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INFINITY DC: Sentinelas da Magia

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Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 11:36 am

EDIÇÕES JÁ PUBLICADAS:

01 - Quando a noite cai...
02 - Criaturas da noite
03 - Destino
04 - Dead Man's Party
05 - Trapezistas e Mágicos


ENCADERNADOS:

Sentinelas da Magia - Vol. 01 (Edições 01, 02 e 03)


Algumas palavras sobre os Sentinelas da Magia...

Olá, amigo leitor. Seja bem-vindo!

Se você gosta das histórias que envolvem o lado místico do Universo DC, você está no lugar certo.

Em "Sentinelas da Magia", você vai acompanhar histórias com vários personagens místicos e afins desse empolgante universo. Os sentinelas não são uma equipe de heróis nos moldes tradicionais. Eles não possuem base fixa, não se encontram rotineiramente e alguns não são nem mesmo amigos entre si.

Porém, quando surge uma ameaça mística, todos sabem o que fazer: defender a humanidade!

Para não estragar surpresas, nao vou revelar a formação do grupo aqui. Você terá o prazer de acompanhar isso lendo os capítulos, mas esteja certo de que possui grande chance de encontrar aquele seu místico favorito da DC/Vertigo nestas páginas, hehe.

Agradeço ao Raven pela confiança e ao João pelo apoio. Sem eles, essa série não existiria.

Um agradecimento especial se faz necessário aqui, ao Piotr, à Vampira e a todos aqueles que mantêm o Cultura Pop, nos fornecendo um espaço privilegiado para a divulgação de nossos textos.

Abraços e boa leitura!


Última edição por alexnery em Seg Dez 29, 2008 7:45 pm, editado 1 vez(es)
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INFINITY DC: Sentinelas da Magia Empty Sentinelas da Magia 01 - Quando a noite cai...

Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 11:43 am

INFINITY DC: Sentinelas da Magia Sentinelascapa01

CAPÍTULO 1 – QUANDO A NOITE CAI...

por Alex Nery.


Cross Fell, norte da Inglaterra – 01:30h.


Os zumbidos dos insetos preenchem a noite. Na pequena cidade de King’s Cross, ninguém mais trafega por suas vielas. Há muito que seus moradores se recolheram, fugindo do frio e da escuridão. O vento noturno varre as calçadas estreitas, as novas ruas asfaltadas e as travessas da periferia, muitas ainda feitas de paralelepípedos.
Numa destas travessas periféricas, em uma casa pequena e confortável, situada no fim da rua, uma luz fraca e bruxuleante atravessa o vidro da janela. Dentro da casa, apesar de todos os compartimentos possuírem energia elétrica, um ambiente decorado com móveis simples e rústicos é iluminado parcamente pela luz de uma vela. Em sua cadeira de embalo preferida, a idosa proprietária da casa, Sra. Higgins, continua tecendo um longo manto de tricô.
Desde a morte de seu marido Harold, a Sra. Higgins dedicara-se cada vez mais à confecção de roupas e utensílios de tricô, que eram vendidos a preços baixos para toda a vizinhança. Agora, ela estava prestes à concluir sua maior peça, aquela que consumira mais tempo do que todas as outras, devido o cuidado que ela dedicara a cada ponto da trama. Concentrada em seu afazer, ela continuava distante dos acontecimentos ocorridos no restante da cidade.

-------------------------------------------------------------------------------------
John Russel caminhava tropegamente pela calçada. Seus pés teimavam em competir entre si, fazendo-o cambalear às vezes para a direita, outras vezes para a esquerda. Sua visão era turva e insistia em dobrar a imagem à sua frente. Levou a garrafa à boca pela milésima vez e constatou, contrariado, que ela estava vazia. Arremessou a garrafa com violência contra a fachada de um prédio próximo e continuou tentando chegar em casa.
Não tinha tanta pressa em chegar, pois sabia que sua esposa o receberia com os costumeiros gritos e reclamações. Um ano de casado e já vivia um inferno em vida. Se não fosse pelo pequeno Junior, já teria largado tudo.
O enjôo em seu estômago cresceu, e ele cambaleou até o beco entre duas lojas. Encostou os braços junto à parede, baixou a cabeça e jogou fora tudo o que ainda possuía no estômago. Não conseguiu evitar sujar o paletó. Limpou os lábios com a costa da mão direita. Fedia como um gambá.
Mal notou o rosnado atrás de si. Virou-se instintivamente e já preparava um chute para o cachorro que estivesse por perto, quando percebeu não se tratar de um cachorro. Na verdade, não era nenhum animal que já tinha visto na vida.
Um homem o observava. E bem poderia ser um homem completamente pintado de vermelho, se não fossem pelos dentes amarelos e afiados, os olhos que pareciam buracos flamejantes e os enormes chifres retorcidos em sua cabeça.
Ainda assim, o pior de tudo era a risada. Um som gutural, horrendo e carregado de cinismo.
John não teve tempo de gritar. A criatura partiu-lhe em dois, arrancando suas vísceras com um golpe certeiro. Seu sangue tingiu o beco de vermelho e seu corpo caiu sem vida. A criatura ajoelha-se e satisfaz seu apetite com o corpo quente do pobre homem.

------------------------------------------------------------------------------------

São Francisco, Califórnia – EUA – 17:00h.

O Dr. Oculto observa o movimento na rua abaixo através da janela de seu escritório, situado no segundo andar do pequeno prédio de três andares. As pessoas se movimentam apressadamente, tentando chegar aos bares mais próximos para aproveitarem o fim de tarde junto com os amigos.
Ele olha para o sobretudo pendurado no cabide, juntamente com o chapéu, e se pergunta a quanto tempo não faz o mesmo. Porém, no instante seguinte, ele se lembra de que esses pequenos prazeres não fazem mais parte de sua vida.
Oculto apanha um livro da estante ao seu lado e senta-se na mesa. Começa a folhear distraidamente o volume até que, subitamente, ele é atingido por uma intensa dor de cabeça, e visões cortam seu cérebro. Imagens de dor e sofrimento.
O investigador místico larga o livro e eleva suas mãos. Ele pressiona suas têmporas, numa tentativa de focalizar melhor as imagens. Ignorando a dor, ele consegue ver uma placa de estrada, situada numa rodovia desconhecida:

“King’s Cross – Cross Fell County - 1,5 mile”

- King’s Cross?? – murmura o detetive – O que há de errado em King’s Cross?

As imagens e a dor desaparecem tão rapidamente como vieram, deixando-o perturbado. Sem pensar duas vezes, o Dr. Oculto apanha seu sobretudo marrom e o chapéu, vestindo-os rapidamente. Ele sabe melhor do que ninguém que esse tipo de “chamado” deve ser prontamente atendido, caso contrário, vida humanas podem se perder. Ele retira do bolso um disco com faixas vermelhas e negras e estende o braço para frente.

- O mal caminha em King’s Cross... – responde ele para si mesmo.

O disco gira e cria uma fenda no ar, grande o suficiente para que ele possa atravessá-la, mergulhando em outra dimensão.

-------------------------------------------------------------------------------------

King’s Cross, norte da Inglaterra – 02:45h.

Jerry apanhou as chaves do quarto de maneira desajeitada, quase deixando-as cair. Esticou a mão trêmula e entregou-as à moça morena que aguardava com um sorriso. Ela agradeceu, virou-se e caminhou para o elevador. Em todos esses anos como recepcionista do único hotel de King’s Cross, Jerry jamais havia visto uma mulher tão bonita. Ele tinha certeza de já tê-la visto em algum lugar, mas não lembrava de onde. Seria da TV? Talvez não. O que alguém realmente famoso faria em King’s Cross àquela hora da madrugada?
A porta do elevador abriu, mas a moça não entrou. Ela vira-se mais uma vez e diz:

- É provável que alguém me ligue ainda hoje. Por favor, anote os recados e diga que mais tarde eu entro em contato, ok?
- S-sim, Srta. Zatanna. Pode deixar – respondeu Jerry. O olhar dela o intimidava. Era como se ela pudesse perceber toda a excitação que ele sentia.

Zatanna entrou no elevador e apertou o botão do primeiro andar. Estava cansada. Trazia na mão uma pequena mala, onde encontrava-se apenas a varinha que utilizava constantemente nos shows. Perguntou-se quanto tempo o recepcionista levaria para descobrir quem ela era. Não se dera ao trabalho nem de usar um nome falso e mesmo assim o pobre coitado ainda não juntara as peças.
Talvez mais tarde, quando o sono lhe tivesse passado, ele percebesse que ela era Zatanna Zatara, a famosa mágica norte-americana que agora estava em turnê pela Inglaterra. Mas ela pretendia sair da cidade antes que ele tivesse tempo de informar sua localização a algum dos tablóides ingleses. Na verdade, ela não sabia bem o porquê de ter insistido em passar o restante da noite nesta cidadezinha perdida. Michael, seu empresário, ia ficar furioso, mas ela havia aprendido a dar ouvidos a esta intuição especial que vez ou outra a conduzia a algum lugar estranho. Já escapara de um acidente aéreo e de uma tentativa de seqüestro seguindo seus instintos. E além disso, ela tinha sua varinha. Não era, de modo algum, uma pessoa indefesa.
A porta do elevador se abriu, dando-lhe passagem para o corredor do primeiro andar. Ela caminhou lentamente até o quarto 104 e abriu a porta. A suíte possuía uma decoração simples, mas era muito limpo e arrumado. A grande cama de casal parecia lhe dar as boas-vindas. Zatanna jogou-se nela, de braços abertos.
Tomou um banho rápido, vestiu um pijama leve e retornou para a cama. Não sentia fome alguma, então apagou as luzes, deitou-se e dormiu.
Por um tempo indefinido dormiu tranquilamente, porém, um movimento na escuridão do quarto a despertou. Permaneceu quieta na cama, fingindo dormir, observando em volta com os olhos semi-cerrados. Novamente ela percebe que há mais alguém no quarto, provavelmente um ladrão, movimentando-se sorrateiramente próximo ao guarda-roupa. Zatanna tateia sob a colcha da cama e apanha sua varinha.
O vulto se move em direção à porta e ela senta-se na cama, erguendo a varinha à sua frente, num gesto desafiador, e recita:

- Odarap!

