O Retrato de Dorian Gray

Vampira escreveu:Esse não é aquele personagem que não pode ver seu proprio rosto pintado?
Acho essa premissa muito legal... vou ver o video e comento

lelecoaa escreveu:Parece legal! Foi essa cara que fez o Caspian, né?

Vampira escreveu:Liga extraordinaria

Fonte HQM:
REVIEW - CINEMA: O RETRATO DE DORIAN GRAY
Por : Leonardo Vicente Di Sessa

O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray) adapta mais uma vez para os cinemas o clássico livro de mesmo nome, escrito por Oscar Wilde em 1890. A história é velha conhecida da cultura pop mundial, mas, como não poderia deixar de ser, sofre algumas modificações ao ser adaptada. Mesmo assim, ao menos em sua primeira metade, o filme é relativamente fiel à obra original, apresentando mudanças maiores apenas em sua segunda metade.

Ben Barnes (dos dois últimos As Crônicas de Nárnia) vive Dorian Gray, garoto ingênuo que vai morar em Londres depois de receber uma grande herança. Lá, ele logo começa amizades com o pintor Basil Hallward (Ben Chaplin) e Lorde Henry Wotton (Colin Firth).

Enquanto Wotton começa a apresentar a Dorian um mundo de luxúria e prazeres, Basil parece encantado por Dorian, pintando um retrato seu que conquista a todos. Num momento de auto-admiração, Dorian declara que daria sua alma para que continuasse eternamente tão lindo como no retrato.

Paralelamente, se apaixona por Sibyl Vane (Rachel Hurd-Wood), uma atriz de um teatro barato. Porém, o namoro, o qual Dorian planeja transformar em casamento, não é bem visto pelo restante da sociedade, e Wotton aponta o lado negativo de se casar e ter crianças. Seduzido por uma vida de prazeres, Dorian deixa Sibyl para trás, o que a leva a cometer suicídio.

A partir daí, Dorian vira praticamente um aprendiz de Wotton, que lhe convence de que todas as ações na vida são sem consequências. Sem se preocupar com os sentimentos de ninguém, Dorian explora drogas, sexo, festas, e descobre que seu desejo de não envelhecer foi atendido: o retrato envelhece em seu lugar, se tornando mais monstruoso a cada ato inescrupuloso de Dorian.

A produção transmite bem o clima da Londres da época, com figurino e fotografia competentes. Barnes não se destaca, mas também não faz feio. O grande problema do filme está no roteiro, principalmente na evolução de Dorian. Inicialmente muito ingênuo, sua transformação em alguém egoísta é repentina demais, soando forçada. A coisa piora no final, quando muitos anos depois, novamente apaixonado, agora pela filha de Wotton, Emily (Rebecca Hall), se arrepende dos erros do passado, numa mudança ainda mais súbita do que sua queda inicial.

Chaplin não se sai muito bem em seu papel. Ao contrário do livro, onde o personagem tem suas inclinações homossexuais apenas sugeridas, no filme Basil tem seus sentimentos por Dorian escancarados, se tornando peça trágica da trama.

Colin Firth, ainda muito longe de sequer pensar em ganhar o Oscar de melhor ator por O Discurso do Rei, tem o melhor desempenho do longa. Seu personagem é indiscutivelmente o mais carismático, e sua mudança de farrista inconsequente para um pai preocupado é bem trabalhada, anos de sua vida são pulados, então, mesmo sem vermos o nascimento de sua filha, temos a sensação de mudança pelo tempo, além de uma boa justificativa para seu amadurecimento.

O Retrato de Dorian Gray, ainda que um tanto decepcionante, tem suas qualidades, mas com um elenco no geral bem fraco e uma trama pouco elaborada, justifica sua demora em chegar ao Brasil, afinal foi lançado originalmente em setembro de 2009, há um ano e meio!

Elenco: Ben Barnes, Colin Firth, Rachel Hurd-Wood, Rebecca Hall. Roteiro: Toby Finlay, baseado no romance de Oscar Wilde. Direção: Oliver Park.