obrigou pela sua inércia.

Renet girou o machado a frente de Shayna que no chão olhava assustada, e bradou:

_ Sua imortalidade termina aqui, jaguaraúna inútil!

Porém, antes que o executor usasse o machado, várias penas marrons atingiram o pulso de Renet e, após um grito, ele soltou o instrumento de corte.

_ Maldição! Maldição!

Matim, repentinamente, se colocou ao lado de Shayna a pegando no colo e fugindo para longe.

_ O que vai fazer? – pergunta a donzela.

_ Primeiro proteger você, e depois ver como me livro deles.

_ Não pode vencer eles sozinho!

_ Eu não tenho escolha! – riu o garoto. – Sou um exorcista encantado, a única maneira de um de nós perder a imortalidade é morrendo em batalha. Shayna, se eu souber que você continuará sendo a pessoa que prometeu eu posso perder a vida, pois minha missão estará cumprida!

A moça engoliu seco. Naquele instante o colosso vermelho surgiu do nada sobre os dois e, em um violento golpe onde ela escutou as costelas de Matim gritarem, ele os separou. Matim chocou-se contra uma árvore e caiu de cabeça no chão, enquanto ela caiu de barriga sobre um cupinzeiro que foi totalmente destruído com o impacto.

Shayna tentou levantar-se e olhar como estava Matim e o que viu foi o gigante pisoteando sua cabeça e chutando o garoto como se ele fosse um boneco de pano. Shayna estacou, ficou paralisada, não conseguia sequer gritar. Renet chegou logo em seguida, olhou para Shayna com raiva e em seguida para Matim.

_ Vamos acabar com o exorcista primeiro, sem a intervenção dele vai ser fácil pegar a menina.

Dito isso, Renet foi logo ajudar o demônio cobrindo o garoto caído de chutes e pontapés. O demônio ria pisoteando a cabeça, as costelas, os braços e pernas de sua vítima. Shayna caiu de joelhos e as lágrimas desceram-lhe os olhos, foi aí que se lembrou das palavras de Sahariel:

“Quando as duas Shaynas que existem dentro de você trabalharem juntas não precisará mais ter dúvidas de nada. Só não se esqueça que não sou apenas eu quem está oferecendo algo. Cabe a você decidir que oferta acha mais tentadora.”

Renet estava oferecendo a ela a morte, uma maneira simples de acabar com toda aquela confusão em que estava metida, acabar com o sentimento de pecado que carregava de seu passado e a oportunidade de deixar para lá os problemas do presente. Por outro lado, ali estava alguém que estava morrendo para lhe dar a oportunidade de continuar seguindo em frente na vida. Mas que vida? Ela era uma imortal, qual é o sentido da vida para quem não conhece o risco da morte?

“Está errada, disse uma voz dentro de Shayna, nós dois sabemos o que é o risco da morte, tivemos medo, tivemos que lutar para continuar vivas e mudar. Nós amamos a vida, se não amassemos não tomaríamos as escolhas que tomamos durante todos estes anos.”

_ Kianumaka-Manã! – sussurrou Shayna. – Se eu escolher a vida, tudo será diferente de hoje!

“Exato! Não é uma reviravolta interessante após tanto tempo repetindo sensações de dez em dez anos? Não será esta a oportunidade que procuramos de voltar a viver uma sensação realmente humana de jamais ter certeza de quando realmente morreremos e não saber como será o dia de amanhã? Shayna, eu quero me tornar completa com você!”

_ Eu também, preciso da sua coragem e da sua força de guerreira-onça, Kianumaka-Manã.

E Shayna rugiu. Ela soltou um grito tão agudo que a floresta chegou a tremer, era o urro de despertar como o de uma criança que acaba de nascer. As roupas estavam em frangalhos por causa da transformação, os cabelos negros de Shayna estavam enristes, as unhas cresceram negras e firmes. O calçado já não existia retalhado pelas unhas negras que também cresceram. Os olhos da menina, antes verdes como jade estavam agora em um aspecto verde claro e com a pupila em forma de fenda como um felino. A cauda longa batia no solo e se movimentava de um lado e para o outro, típico de um gato quando está irritado. Shayna estava, por fim, envolvida por uma força sinistra poderosa, era como se o espírito de um grande felino olhasse através dos olhos dela, uma jaguaraúna, ou pantera, como é comumente conhecido.

_ Kianumaka-Manã original? – suou Renet ao perceber que estava sendo espreitado por um grande predador.

Sentindo o risco, ele, por conta própria, partiu para cima da nova adversária que permanecia de pé apenas observando o avanço do inimigo. Ele sacou do bolso um objeto semelhante a um óbolo e apontou em direção a inimiga.