O vulto fica imobilizado. Zatanna levanta-se da cama e invoca novo encanto:

- Es-Açaf a zul!

Um ponto luminoso sai da varinha e flutua sobre a feiticeira, iluminando todo o quarto. A luz revela o Dr. Oculto, que parece constrangido por ter sido pego.

- Quem é você? – pergunta Zatanna.
- Meu nome é Dr. Oculto. Não pretendo lhe fazer mal algum.
- Ah, e por que está se esgueirando pelo meu quarto em plena madrugada?
- Procuro por algo, Zatanna Zatara. E as energias que persigo me trouxeram até você.
- Energias? Que energias? É algum tipo de maluco? Me conhece de onde?
- Você sabe bem do que estou falando. Srta. Zatara. Você também é uma adepta da arte.
- Da arte? Da mágica?
- Mágica, magia, feitiçaria, oculto... São tantos nomes, mas prefiro chamá-la de simplesmente “arte”.
- Sou apenas uma artista de salão...
- Uma simples “artista de salão” não poderia me paralisar, srta. Zatara.

Zatanna emudece por um instante, pensativa.

- Ok, vou te libertar. Mas se tentar qualquer coisa...
- Não tentarei.
- Es-avom!

Oculto ganha novamente o controle de seu corpo.

- Interessante. Você manifesta a arte através da linguagem. É um método antigo, senhorita – comenta o investigador.
- Meu pai me ensinou a fazer essas coisas... Na verdade, não compreendo muito bem tudo isso – diz Zatanna balançando a cabeça – Apenas uso um pouco em meus shows.
- A energia arcana é forte em você. Foi ela que me trouxe até seu quarto.
- Estava me procurando, Dr.?
- Não. Eu estou procurando outra fonte de poder mágico.
- Outra fonte? Aqui?? Deve ser por isso que tive uma sensação esquisita e decidi ficar esta noite nesta cidade...
- Talvez você tenha pressentido também o mal presente aqui.
- Mal? Não sei... Um mal-estar com certeza...
- Seja como for, devo partir, srta. Zatara. Tenho que encontrar esta fonte antes mais pessoas sejam vítimas deste mal.
- Vítimas? Que vítimas?
- Infelizmente, cinco pessoas desta cidade foram mortas esta noite.
- Oh....
- Desculpe tê-la incomodado. Tenha uma boa noite – Oculto inclina a cabeça, numa saudação cavalheiresca.
- Espere! – grita Zatanna.
- Ahn?
- Quero ir junto!
- Sinto muito, não posso leva-la. É arriscado.
- Arriscado? Arriscado é eu ficar sozinha aqui. Se você me achou, essa outra fonte pode me achar também.

O Dr. Oculto pensa por alguns instantes e por fim concorda.

- Está bem. Se você se sentiu inclinada a ficar aqui hoje, deve ter sido por algum motivo.
- Coincidência, talvez?
- Não existem coincidências para quem anda no caminho da arte. É uma das primeiras lições que aprendi.

Zatanna apanha uma mala e corre para o banheiro. Em minutos, ela volta vestida com sua melhor roupa de show: meias arrastão, uma mini-saia esvoaçante, uma blusa azul, um casaquinho de mangas longas e uma cartola típica dos mágicos.

- Não é uma roupa muito discreta – critica o Dr. Oculto.
- Não sou discreta. Sou uma artista! – replica a mágica.
- Hm, certo...

Oculto retira de seu bolso o seu amuleto mágico e abre um novo portal no ar. Ambos penetram na fenda, desaparecendo completamente. O ponto luminoso produzido por Zatanna desaparece no mesmo instante.

-------------------------------------------------------------------------------------

Na periferia de King’s Cross, a Sra. Higgins termina o seu bordado. Ela se levanta e, com orgulho, abre a peça. Por alguns instantes ela permanece muda e sorridente, admirando sua obra. De repente, um barulho estrondoso vindo da rua chama sua atenção. Ela caminha apressadamente e olha através do vidro da janela fechada.
Criaturas sibilantes e asquerosas arrastam-se pela rua anteriormente vazia. Algumas possuem forma humanóide, outras sequer lembram qualquer animal terrestre. Algumas possuem olhos vermelhos e incendiários, outras emitem uma pálida luz mortiça através da pele alva. São dezenas, avançando em direção ao centro da cidade. Os gritos desesperados dos moradores de King’s Cross começam a preencher a escuridão noturna.
Será uma longa madrugada.

Continua...


No próximo número: King’s Cross é a mais nova representante do inferno na terra. E cabe ao Dr. Oculto e Zatanna derrotarem um mal secular, para que este não se alastre pelo mundo. Demônios! Caos! E a participação especial de um campeão da Ordem! É a nova era da magia que se inicia! Só aqui, no INFINITY DC! Não perca!
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INFINITY DC: Sentinelas da Magia Empty Sentinelas da Magia 02 - Criaturas da Noite

Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 11:47 am

INFINITY DC: Sentinelas da Magia Sentinelascapa02

SENTINELAS DA MAGIA

CAPÍTULO 02 – CRIATURAS DA NOITE


Por Alex Nery



No início era um murmúrio apenas. Um som baixo e incompreensível. Aos poucos foi se tornando um conjunto de vozes lamentosas ecoando pela noite. Vozes de todos os tipos, masculinas e femininas, adultas e infantis.
Porém, nenhuma saía de uma garganta humana.
As criaturas rastejam pelos paralelepípedos de King’s Cross, algumas deixando um rastro rubro e viscoso, outras, de forma humanóide, caminham a passos lentos chapinhando nesse limo sobrenatural. Apesar da diferença de formas e cores, todas caminham em direção ao mesmo destino: a praça central da cidade. Alguns moradores, acordados pela lúgubre procissão, observam escondidos através das janelas e nem mesmo acendem as luzes das casas, com medo de serem encontrados. Outros, menos espertos, abrem as portas de suas casas e correm para os pátios para verem mais de perto o que acreditam ser pessoas fantasiadas, comemorando alguma data especial ou coisa assim.

- Que porra é essa, pai? – pergunta Gilbert, um menino de doze anos, que observa a passagem dos monstros junto à cerca viva que limita seu jardim.
- Olha essa língua suja, garoto! – diz Taylor, tão abismado quanto o filho.
- Já é carnaval? – pergunta a Dorothy, a mãe de Gilbert, em mais uma clara demonstração de que sempre tem a cabeça nas nuvens.
- Olhaaaa! Putz! Aquele ali não tem cabeça! – grita o menino apontando para um dos seres estranhos.
- Que merda... – pragueja o pai.
- Ei! Olhem! O que aquela garotinha ta fazendo no meio deles? – pergunta a mãe apontando para uma menina de cerca de oito anos que vem se aproximando, juntamente com os monstros.

Os três observam calados a menina se aproximar. Ela é loira, com os cabelos longos amarrados em duas tranças, possui olhos azuis bem límpidos e veste um vestido amarelo, amarrado na cintura por um grande laço vermelho. Ela encosta na cerca viva e observa em silêncio a família.

- Ei, menina! Sai daí! Não ta vendo que esses caras aí são loucos? – diz Taylor.
- Você ta perdida? – pergunta Gilbert, colocando-se na ponta dos pés para poder ver melhor a garota.
- Venha! Entre aqui! – diz Dorothy, abrindo o pequeno portão de metal para que a menina entre.

A menina entra em silêncio. Seus passos são tímidos e seu olhar é de medo.

- Onde você mora, meu bem? – pergunta Dorothy, ajoelhando-se para encarar a menina.

A menina murmura algo em voz baixa, por entre os dentes.

- Onde? Não entendi... – diz Dorothy se aproximando mais da menina.
- Eu disse que moro... NO INFERNO! – grita a menina.

Antes que Dorothy possa reagir, a menina escancara a boca, exibindo dentes serrilhados como os de um tubarão, e abocanha o rosto da mulher, produzindo um repugnante som de ossos sendo esmagados. Dorothy cai morta, com um buraco do tamanho de metade do seu rosto. A menina mastiga com satisfação.
Gilbert e Taylor gritam ao mesmo tempo e saem correndo em direção a casa, porém meia dúzia de monstros salta a pequena cerca e derrubam os dois a meio caminho da porta. Ambos são estraçalhados e seus gritos cessam.
A grande massa infernal continua a se deslocar.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Oculto e Zatanna saem do portal criado pelo investigador e surgem em um ponto afastado do centro da cidade. Eles se encontram em um morro, de onde podem ver parte de King’s Cross.

- Onde estamos? – pergunta a mágica.
- O portal nos trouxe até um dos locais onde se concentram mais energia negra – explica o Dr. Oculto – O estranho é que existem vários pontos desses sobre a cidade...
- Vários pontos? Isso é mal, não é?
- Muito mal. Existem cinco pontos que se destacam. Algo me diz que formam um padrão...
- Qual padrão?
- Ainda não sei. Vamos dar uma olhada por aí.

Ambos caminham em silêncio, procurando por algo que nem mesmo eles sabem o que é. Zatanna tem a certeza de que algo ali está muito errado. É o mesmo tipo de sensação que a manteve na cidadezinha esta noite e que já a avisara de perigos antes.

- Zul! – a mágica invoca um facho de luz, que passa a acompanhá-los como um holofote vindo de lugar nenhum.
- Obrigado – agradece o Dr. Oculto.
- Espero que isso torne as coisas mais claras, heh...

Oculto não responde e continua a caminhar. Sob a luz produzida por Zatanna, eles podem observar que se encontram na área rural da cidade, pois já não existem as pequenas casas de alvenaria típicas do centro, mas sim grandes extensões de terras cercadas por arames farpados. Alguns bois e vacas já podem ser encontrados também, assim como várias galinhas. De repente, Oculto pára e aponta em uma determinada direção.

- Vamos por ali.

Zatanna ergue a vista na direção em que o investigador apontara e constata que ali existe um galpão, ao lado de uma pequena casa de madeira, provavelmente a residência do dono dos animais. Em silêncio, ela segue o Dr. Oculto.
Eles entram no velho galpão de madeira, que pelo visto também serve como galinheiro devido ao forte cheiro de excrementos. Zatanna sente náuseas, mas procura se controlar. Súbito, ela sente um cheiro pior ainda. Um cheiro cítrico que lembra o de um animal morto.

- Ilumine ali, por favor – pede o Dr. Oculto.

Com um pensamento da mágica, o facho de luz se move e ilumina uma das paredes do galpão. Zatanna leva a mão à boca, tapando-a, num gesto de nojo.
A luz ilumina o corpo de um homem, ruivo e barbudo, trajando roupas simples, cravado na parede por estacas fincadas no pescoço, mãos e pés, formando uma estrela macabra. Suas vísceras escorrem para fora de seu abdômen.

- Oh, meu... – murmura Zatanna.

Oculto observa a cena, como se memorizasse cada detalhe.

- Cinco pontos... cinco estacas... – diz o investigador.
- I-isso é demais pra mim, doutor...
- É isso. Cinco pontos – diz Oculto, ignorando sua parceira.
- Como é? Descobriu algo?
- Acho que sim. Vamos sair daqui antes que você vomite...
- Obrigada... – responde Zatanna, irônica.

Ao chegarem do lado de fora, Oculto expõe suas idéias.

- Observe. São cinco pontos... cinto estacas.
- E daí?
- Você pode conjurar uma imagem da cidade? Como um mapa?
- Acho que sim... deixa ver... Ssorc S’gnik ed apam! – ao comando de Zatanna, uma imagem flutuante da cidade se materializa em frente ao dois.
- Ótimo! Fico pensando no que você não pode fazer com sua habilidade...
- Agradeça depois. Conte-me o que pensa.

Oculto retira seu disco místico do bolso e estende-o sobre o mapa ilusório de Zatanna. Cinco pontos começam a brilhar sobre o mapa.

- Estes são os cinco ponto negros que encontrei sobre a cidade. Eles formam um padrão, veja...

Sem que Oculto toque no mapa, linhas começam a surgir entre os pontos. Em instantes, o conjunto forma um símbolo.

- Um pentagrama! Significa que existe magia negra aqui! – diz Zatanna.
- Depende do uso do pentagrama. Na cultura chinesa ele significa a destruição para a renovação, para os hebreus significa a Verdade... Neste caso, com certeza significa um uso maligno, pois envolve sangue. E sangue é um ingrediente básico da magia negra.
- Entendo. E nos outros pontos negros...
- Acredito que acharemos outros corpos mutilados. Alguém, ou algo, teve o trabalho de tecer este pentagrama em torno da cidade.
- Um maníaco? Um serial killer?
- Acho que algo além disso. Você viu o corpo daquele coitado lá dentro. Ele foi eviscerado por garras. Nada humano fez aquilo.
- Um... monstro?
- Com certeza, só não sei ainda de qual tipo.
- Doutor...
- O que?
- O que significa essa mancha vermelha se espalhando pelo mapa?

Uma mancha vermelha começara a se propagar saindo do centro do pentagrama, ameaçando cobrir toda a cidade.

- O pentagrama está completo. Agora ele começa a servir ao propósito de quem o elaborou – diz Oculto.
- Qual propósito? – pergunta Zatanna.
- Saberemos quando chegarmos ao centro de King’s Cross. Ele coincide com o centro do pentagrama, vê?
- Sim, verdade. Então chega de perder tempo, doutor! Vamos lá!

Oculto olha para Zatanna com uma expressão de desaprovação, como um adulto que olha para um criança que não conhece o perigo do que está a sua frente. Porém, ele decide não dizer nada e utiliza seu amuleto para abrir um novo portal. Assim, ambos avançam rumo ao inferno que se tornara a praça central de King’s Cross.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A chegada na praça é instantânea. Oculto e Zatanna são imediatamente atingidos pelo calor das chamas que vêm de alguns prédios próximos. Várias pessoas passam correndo por eles, mal notando seu súbito aparecimento. O pânico está instaurado na pequena cidade. Os dois levam alguns segundos para perceberem o que está acontecendo. Várias criaturas monstruosas perseguem os moradores da cidade, matando-os numa luta desigual.

- Meu Deus! – grita Zatanna.
- Alguém abriu o portal para essas criaturas! – grita Oculto.
- O que podemos fazer?
- Temos que descobrir quem fez isso. Só assim poderemos encerrar o encanto!
- Vou tentar algo para ajudar essas pessoas!
- Sim, certo!

Zatanna ergue sua varinha mágica. Suas mãos tremem e seus pensamentos são frenéticos. Ela busca algo que possa ajudar os moradores de King’s Cross a escaparem, mas o medo ameaça nublar sua cosnciencia. Somente ao ver uma criança cercada por dois demônios humanóides ela consegue firmeza para agir.

- Oãcaruf! – brada a mágica, agitando sua varinha.

Instantaneamente, um vento fortíssimo varre os dois demônios, arremessando-os contra uma parede próxima. A criança corre, entrando em um prédio próximo. Alguns outros monstros, percebendo a presença de Zatanna, se voltam para enfrenta-la. Seus olhos são manchas amarelas na noite e elas salivam antevendo o momento de cravarem suas presas na humana.
Uma criatura metade mulher, metade serpente, se aproxima do Dr. Oculto, sibilando sinistramente. O investigador sombrio ergue seu amuleto e dispara uma luz extremamente branca sobre a criatura, fazendo-a recuar e praguejar numa língua desconhecida.
Zatanna vê uma mulher idosa imóvel próxima ao centro da praça. Sem pensar duas vezes, ela corre para socorrê-la.

- Ei! Venha por aqui! – grita a mágica.

A senhora Higgins não a ouve. Ela apenas fica paralisada, apertando seu manto de tricô entre os dedos. Zatanna aproxima-se rapidamente e diz:

- Venha comigo! Depressa! – Zatanna agarra a mão da velha senhora e tenta puxá-la, mas ela não se move.
- Eu não quero ir – diz a senhora Higgins.
- Aqui é perigoso! Venha! – grita Zatanna, tentando movê-la mais uma vez.
- Perigoso, sim... mas não para mim, minha jovem.

As palavras misteriosas da mulher fazem com que Zatanna se volte para encará-la. Um raio de energia negra atinge a mágica, jogando-a no chão dolorosamente. Zatanna grita sentindo fortes dores. A senhora Higgins sorri e caminha lentamente, aproximando-se da mágica caída.

- Eu fiz tudo isto acontecer, minha querida.

Dizendo isto, a velha senhora abre o manto de tricô, exibindo um conjunto de símbolos estranhos, tricotados sobre um pentagrama invertido.

- Agora que minha peça está completa, os demônios caminham livremente. Não se manifestam mais ocasionalmente... – diz a senhora Higgins.
- Uma nova forma de livro das sombras, eu diria – diz o Dr. Oculto surgindo do meio da fumaça.
- Sim, acertou, maldito intruso... – rosna a senhora Higgins.
- L-livro das sombras? – pergunta Zatanna, agarrando a mão estendida do Dr. Oculto para poder levantar-se.
- Toda bruxa tem um. É onde escrevem seus feitiços – diz Oculto.
- Eu tinha um também... – admite a senhora Higgins – Mas meu falecido marido o encontrou e ameaçou contar a todos... Eu tive que dar um jeito nele. Também tive que encontrar uma nova maneira de escrever meus feitiços sem chamar a atenção.
- Sua doida... – xinga Zatanna, ainda sentindo dores.
- Ela é mais louca do que você pensa, Zatanna. Ela liberou poderes incontroláveis – diz Oculto.

A senhora Higgins os observava com olhos vermelhos e odiosos, porém não deixava de sorrir.

- Está enganado, maldito! Eu sei o que estou fazendo! Hoje King’s Cross arderá no inferno! Todos terão o que merecem! – grita a bruxa.
- Você libertou forças caóticas aqui. Ninguém controla o caos! – diz o Dr. Oculto.
- O caos me servirá! Neste momento, os moradores desta cidade fétida estão sendo massacrados e a cada alma adquirida o portal fica mais forte! Em instantes ele será grande o suficiente para que o mestre venha até nós! – a velha bruxa parecia ver algo tenebroso no futuro.
- Mestre? Que mestre? – pergunta Zatanna.