_ Famaliá, evocação do trovão!

Um relâmpago cortou o ar em direção a Shayna que desviou do ataque no último instante voltando para a mesma posição que estava anteriormente.

_ Famaliá, explosão!

Shayna avançou com a mão direita no mesmo instante em que Renet ordenou o ataque do óbolo, o resultado foi uma tremenda explosão de luz entre um e outro. Renet foi lançado para trás caindo de joelhos e colocando a mão esquerda na frente do rosto para evitar que as pedras e lascas de madeira o ferissem, enquanto Shayna permaneceu na mesma posição sem se importar com a poeira e pedras que vieram em sua direção.

_ Maldição! – engoliu seco Renet. – Ela está realmente completa, é uma guerreira letal e experiente com talvez centenas de anos, quem sabe... – ele olhou para o demônio e gritou. – Casmurro, preciso de ajuda!

O demônio sorriu, mas assim que começou a caminhar parou e voltou-se com olhar irritado... Uma sombra havia se erguido.

_ Que saco! – reclama Matim cuspindo sangue. – Acho que quebrei um dente! E se eu tiver ficado feio? Como vou arrumar mulher agora? Que droga... – ele olha para o colosso e fecha o punho. – Eu nunca vou te perdoar por isso, desgraçado! Vou te mandar para o inferno!

O demônio abriu um grande sorriso e partiu para cima do exorcista que respondeu com um salto e uma giratória tão bem aplicada que atingiu a base do pescoço do gigante. O monstro caiu estirado no solo.

Renet começou a suar, havia sido um erro não ter matado Matim rapidamente e a confusão deu algum tempo para ele se recuperar, coisa sempre fatal na luta contra os exorcistas que não são conhecidos como heróis lendários de graça.

_ Dentre Matinta Perera e você, você acabou de despertar, portanto os seus poderes ainda não devem estar totalmente despertos. Se eu acabar com você ainda haverá uma chance.

Shayna permaneceu com seus olhos felinos da mesma forma e o corpo na mesma posição que estava antes, como se não estivesse se importando com nada que Renet dizia.

_ Famaliá, adaga!

O óbulo mudou de forma tornando-se uma espécie de faca fina e pontiaguda que brilhava como prata. Em um grito ele partiu para cima de Shayna que permaneceu parada, apenas a calda batia no solo e pendia de um lado para outro. Para desespero de Renet, repentinamente Shayna desapareceu. Ele deu mais dois passos e parou sentindo o corpo queimar em vários pontos. Ele olhou para trás e viu Shayna olhando para ele. Ela ergueu a mão e começou a lamber o sangue das garras.

_ Você está morto, Renet. Esta foi A Marca da Pantera.

_ Como?

Antes que pudesse proferir qualquer palavra o corpo de Renet desmontou como um brinquedo caindo morto em pedaços no solo. O óbulo caiu na terra e se partiu. Uma risada satânica foi ouvida do pó vermelho que se espalhou como fumaça até desaparecer por completo.

Shayna olhou em direção a Matim e viu o gigante se levantando do solo, rindo.

_ Eu tenho um corpo muito mais poderoso que o de um ser humano e os poderes de um demônio me dá capacidade ilimitada!

Matim simplesmente riu e jogou o sobretudo para longe.

_ Sou um exorcista, não teria direito a essa honraria se eu não fosse muito bom no que faço, xará! – e uma sombra negra surgiu do solo abrindo as asas como a própria morte. – Vou te mandar para o inferno com as Asas do Pesadelo!

E Matim partiu para cima do demônio seguido por uma revoada de milhões de aves sombrias. O gigante assumiu posição de defesa, mas depois que as aves passaram por ele a única coisa que restou foi um enorme exoesqueleto de madeira, os restos do Kuarup usado para evocar do inferno a criatura.

Por fim, Matim caiu no solo e virou-se de barriga para cima olhando o céu.

_ Droga. Hoje doeu pra caramba, tomara que eu não tenha ficado feio depois dessa pancadaria toda. – e desatou a rir dos próprios ferimentos.

_ Maluco. – sentenciou Shayna, já voltado a sua forma humana natural.


* * * * *

Shayna procurou Sahariel e encontrou-se com ela e Matim em um mirante no final da tarde. O por do sol destacava a cidade deixando a paisagem alaranjada e saudosa.

_ Não sabe o que fazer agora, não é? – sorriu Sahariel. – Você não é a primeira que deseja se posicionar depois de ter um passado sangrento. Acho que todos estes anos de isolamento serviram para você aprender muito sobre os seres humanos e até compreender boa parte do nosso trabalho como exorcistas.

_ Acha que eu daria certo como um exorcista? – suspirou a jovem, ainda confusa sobre como seria a nova vida.