Um estrondo ensurdecedor atinge a todos. Parte do centro da praça explode em mil pedaços, cuspindo concreto e chamas para todos os lados. Oculto e Zatanna são jogados para trás, enquanto a senhora Higgins some na poeira.
Vindo da imensa cratera recém-aberta, ouve-se um rugido tenebroso. Algo começa a se mover em meio à nevoa. Algo gigantesco. Um enorme demônio vermelho, com aproximadamente cinco metros de altura surge em meio a destruição. A criatura murmura:

- Eu... sou... muitos...

Zatanna grita horrorizada. Oculto tenta proteger o rosto da parceira.

- EU... SOU... SABBAC!

As janelas de todo o quarteirão são destroçadas pelo grito do demônio.

- Temos que sair daqui, Zatanna! O perigo aumentou mais ainda! – grita o Oculto.
- Mas, para onde vamos? – diz Zatanna, visivelmente em pânico.

Oculto ajuda Zatanna a se erguer e ambos correm, tentando se afastar do monstro demoníaco. A criatura crava seus dedos no solo e arremessa imensos blocos de concreto pelo ar.

- O que é isso? O que é Sabbac??? – pergunta Zatanna.
- Sabbac é uma criatura mística que reúne os poderes de seis demônios muito poderosos! Nossas chances de vencê-lo num combate direto são pouquíssimas – diz Oculto, enquanto eles se refugiam atrás de uma esquina.
- Então está tudo perdido... – lamenta-se Zatanna.

Sabbac ergue-se da cratera e caminha pela praça. Os demônios menores saltam alegremente em volta de seu mestre, atirando partes de corpos humanos em oferenda aos seus pés. Sabbac inspira profundamente o ar e, em seguida, cospe fogo infernal pelos céus, num gesto de desafio. A criatura gargalha.
Subitamente, seu riso é cortado por um grito de dor. Um raio de energia amarela desce dos céus e o atinge no peito, arremessando-o alguns metros para trás. Os demônios menores correm desesperados.

- O que foi aquilo? – pergunta Zatanna – O que o atingiu?
- Foi ELE – diz Oculto, apontando para o céu noturno.

Zatanna eleva seus olhos e vê um homem que flutua serenamente sobre a praça de King’s Cross. Ele veste negro, mas seu elmo, assim como a capa que cobre seus ombros, reluz como ouro. Ele nada diz, apenas permanece flutuando, enquanto em torno de si a imagem de um anhk brilha num azul tênue.

- Q-quem é ele, Oculto? – pergunta a mágica impressionada com a cena.
- É o Senhor Destino.

Continua...

No próximo número: O que Higgins pretende? Sabbac e sua horda demoníaca continuam o massacre dos habitantes de King’s Cross, mas existem aqueles dispostos a se sacrificar para deter a maré infernal. Zatanna e Oculto têm sua revanche contra a bruxa! A selvageria de Sabbac versus a fúria do Senhor Destino! Este é o INFINITY DC! NÂO PERCA!
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INFINITY DC: Sentinelas da Magia Empty Sentinelas da Magia 03 - Destino

Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 11:51 am

INFINITY DC: Sentinelas da Magia Capasentinelas03

SENTINELAS DA MAGIA

CAPÍTULO 03 – DESTINO


Por Alex Nery


Zatanna e o investigador do sobrenatural conhecido como Dr. Oculto, correm pela praça destruída de King’s Cross. Sobre suas cabeças, voam vários pedaços de concreto e um deles passa a poucos centímetros da jovem maga. Ela grita aterrorizada, mas ambos conseguem chegar até a proteção de um pequeno coreto.

- Oculto! Temos que sair daqui! – grita Zatanna.
- Não! Destino nos garantiu algum tempo! Precisamos encontrar aquela bruxa! – diz o Dr. Oculto.
- Destino... – ao murmurar o nome do mago supremo, Zatanna ergue seus olhos para o céu em direção à figura imponente.

O maior mago da terra flutua sobre a praça. Se ele está falando algo, é impossível de se ouvir. As chamas da destruição abaixo refletem em seu elmo dourado, tornando-o uma figura assustadora. o Senhor Destino gesticula graciosamente com as mãos e a força dos raios místicos que ele emite contrasta com a leveza dos movimentos. Rajadas destrutivas são emitidas de suas mãos, envoltas por faíscas luminosas que giram rapidamente. E todo esse poder devastador tem um alvo bem definido: o demônio Sabbac, que urra de dor ao ser atingido.
Sabbac cambaleia e cai de costas, destruindo um pequeno marco de pedra em forma de coluna. Porém, ele está longe de ser subjugado. O demônio crava suas garras nos destroços da coluna e a utiliza como um bastão, acertando em cheio o Senhor Destino, que aparentemente pensava ter derrotado a criatura. O mago é arremessado pelos céus, caindo dezenas de metros adiante.

- Ele caiu! Destino caiu! – grita Zatanna.
- Não se preocupe com isso – diz Oculto, que mantêm seu amuleto em forma de disco erguido para a frente, apontando-o em diversas direções.
- Como “não se preocupe”? Não era ele que ia nos salvar?
- Destino não pode ser derrotado por um simples golpe. Vamos! Localizei a trilha da bruxa!
- Devíamos ajudar o Destino contra esse diabão, isso sim.
- Não. Sabbac é um efeito colateral. Se neutralizarmos a bruxa tudo terminará, pois ela invocou os demônios.
- Droga, então vamos! Ela está me devendo uma.

Os dois saem correndo em disparada, desviando dos demônios que começam a sair de seus esconderijos, encorajados pelo sumiço do Senhor Destino. Zatanna invoca alguns raios elétricos e atinge dois demônios que fechavam o caminho dos heróis. Oculto segue na frente, usando seu amuleto como uma espécie de “bússola” para encontrar a senhora Higgins, a bruxa responsável pelo inferno em que a pequena cidade de King’s Cross se transformara.

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Distante três quarteirões dali, o Senhor Destino ergue-se das ruínas da casa que fora destruída no momento da sua queda. Sua expressão é indefinível, pois seu elmo não permite observar o rosto por trás dele.
Um dos demônios salta da escuridão e tenta agarrar o mago, porém com um gesto simples, Destino incinera o demônio, que cai no chão transformado em uma fogueira viva. O mago não ao menos olha para o inimigo que morre aos seus pés. Sem dizer nada, ele voa novamente em direção à Sabbac.
Sabbac avança pela cidade. A população, já apavorada pelos demônios menores, corre em desespero, atropelando-se num caos incontrolável. Dezenas de pessoas são pisoteadas pelas demais, alguns ainda tentam socorrer os feridos, mas é uma tarefa quase impossível, pois a horda demoníaca corre ao encalço dos humanos indefesos. Os poucos policiais da cidade abrem fogo contra as criaturas, conseguindo derrubar alguns após acertarem vários disparos, pois as criaturas são muito resistentes.
Um homem apóia uma mulher pelos ombros, tentando ajuda-la a caminhar. Sabbac aproxima-se e golpeia um automóvel estacionado, fazendo-o voar. O veículo arremessado atinge de raspão o casal que tentava fugir, fazendo ambos irem ao chão. Sabbac gargalha antecipando o prazer de esmagar os dois. Ele ergue seu monstruoso punho no ar e desfere um potente soco.
Uma barreira branca impede que o casal seja atingido. Sabbac urra contrariado e torna a golpear o escudo luminoso, fazendo o próprio solo tremer, porém não consegue quebrar a proteção inesperada.
A mulher grita apavorada enquanto o homem murmura uma prece. Nesse momento ambos percebem o homem com o elmo que está em pé atrás deles, gerando o escudo luminoso através de suas mãos.

- Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! – murmura a mulher.
- Você nos salvou! – agradece o homem.
- Ninguém está a salvo ainda. Leve-a. – ordena Destino.

O homem ergue-se e ajuda a mulher. Impulsionados pelo medo, eles conseguem se afastar rápidamente.
Ao perceber a presença do inimigo, Sabbac abre os braços e inspira profundamente, enchendo seus pulmões com o ar da noite. Em seguida ele expele fogo infernal sobre o mago. Os veículos próximos explodem devido à alta temperatura. Tudo se torna um mar de chamas. O demônio sorri maliciosamente.
De repente, um turbilhão de água começa a surgir e rodopiar no centro das chamas. A água surge do nada e, com violência, espalha-se em todas as direções, aplacando o fogo infernal. O vapor que sobe pelo ar é escaldante, mas o fogo começa a ceder. Sabbac observa com ódio aquele contra-ataque, enquanto o Senhor Destino emerge das águas.

- A água purifica, criatura inferior – diz Destino, num gesto de desafio.

O mago gesticula e uma tromba d’água se ergue e atinge em cheio o demônio, ameaçando sufocá-lo. Sabbac agarra-se a um poste para não ser levado pela correnteza.

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Oculto e Zatanna correm até a entrada de um dos velhos casarões do bairro nobre da cidade. Eles observam em silêncio a casa, que é completamente cercada por uma grade alta, porém o portão principal está entreaberto, como se os convidasse a entrar.

- Ela está ai? – pergunta Zatanna em voz baixa.

Oculto observa a entrada e olha para seu amuleto, que brilha levemente.

- Sim. Lá dentro – responde o detetive.
- Não gosto disso... tá com cara de armadilha... – diz Zatanna balançando a cabeça.
- Provavelmente é mesmo uma armadilha. Se quiser ficar aqui, eu...
- Muito cavalheiro de sua parte, doutor, mas eu prefiro entrar e tentar ajudar.
- Só fiquei preocupado...
- Não se preocupe. Vamos.