_ Acho sim. – sorriu Sahariel. – Gostaria de tentar?

A jovem assentiu com a cabeça dando um largo sorriso. Matim começou a bater palmas e rir cheio de curativos na cara dando-lhe um ar ainda mais tolo do que o de costume.

Shayna não foi mais vista com freqüência na faculdade, aos poucos o nome dela foi sendo esquecido pelas pessoas do bairro até sumir totalmente como sempre acontecia em suas antigas vidas. Entretanto, desta vez, a medida que o nome dela ia desaparecendo da boca dos amigos a lenda urbana de uma onça negra que era tão grande que pulava de prédio para prédio ia aumentando entre as pessoas. Uns diziam que a fera existia e conheciam alguém que viu quando ela fugiu do zoológico, outros que era uma visagem de uma pantera que morreu por ser muito maltratada em um circo. Se a pantera existe realmente ou não ninguém até hoje sabe ao certo, mas de tempos em tempos sempre alguém encontra a marca de suas garras.

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Notas finais:
Matinta Pereira é o personagem do mito do Brasil que deu origem ao Saci Pererê. Saci é na verdade uma variação de Caa-Cy, que quer dizer "Mãe do Mato". A missigenação com a cultura de portugal e seus doendes que usam gorro e com a cultura negra é que deu origem ao moleque negro que fuma cachimbo e com carapuça vermelha. O Matin indígena é uma ave, na verdade uma dupla de aves marrons que simbolizam dois curumins que foram mortos pelo tio. A mãe ficou muito triste e, para não abandoná-la as duas crianças se tornaram Matintas Pereiras. No norte os Matins são vistos como aves feiticeiras e que causam grande medo, pois, segundo alguns, quem é enfeitiçado por elas também podem se tornar Matintas Pereiras.

Kianumaka-Manã Outra lenda indígena, onde uma mulher guerreira é capaz de se tornar uma Jaguaraúna, ou pantera. Esta onça-mulher era conhecida como Kianumaka Manã.

Títere-Kangerê Canjerê, conforme Câmara Cascudo, autor do livro: "Dicionário do Folclore Brasileiro", é um sinônimo de feitiço, coisa-feita, ebó, despacho. O Canjerê era uma dança de fundo religioso dos negros usado para retirar a moléstia de uma pessoa, ou atrair desgraça para os inimigos. O Títere é um tipo de marionete ou boneco. Na fic foi usado a idéia do Kuarup que é uma espécie de tora de madeira usada em cerimônias indígenas na festa dos mortos. Os Kuarups são enfeitados como índios e durante o dia dos mortos a alma dos que partiram "viram gente" através destes troncos e participam das festividades. Títere-Kangerê, na fic, nada mais é do que um boneco feito usando o Kuarup que, através de feitiçaria, ganha vida temporária.

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Mensagem por Resgate Dom maio 09, 2010 10:32 pm

Black, passei aqui hoje só prá dizer que amanhã sem falta eu leio e comento!
Que bom ter você de volta!
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Mensagem por Resgate Seg maio 10, 2010 1:47 pm

Como prometido:
Caceta Black! Que final fodástico!!
Sempre digo que você seria um baita escritor de mangas e essa história só veio comprovar minhas palavras!
Todas as cenas, sendo de ação ou não, trazem a marca registrada desse tipo de publicação! E em muitos casos supera muitas histórias que tenho lido...
O Matim já havia me conquistado, por isso não estranhei nem tive motivo de reclamar, ao ver que a Shayla foi realmente a estrela dessa edição!
E que estrela!
Gostei pacas da história dela, principalmente das explicações no final, mostrando como nossa cultura indígena pode ser tão ou até mais rica que a de outros países...
Meus parabéns mesmo por essa mini espetacular! Um abração e até a próxima!!
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Mensagem por Vampira Seg maio 10, 2010 6:51 pm

Já tinha lido a MUUUUITO tempo e agora relendo gostei ainda mais \o\
Adoro o Matinta *-*
Ele é engraçado kkkkkkk ´
É besteira eu ficar aqui falando o quanto adoro a forma como usa o folclore de forma que nao fica batido como geralmente é utilizado ou maçante!

Adorei amor!
Arrasou!!! \o\

Er... vai ter mais? *-* Diz que sim >.<

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Mensagem por Mr. Black Qui maio 13, 2010 7:49 pm

Resgate: Valeu pela força e pelos comentários, meu irmão! Fico feliz que tenha se divertido.

Vampira: Obrigado também por ter comparecido e lido. E, se vai ter mais. A resposta é não, pelo menos a curto prazo. Talvez no futuro, mas não prometo nada. Beijo.
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