Zatanna começa a andar em direção à casa, sendo seguida pelo Dr. Oculto. Ambos caminham devagar e atravessam o portão principal, tentando não fazer barulho. O jardim que separa a entrada da casa do portão é amplo e bem cuidado. Sua grama está bem aparada e em seu centro pode se ver um pequeno chafariz em forma de anjo, que esguicha água para o alto, fazendo-a cair de volta na fonte. Os dois sobem os três degraus do hall de entrada e percebem que a porta da casa também está aberta. Os dois trocam olhares desconfiados. Zatanna aperta com força sua varinha mágica, enquanto Oculto mantêm seu amuleto em erguido.
Oculto é o primeiro a entrar. A casa está iluminada apenas por dois abajures, mas mesmo assim ele consegue observar a rica mobília que existe ali. No centro da sala há uma mesa longa de madeira, ladeada por doze cadeiras de encosto alto. Nas paredes, pinturas com paisagens agrícolas em molduras rebuscadas dão um ar nobre ao ambiente. Um pesado tapete rubro cobre o assoalho e abafa os ruídos dos passos de Oculto e Zatanna, enquanto os dois penetram ainda mais na casa.

- Onde ela está? – sussurra a mágica.
- Hmm... bem próxima... – responde Oculto também em voz baixa.

Os dois caminham mais alguns passos e entram em um corredor largo. Eles percebem uma luz fraca vindo do compartimento no final dele. Oculto acena com a cabeça e Zatanna compreende que é até lá que devem ir. Ambos caminham em silêncio e com passos lentos. Ao chegarem ao fim do corredor, percebem que encontraram a cozinha da casa.
Ali, cercada por uma dúzia de velas vermelhas e viscosas, a velha senhora Higgins, a bruxa de King’s Cross, os aguarda com um sorriso diabólico.

- Ah, enfim chegaram... por que demoraram tanto, crianças? – pergunta a Bruxa.
- Não sou sua “criança”, velha asquerosa... – murmura Zatanna.
- De certo modo, você é, querida. Sinto em você o cheiro de uma de nós, talvez mesclado com algo diferente, mas ainda assim, uma praticante das artes negras... – Higgins observa Zatanna com curiosidade, seus olhos brilham.
- Não ouse me comparar à você, seu monstro. Olhe tudo o que fez esta noite... tantas pessoas feridas... – diz Zatanna.

Oculto segura o amuleto em forma de disco apontado para a bruxa, como um padre seguraria um crucifixo ao se defrontar com um vampiro.
- Você é esperto, Doutor. Enquanto ela me distrai, você tenta romper minhas defesas... – diz a bruxa encarando o investigador. Oculto nada diz, mas começa a suar como se estivesse fazendo um esforço excessivo.

Sem aviso, ele é arremessado para trás. Oculto grita de dor. Seu corpo fica suspenso no ar, contra a parede.

- Doutor! – grita Zatanna.
- Por que se preocupa com esse animal, filha? Ele é apenas mais um dos homens, dos malditos...
- Solte-o, velha! Solte-o ou eu...
- Você não fará nada. Deveria estar ao meu lado e não colaborando com esse homem. Não tem idade o suficiente para saber que eles apenas nos usam?
- Isso tudo é apenas por raiva dos homens?
- “Apenas”??? Como ousa? Esses malditos nos usam, nos humilham, nos agridem... Aqui mesmo, nesta cidade imunda, as mulheres sempre foram meros objetos. Naquela praça, onde consegui abrir o portal para o mundo inferior, durante a inquisição foram mortas dezenas de mulheres como eu. Dezenas de mulheres como você, sua traidora! O sangue delas, esparramado e infiltrado em cada pedra dali, me deu força para ser a mão da vingança, aquela que trará a destruição para os descendentes dos seus carrascos.
- Você criou um novo nível de loucura, bruxa... Na-meburred, sotneV!

Um furacão surge do nada e atinge a bruxa em cheio. Higgins cai de costas, enquanto suas velas se apagam e o Dr. Oculto é solto das mãos invisíveis que o seguravam.

- Zul me odot ragul! – com a invocação de Zatanna, a cozinha fica plenamente iluminada por uma luz vindo não se sabe de onde.

Oculto respira profundamente tentando retomar o fôlego. Zatanna ameaça saltar sobre a bruxa, mas a maligna mulher lê um verso escrito em seu bordado e então surgem dois demônios humanóides de pele negra que buscam proteger sua mestra. Um deles avança sobre Zatanna, tentando imobilizar seus braços e atacar seu pescoço com suas presas. A mágica sente o hálito da criatura perto de seu rosto mas consegue contra-atacar:

- Etnalegnoc oirf!

Imediatamente o corpo do demônio começa a congelar. O frio sobe por suas pernas, invadindo-o totalmente. Cada parte de seu corpo começa a cristalizar e nem seus gritos horrendos são o suficiente para salva-lo. O segundo demônio salta sobre a mágica, porém é pego em pleno ar por um portal e desaparece. Zatanna olha para o lado e vê que foi salva pelo Dr. Oculto.
Sem tempo para agradecimentos, eles avançam em direção à bruxa HIggins. A velha segura firmemente o bordado com o feitiço em suas mãos. Zatanna aponta sua varinha e diz:

- Emieuq!

Imediatamente o bordado começa a pegar fogo. A bruxa solta-o.

- Malditos! Malditos sejam! – pragueja a velha bruxa.
- Você causa todo esse sofrimento e nós é que somos malditos? Bah... – diz Zatanna, olhando com desprezo para a bruxa.
- Sem seu livro das sombras, você não é nada. Apenas alguém digna de pena... – diz o Dr. Oculto.
- O que pretendem fazer comigo? Me prender? Hahahahha...
- Ela tem razão, Oculto. O que vamos fazer com ela? Nenhum juiz vai prendê-la por bruxaria. Vão dizer que somos loucos! – diz Zatanna indignada.
- Ela será julgada por poderes maiores que os nossos, Zatanna – diz Oculto – Venha.

Oculto abre um portal. Ele agarra a bruxa pelos braços e mergulha nele, sendo seguido por Zatanna, que está começando a se acostumar com o jeito misterioso de seu novo amigo.

(Continua abaixo)
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INFINITY DC: Sentinelas da Magia Empty Re: INFINITY DC: Sentinelas da Magia

Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 11:52 am

(Continuação)
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Sabbac arremessa um ônibus contra Destino. O mago não se move, preferindo deter o veículo com um encanto, transformando-o em pó. O demônio aproveita e ataca, saltando contra o mago e agarrando-o. Ambos caem, porém Sabbac faz com que Destino receba todo o impacto.
Ainda atordoado, o mago não pode evitar que a criatura o agarre pela capa e o arremesse novamente contra uma parede de tijolos. Porém, desta vez Destino atravessa a parede como um fantasma, deixando seu inimigo surpreso.
Destino mergulha e pousa em frente ao demônio. De pé, ele faz uma nova invocação. O céu da madrugada se abre, e uma série de pontos azuis desce das nuvens em alta velocidade e se despejam sobre Sabbac, atravessando-o e causando muita dor ao ser infernal.
Neste momento, algo atrai a atenção do mago. Ele percebe que Sabbac está menor e reduzindo ainda mais de tamanho à olhos vistos. Usando seus sentidos místicos, o Senhor Destino percebe com satisfação que o feitiço que liga Sabbac ao plano terreno foi quebrado.
Numa luta, qualquer distração pode ser fatal. Sabbac tenta um último ataque, porém Destino percebe a tempo e gera um raio explosivo que atinge o demônio, fazendo-o urrar de dor e cair de joelhos.
O portal de Oculto materializa-se ao lado de Destino e dele surgem a bruxa e seus captores.

- Doutor Oculto – cumprimenta Destino.
- Olá, Destino – retribui o investigador - Esta é Zatanna, sem ela provavelmente eu teria sido derrotado – diz Oculto, apontando a mágica.
- Sim. Percebo nela grande poder. Imaturo ainda, mas com muito potencial – diz Destino avaliando Zatanna.
- Tudo isto é muito novo pra mim, sabe? Quer dizer, desde pequena eu vejo coisas estranhas, mas... – diz Zatanna.
- Não é o momento para cordialidades – interrompe Destino – Essa besta deve voltar ao lugar à que pertence. E esta humana deve pagar por suas ações.
- O que vamos fazer com eles? Não dá pra mandar uma pessoa pra cadeia por bruxaria... – insiste Zatanna.
- Tudo já foi decidido – diz Destino.

O Senhor Destino une suas mãos e então um portal é aberto em pleno ar. Da abertura emergem vozes arranhadas e sons guturais.

- Não olhe para lá, Zatanna – pede o Dr. Oculto.
- Pra onde leva aquilo? – pergunta a mágica.
- Para o lugar de onde vieram esses demônios – diz Oculto.

Zatanna sente um arrepio e resolve seguir o conselho do amigo.
As criaturas demoníacas espalhadas por King’s Cross começam a ser aspiradas pelo portal. Sem o feitiço que lhes servia de âncora, eles perdem o elo com esta realidade e são tratados como corpos estranhos. O encantamento do Senhor Destino funciona e, em questão de segundos, todos os demônios menores são removidos da cidade, restando apenas Sabbac, que também começa a sentir os efeitos do portal.

- NÃÃÃÃOOO!! – grita Sabbac.
- Parta, criatura maléfica – ordena o Senhor Destino.
- NÂO É JUSTOOOOOOO!!!! – o demônio tenta cravar suas mãos no chão, porém está enfraquecido demais pela luta contra Destino.
- A justiça está sendo feita – diz Destino severamente.
- ELA ME PERTENCE! ELA FALHOU CONOSCO! – o demônio luta para permanecer na terra.
- Quem? – pergunta Zatanna.
- Hmmm... – murmura Oculto.

Destino se volta para Higgins e executa um encantamento. A bruxa é banhada por uma luz amarela, que revela uma aura vermelha ao redor dela.

- Velha tola. Como pôde vender sua alma aos inferiores? – pergunta Destino.
- E-eu queria PODER! Só através do poder eu conseguiria minha vingança! – vocifera a velha bruxa.
- Sua busca por poder e vingança só trouxe desgraça aos seus semelhantes e a você mesma. Parta.

Subitamente, a velha senhora Higgins é erguida no ar e arremessada contra Sabbac, que a agarra com ambas as mãos. Num segundo ambos são tragados pelo portal, que se fecha em seguida como se nunca tivesse existido.

- Meu Deus! – murmura Zatanna.
- Destino! – protesta Oculto.

Destino se volta para ambos. Os dois podem ver seus reflexos no elmo dourado, mas não podem discernir a expressão do homem que o utiliza.

- Quem procura o mal, colhe o mal – diz Destino soturnamente.
- M-mas... – começa Zatanna, porém, Oculto segura no braço da mágica, sinalizando para que ela não discuta.
O Senhor Destino ergue-se no ar silenciosamente e desaparece entre as nuvens da aurora. Zatanna abraça o Dr. Oculto e chora.

---------------------------------------------------------------------------------------

Os serviços de emergência de King’s Cross trabalharam freneticamente naquele dia. Bombeiros e guarda civil lutaram contra as chamas que ameaçavam consumir o centro da cidade e, após horas de esforços, conseguiram debelar as chamas. Haviam vários rumores conflitantes sobre as causas da grande destruição ocorrida por toda a cidade. Para alguns, as tubulações de gás, antigas e mal cuidadas, haviam explodido. Para outros, um misterioso tufão vindo não se sabe de onde, haviam destroçado os prédios e casas do centro.

- Não entendo como não se lembram dos demônios e tudo o mais... – diz Zatanna, enquanto apanha suas malas e coloca no carro alugado.
- Destino fez com que esquecessem – explica Oculto, encostado ao lado do carro.
- Ele tem poder pra isso?
- Na verdade, sim. E muito mais.
- Então por que nós lembramos?
- É a maneira dele dizer que agradece a nossa ajuda.
- E ele agradece?
- Da sua maneira, sim.
- O que ele fez com a velha Higgins... não sei se concordo, apesar de tudo.
- Destino tem uma missão pesada nas costas. Ele cuida para que nada interfira na ordem. E apesar de ser humano, às vezes ele esquece isso. É complicado.
- Bem, aí está. Minha ultima mala. Quero sair daqui antes que apareçam os paparazzi e queiram saber o que andei fazendo numa cidade como esta. Tem certeza de que não quer uma carona, doutor? Estou indo para Londres.

Oculto pensa por um instante, sorri e diz:

- Seria bom rever Londres, mas não, obrigado. Tenho que cuidar do escritório...
- Você tem um escritório? Um escritório normal, digo?
- Hah, sim...
- ISSO é estranho, hehe...

Zatanna abraça Oculto.

- Obrigada, Doutor.
- Eu que agradeço a ajuda, Zatanna. E pode me chamar de Richard.
- Ok, até mais.

Zatanna entra no automóvel e acena para o Doutor Oculto, partindo em seguida. O investigador do sobrenatural fica alguns instantes observando a amiga se afastar, então, subitamente ele sente um arrepio, como se algo tivesse atravessado seu corpo. Ele fica sobressaltado e olha em volta, mas nada vê.
Levando em conta o que passara nas últimas horas, ele decide esquecer o mau pressentimento e então olha em volta procurando por algum lugar que tenha escapado da destruição da noite anterior onde possa tomar um café. Devagar ele se dirige a uma pequena lanchonete que parece estar funcionando.

FIM


No próximo número: DEADMAN! Continue conosco no INFINITY DC!
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INFINITY DC: Sentinelas da Magia Empty Sentinelas da Magia 04 - Dead man's party

Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 11:56 am

INFINITY DC: Sentinelas da Magia Sentinelascapa04

SENTINELAS DA MAGIA

CAPÍTULO 04 – DEAD MAN’S PARTY


Por Alex Nery

“I'm all dressed up with nowhere to go
Walkin' with a dead man over my shoulder
Waiting for an invitation to arrive
Goin' to a party where no one's still alive.”

Dead Man’s Party
Oingo Boingo


O corredor é escuro e estreito. O homem tateia no escuro e percebe a frieza das pedras que formam suas paredes grosseiras. Vacilante, ele dá alguns passos na escuridão, procurando se certificar de que existe um chão à sua frente. Cada passo é um alívio, pois pouco a pouco ele se afasta da coisa.
A coisa.
Ele não sabe o que é. Nem mesmo se possuísse coragem o suficiente para olhar para trás ele poderia identifica-la, pois a escuridão é total. Ele só sabe que ela está lá.
O único sinal de sua presença é a respiração pesada que vez ou outra se faz ouvir. Um arfar profundo e lento. Uma respiração calma. Assustadoramente calma.
E o homem continua tateando na escuridão. Avançando passo a passo. Com suas unhas ele arranha a parede áspera, como se buscasse apoio para prosseguir. Ele tem a impressão de que o corredor começa a se inclinar para cima, numa subida suave.
Ele tenta em vão relembrar como chegou ali, naquele local escuro, naquela situação inusitada. Tudo o que lhe vem à mente é a imagem dos rostos de algumas pessoas, uma mulher, um homem e um garoto de aproximadamente doze anos. Ele tem a impressão de que os conhece, mas sua memória falha e ele não consegue se recordar de mais detalhes. Ele se sente cansado como um maratonista que percorre os últimos metros de uma longa prova.
Subitamente uma luz fraca aparece à frente, recortando o formato de uma porta na escuridão.
O ruído de ar sendo inalado explode alguns metros atrás dele.
Ele aperta o passo, seu corpo não responde como ele quer. A provável saída está tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.
O ritmo da respiração sinistra acelera. Ele sabe que a coisa que o persegue começa a correr para alcança-lo. Sem pensar duas vezes, ele acelera o passo. Em sua mente, apenas chegar àquela saída importa.
A luz que vem da porta mal penetra no corredor, como se a escuridão abaixo fosse espessa o suficiente para bloquea-la. Passo a passo a porta se aproxima, e a cada metro vencido o ânimo se renova.
Ele já consegue ouvir passos grotescos correndo pelo corredor atrás de si. Algo bufa, lembrando vagamente um touro. A coisa abandonara a tranqüilidade e parece avançar com fúria. Ainda sem olhar para trás ele corre, desta vez conseguindo vencer a inércia do próprio corpo, tirando forças da visão esperançosa da porta aberta.
Com passos desesperados e enlouquecidos ele atravessa a porta, emergindo numa arena circular que em muito lembra as arenas romanas.
No centro da arena, uma luz cintilante brilha suspensa a um metro do solo e, saindo de dezenas de portas como a que acaba de atravessar, dezenas de criaturas correm em direção à luz. Por instinto, ele segue o mesmo caminho e começa a correr para o centro da arena.
Outras pessoas passam correndo por ele, vestidas das maneiras mais estranhas possíveis. Ele pode jurar que algumas delas estão fantasiadas com roupas típicas de séculos passados. Homens, mulheres e crianças correm desesperados para a luz.
De uma porta à sua esquerda, um homem idoso emerge, carregando um pequeno baú. Ele tenta correr, porém, antes que avance mais um passo na arena, é traspassado por uma espécie de ferrão, saído da escuridão da porta, que atravessa seu tórax e o ergue no ar. O velho grita e solta o baú, que cai e deixa à mostra várias moedas que parecem de ouro. O ferrão puxa o velho novamente para a escuridão, e o homem apenas percebe os grandes olhos vermelhos que se recolhem, refletindo o brilho da luz.
O medo faz com que ele tire forças de onde já não tem. Ele decide correr para a luz, pois pressente que lá estará seguro. Seus passos são incertos e atrapalhados. Ele mais se joga para frente do que na verdade consegue correr.
Diversos ferrões, de todos os tipos e cores, são jogados das portas, espetando e puxando de volta algumas pessoas que tentavam alcançar a luz. Nesse momento, ele percebe que outras criaturas, que nada têm de humano, também correm em meio às pessoas desesperadas.
O brilho da luz central pulsa à sua frente, aproximando-se rapidamente. Um ferrão vermelho e espinhoso estala próximo da sua cabeça e espeta uma mulher que corria ao seu lado. Num último impulso, ele salta e entra na luz.

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Zatanna abre os olhos e sufoca um grito de terror. Seu corpo está coberto de suor e suas mãos tremem. Por alguns instantes ela fica arfando sentada na cama, e em sua cabeça ela ainda pode ouvir os gritos das pessoas.
A maga apanha seu robe e envolve seu corpo. Com passos lentos, passa pela cozinha e prepara um chá rápido. Ela se serve da única dose e caminha para o terraço, onde se senta à mesa situada à beira da piscina. Dali, de seu apartamento situado no vigésimo-segundo andar, os ruídos das ruas abaixo não podem ser ouvidos, então existe uma relativa calmaria. Zatanna agradece pelo silêncio da madrugada.

- Que merda de pesadelo... – murmura.

Ela saboreia o chá em pequenas doses. Em sua mente, vêem as lembranças de sua infância nada comum, acompanhando o pai em seus shows pelo país. Era uma vida bem conturbada. Seu pai, o famoso mágico Zatara, era uma das principais atrações em Las Vegas, atraindo multidões em seus shows. Porém, o que poucos conheciam é que ele não era apenas um ilusionista, mas sim um mago com poderes reais.
Poderes que lhe deram uma vida de luxo e fama.
Poderes que cobraram caro por isso.
O vento frio da madrugada faz com que ela se arrepie. Ela bebe o chá quente, pensando no quanto está soturna hoje. Depois dos acontecimentos estranhos ocorridos na Inglaterra, três meses atrás, sempre que o mundo racional ameaça ruir, ela se recorda de seu amigo Richard, mais conhecido como Doutor Oculto.
Ela olha para o relógio e constata que são 4:20h da manhã. Em São Francisco ainda seria 1:20h. Ela decide ligar. Apanha o telefone sem fio e disca rapidamente. O telefone toca cinco vezes e ela desanima.
De repente, alguém atende.
- Alô? – responde uma voz feminina.
- Ah, eu... Alô... er... – Zatanna fica surpresa por uma mulher atender. Nesse momento ela se dá conta de que nunca cogitara a chance de Richard ter uma namorada ou mesmo uma esposa.
- Quem é? – pergunta a mulher do outro lado da linha.
- Eu... desculpe, meu nome é Zatanna Zatara. Eu gostaria de falar com o Dr. Oculto. Desculpe por ligar tão tarde, mas é importante... eu acho...
- Ah, Zatanna, claro. Richard me falou de você. Vou chama-lo. Aguarde, por favor.
- Obrigada...

Zatanna aguarda mais alguns minutos, ainda constrangida por ter ligado de madrugada.

- Que idiota eu sou... – pensa ela.
- Alô? Zatanna? – atende o Dr. Oculto.
- Oi! Alô! Richard? Como vai?
- Comigo tudo bem.
- Desculpe ligar tão tarde...
- Deixe disso. Imagino que é algo importante.
- Sim... bem, não sei...
- Diga, Zatanna. Pode falar.
- Eu... ando tendo uns pesadelos... pesadelos bem estranhos...
- De que tipo?
- Alguém fugindo de algo... de algo realmente pavoroso. Mas não sou eu, é um homem.
- Conhece-o?
- Não. Nunca o vi. Mas mesmo assim ele é familiar... não sei explicar.
- Já manifestou poderes premonitórios alguma vez na vida?
- Está perguntando se sou vidente, ou algo assim? Não, nunca. Sei que não sou.
- Tem certeza?
- Sim. Nunca previ nada. Tenho sensações esquisitas, mas premonições nunca. E estou com essa sensação estranha de que isso é importante.
- Sim, já percebi que você é sensitiva... Tem alguma pista sobre esse homem? Um nome, talvez?
- Não estou certa...
- Tudo pode ser importante, Zatanna.
- Eu... acho que ouvi, ou percebi, um nome mas não sei qual a relação com o homem.
- Que nome?
- Brand. Boston Brand.
- Hmmm... nunca ouvi falar. Mas já é um começo. Vou ver o que descubro, ok?
- Ok, obrigada, Richard. Desculpe incomoda-lo... pode ser só stress, insônia, sei lá...
- De nada. Amigos são pra isso. Te ligo mais tarde.
- Obrigada mesmo. Tchau.
- Até mais.

O Dr. Oculto desliga, deixando Zatanna experimentando o restante do chá, que já esfriara.

-------------------------------------------------------------------------------------

O sol a pino não desanima as dezenas de trabalhadores que se esforçam para erguer a tenda do picadeiro central. É um trabalho bastante coordenado, apesar da aparente confusão.
O Dr. Oculto observa a cena com curiosidade. O calor fez com que ele dispensasse o tradicional sobretudo, contentando-se com uma camisa branca e calças cáqui.

- Por aqui, doutor – indica o homem magro que o conduz pelo meio dos trabalhadores – Chegamos ontem e ainda estamos com as coisas meio bagunçadas por aqui.
- É admirável o trabalho de vocês, Sr. Gordon.
- Obrigado. Tentamos manter o “maior espetáculo da terra”, heh... Vamos. É logo ali naquele trailer.

Oculto segue Phineas Gordon, o proprietário do Circo, até um trailer vermelho. O homem bate duas vezes na porta.

- Entrem – responde uma voz vinda do interior.

Ambos entram e encontram um homem moreno, de porte atlético e com cara de poucos amigos.

- Aqui está senhor Oculto. Um de nossos astros... – apresenta Gordon.
- Como assim “um de nossos astros”? Eu sou o único astro por aqui, Gordon. E você sabe disso – responde o homem estendendo a mão para Oculto.
- A modéstia não é uma de suas qualidades, mas enfim... – ironiza Gordon.
- Muito prazer – cumprimenta o Dr. Oculto apertando a mão do homem moreno.
- O que o traz à minha procura, senhor Oculto? O que o trouxe ao show do melhor trapezista do mundo?
- É o que pretendo descobrir, Boston Brand.


Continua

No próximo número: Trapezistas e mágicos.
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INFINITY DC: Sentinelas da Magia Empty Sentinelas da Magia 05 - Trapezistas e mágicos

Mensagem por alexnery Seg Dez 29, 2008 12:01 pm

INFINITY DC: Sentinelas da Magia Sentinelascapa05b

SENTINELAS DA MAGIA

CAPÍTULO 05 – TRAPEZISTAS E MÁGICOS


Por Alex Nery

O som de centenas de palmas preenche a tenda do Circo Hally quando os holofotes revelam a figura do homem vestido com uma malha vermelha posicionado no alto do trapézio. Ele faz uma rápida reverência ao público e então agarra o trapézio arremessado por uma ajudante.
Sem perder tempo, ele se atira no vazio. Com o impulso, começa a adquirir velocidade. Após algumas idas e vindas, ele salta pelo ar, executando um mortal de frente, até apanhar o próximo trapézio arremessado. Ele repete o movimento mais duas vezes antes de retornar para a plataforma.
Lá, uma linda loira venda os olhos do homem com uma fita vermelha e lhe entrega o trapézio novamente. O trapezista salta e executa um mortal duplo, apanhando o próximo trapézio com segurança, num movimento treinado até a exaustão. A diferença é que nos treinos ele se permite utilizar uma rede de segurança.
“Redes são para amadores”, sempre diz Boston Brand, o trapezista e principal astro do Circo Hally, sob os protestos de seu patrão Phineas Gordon.
A platéia delira com sua audácia, retribuindo o show com palmas, assobios e gemidos de espanto.
O Dr. Oculto observa a dança aérea de Boston admirado pela coragem do artista, mas em seu íntimo ele não deixa de censurar a imprudência de Boston. O investigador do sobrenatural decidira ligar para Zatanna logo após o fim da apresentação.
A maga pressentira que algo de ruim rondava Boston Brand. Aturdida por pesadelos assustadores, ela pedira que Oculto o localizasse. E assim ele o fez. Porém, Oculto caminhara pelo circo durante todo o dia e não notara nada de anormal. Em todos os aspectos, aquele era um circo comum.
Boston conclui sua apresentação com maestria. A platéia levanta-se para aplaudi-lo com euforia. O artista agradece com rápidas reverências e se retira, sendo seguido por suas duas assistentes. Oculto levanta-se e sai, decidido a despedir-se do trapezista.
Boston caminha a passos largos para seu trailer, onde algumas fãs o aguardam ansiosas.

- Boston, eu te amoooo!!! – grita uma loira, de aproximadamente dezoito anos.
- Posso conhecer seu trailer? – pergunta uma ruiva magra e alta.
- Boston! Boston! Me dá um autógrafo! – grita uma morena enquanto empurra uma caneta e um pequeno caderno para Boston.
- Boston!
- Bostoooonnn...

O trapezista ignora o tumulto das fãs e não lhes dá atenção, atravessando o pequeno grupo sem nada dizer. Ele bate a porta do trailer com rispidez.

- Bando de piranhas... – resmunga Boston.
- A fama tem seu preço, não é?

Boston se volta assustando em direção da voz e fica surpreso em encontrar o Dr. Oculto em seu trailer, semi-encoberto pelas sombras.

- Dr. Oculto! C-como entrou aqui? – pergunta Boston contendo o nervosismo.
- A porta estava aberta – diz Oculto com calma.
- Estava? Acho que n...
- Isso não importa, Sr. Brand.
- Ahn, talvez não... Escute, sr... Oculto, eu ainda não sei o que quer comigo.
- Como eu lhe disse antes, estou procurando por algo errado. Algo que não deveria estar aqui, no circo.
- Algo que não deveria estar aqui? De que tipo de coisa está falando?
- Eu realmente ainda não sei, mas sei que tem ligação com você.
- Ora... você é da polícia, é isso? Cara, ok, vou te dizer... eu não tenho nada a ver com aquele troço que o Jamanta vende pro pessoal daqui...

Oculto ignora as palavras de Boston e caminha lentamente pelo trailer, observando os objetos espalhados pelo local. Subitamente ele pára em frente a alguns porta-retratos dispostos sobre uma pequena mesa. O investigador estende sua mão e apanha um deles.

- Fotos de família? – indaga Oculto.
- Ahn? O quê? Ah, sim... São fotos antigas – diz Boston constrangido.
- Esta foto é muito curiosa. É uma montagem? – pergunta Oculto estendendo a foto para o trapezista.

Boston Brand apanha a foto devagar. No pequeno retângulo podem ser visto dois homens morenos e uma mulher loura, todos sorrindo, vestidos com roupas apropriadas para um show circense. O curioso é que os dois homens são absolutamente iguais.

- Não é montagem... É... era a minha família. Sou eu, meu irmão gêmeo Cleve e minha mulher Sarah – diz Boston taciturno.
- O que aconteceu com eles? – pergunta Oculto, sentando-se numa cadeira.

O artista circense respira fundo antes de responder.

- Houve um acidente... um incêndio dois anos atrás. Um conjunto de trailers pegou fogo... eles... não conseguiram escapar.
- Sinto muito, Boston.
- Ah, a vida é assim... Uma merda sem tamanho – Boston joga a foto de volta na mesa.
- Você não parece uma pessoa feliz, Boston. Tem fama e dinheiro, mas mesmo assim é visível sua infelicidade.

Boston Brand esmurra a parede e encara o Dr. Oculto.

- O que você sabe sobre mim, afinal? NADA! Caia fora daqui! Não preciso de nada que você esteja vendendo! – grita o trapezista.
- Espero que não precise mesmo, Boston. Nos vemos por aí. – Diz Oculto, saindo do trailer.

Boston bate a porta nas costas do investigador. Agora sozinho, os sons do lado de fora do trailer parecem cada vez mais distantes e o silêncio dentro do trailer começa a envolve-lo.
O trapezista apanha uma garrafa de uísque e bebe no gargalo. Ele baixa a garrafa ao lado da foto de família e senta-se numa poltrona confortável. Angustiado, ele passa as mãos pelo rosto suado, tirando os fios do cabelo do rosto. Boston Brand respira fundo e reclina-se na cadeira, chorando.
Das sombras do trailer, mãos cadavéricas se estendem para tocá-lo, surgindo de trás da poltrona. Ele não se volta, nem mesmo tenta evitar o toque gelado. As mãos se apóiam em seus ombros.

- O que ainda quer de mim? – sussurra Boston Brand.
- Você sssabe... – responde uma voz sombria.

Do lado de fora, as pessoas se apressam em deixar o circo, uma vez que o show já terminara. Junto à uma das saídas, Oculto faz uma ligação telefônica para Zatanna.

- Alô, Zatanna?
- Alô, oi, Richard, digo, Doutor... – responde a maga do outro lado da linha.
- Encontrei um Boston Brand. Ele é trapezista de circo.
- Ele existe mesmo, então! Incrível!
- Sim, mas... Passei o dia inteiro aqui pelo circo e não notei nada excepcional.
- Nada? M-mas, eu geralmente não me engano quando tenho essa “sensação” estranha. E aquele pesadelo foi MUITO estranho...
- Imagino. Vou ficar de olho então.
- Pode ser apenas bobagem. Não sei...
- Fique tranqüila. Vou dar mais uma volta por aqui.
- Obrigada, Richard. Beijo.
- Outro, até mais.


Zatanna desliga o celular e fica pensativa. Sua “sensibilidade” para coisas estranhas não costuma falhar. Porém, agora ela tem um show pela frente e decide finalizar sua maquiagem. Ela própria prefere se maquiar. Uma mania remanescente de quando ela não tinha dinheiro para manter uma equipe de apoio para a produção de seus shows. Ela passa o batom de tom vermelho provocante em seus lábios carnudos, tornando-os ainda mais atraentes. Ela sabe que chama a atenção dos homens e, vez ou outra, se diverte com isso.

- Faltam dez minutos, Z – diz Albert, seu produtor, esticando o pescoço para dentro do camarim.
- Ok, vou me concentrar um minutinho e já subo – responde a maga.
- Certo, te vejo lá em cima, gata. Vamos, pessoal, deixem a Z se concentrar – diz Albert, retirando as assistentes do camarim.

Sozinha no camarim, ela olha para o espelho, conferindo se está tudo perfeito. Ajeita o cabelo com delicadeza e relaxa o corpo, se concentrando para o show de hoje. Ela fecha os olhos e deixa sua mente vagar pela escuridão, eliminando os pensamentos estressantes.
Subitamente ela vê uma abertura, por onde sai uma luz alternado entre várias cores. Atraída pela luminosidade ela caminha até a abertura e, ao ultrapassa-la, percebe que está num circo. Centenas de pessoas aplaudem compassadamente, acompanhando o ritmo da música, enquanto os malabaristas se posicionam no centro do picadeiro. Zatanna segue em frente e senta-se numa das cadeiras vazias. Os malabaristas são realmente muito bons, realizando proezas ágeis e graciosas com arcos, pratos, bolas e outros objetos.
Ao fim do show, todos aplaudem. Só então Zatanna percebe o homem semi-decomposto que assiste a tudo impassível sentado ao seu lado. Seu rosto quase não possui pele e de seus cabelos restam apenas tufos aqui e ali. Seus músculos faciais estão enegrecidos, como alguém que sofreu um terrível acidente. Parte de sua arcada dentária reluz sob as luzes coloridas da tenda. Seus olhos são vívidos e esbugalhados, e ele observa a maga em silêncio.

- Q-quem é você? – indaga Zatanna, estranhando o próprio sangue frio.

O homem revira os olhos e murmura coisas incompreensíveis, numa tentativa fracassada de articular algumas palavras.

- Eu sonhei com você ontem, não foi? – indaga a maga.
- S-sim... – murmura o homem com dificuldade.
- Qual seu nome? O que você quer?
- N-nome? Nome? Boston... Boston...
- Você é Boston Brand? Isso não faz sentido. Boston Brand está num circo e... vivo. Você não está vivo, está?

O homem leva as mãos aos olhos e chora. Em seguida dá murros na cadeira da frente, num gesto de raiva impotente. Rapidamente ele se vira para a maga e a agarra pelos ombros.

- Booosston me matou! ME MATOU! – grita o homem morto.

Zatanna cai da cadeira em seu camarim. Seu corpo inteiro treme, mas mesmo assim a maga encontra forças para apanhar seu celular e começa a discar um número nervosamente.


Oculto caminha pelo picadeiro central mal iluminado. A multidão já partira, deixando apenas um rasto de copos de plástico e sacos de papel vazios, e agora o silêncio absoluto na tenda não deixava notar que à poucos instantes havia uma tempestade de aplausos e gritos alegres.
De repente, algo atrai sua atenção. Uma imagem notada apenas perifericamente. A imagem de uma mulher, sentada solitariamente na arquibancada. Oculto tenta fixar o olhar, mas a imagem desaparece.
O investigador do sobrenatural fica em dúvida se foi apenas um golpe de vista, uma ilusão e caminha mais alguns passos em direção ao centro do picadeiro. É nesse momento que ele percebe a mesma mulher sentada no lado oposto da arquibancada. Rapidamente ele se vira e olha diretamente para o local, mas a imagem some novamente.
Oculto apanha seu amuleto místico e o ergue acima da cabeça. Uma luz sobrenatural emana do disco redondo, iluminando como um farol toda a tenda. A luz banha cada canto, extinguindo as sombras e revelando uma mulher sentada exatamente onde Oculto tivera impressão de vê-la por último.
Seus cabelos loiros e ondulados chegam até os ombros. Mesmo à distância, Oculto sabe que seus olhos são verdes. Não tanto por observá-los, mas sim por um pressentimento, como se aquela imagem estivesse na arquibancada e ao mesmo tempo em sua mente.
Era a esposa morta de Boston Brand.
Sua expressão era de incômodo pela luz reveladora que a expunha. Ela levou a mão direita acima dos olhos, num gesto terrivelmente humano, tentando proteger-se da claridade.

- Sra. Brand, eu presumo – diz o Dr. Oculto.
- Oh, você pode me ver realmente? – indaga a aparição com voz assustada.
- Sim. Eu posso – diz o doutor, permanecendo em pé no centro do picadeiro circular.
- Como? Como consegue me ver se mais ninguém pode?
- Isso não é importante, senhora Brand. O que importa é o motivo da senhora estar aqui.

Sarah Brand baixa a cabeça, pensativa.

- Sabe que não deveria estar aqui? – pergunta o Dr. Oculto.
- A-acho que sei...
- Posso ajudá-la. Diga-me do que precisa e...

Um golpe certeiro atinge a cabeça d Dr. Oculto, fazendo-o tombar para frente. Imediatamente a luz emitida pelo amuleto cessa de existir. O pequeno medalhão redondo cai no chão e rola para longe.

- Eu sabia! Eu sabia que você ia me trazer problemas! – diz Boston Brand enquanto segura o taco de beisebol com que atingira o investigador – E agora? O que eu faço?

Sarah Brand aproxima-se, agora na forma de um cadáver putrefato, com ossos e músculos expostos. Sua carne é negra, seus olhos são duas bolas vermelhas cintilando na escuridão. Sorrindo horrivelmente ela diz:

- Mate-o, Boston! Mate-o, como me matou!

Continua...




No próximo capítulo:
Conseguirá Zatanna chegar a tempo de impedir a morte de Oculto? Quem é o fantasma que assombra a mágica preferida de Las Vegas? Boston Brand escapará da punição por seus crimes? Saiba as resposta em SENTINELAS DA MAGIA 6, somente aqui, no INFINITY DC! Não perca!
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